Veja cobertura completa do evento de 70 anos da ESPM

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Texto e imagens: Giullia Capaldi e Lívia Matos (1º semestre), Eduardo Fabrício, Fernanda Pimentel Delgado, Guilherme Zaguini, Isabelle Vita Gregorini, João Pedro Restani, Larissa Crippa, Raeesah Salomão, Theo Fava e Viviane Tolosa (2º semestre); Analu Rigatto (4º semestre)

 

Aconteceu entre os dias 20 e 22 de outubro o ESPM Ahead, evento em comemoração aos 70 anos de fundação da faculdade, que contou com mais de 70 mesas e oficinas, com os mais variados temas sobre Comunicação, Administração, Relações Internacionais, Cinema e outros.

Na quarta-feira (20) ocorreu a cerimônia de abertura, com as comemorações sendo introduzidas por Giovani Marangoni, professor da ESPM, e logo após a apresentação de um clipe comemorativo da música ESPM 70 anos, criação e produção de alunos das unidades de São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro.

Depois do vídeo, Dalton Pastore, presidente da ESPM, foi o primeiro a falar. Ele destacou a tradição e inovação, que segundo ele, são qualidades da faculdade. “É interessante essa união, de uma tradição fortíssima, com uma inovação sempre gritante e presente”, comentou.

O presidente também pontuou a excelência e a perenidade como principais motivações da ESPM, além de chamar a atenção para a importância da instituição na vida dos seus alunos, dizendo que terão, para sempre, ESPM como sobrenome.

“Queria agradecer a todo esse corpo docente, discente (alunos) e funcionários, por me deixar fazer parte dele, tenho muito orgulho de conviver com vocês, aprendo muito o tempo todo… Vocês são o máximo”, finalizou.

Em seguida, foi a vez de Alexandre Gracioso, vice-presidente acadêmico da ESPM, dizer algumas palavras. Gracioso falou sobre a evolução da ESPM nos últimos 20 anos. “Era outra escola, já de excelência, mas de certa forma, mais simples”. Exemplificou isso ao lembrar que eram oferecidos apenas dois cursos na época, Administração e Publicidade e Propaganda.

Ele afirmou que a ESPM honra o compromisso proposto, ainda pelos fundadores, de transformar os negócios, a sociedade e criar no Brasil um centro de excelência nas áreas em que atua, não só nos cursos oferecidos a princípio, mas também nos incorporados ao longo dos anos.

Gracioso disse que a dedicação, persistência, carinho e foco de quem compôs e compõe a escola fez com que evoluísse, apresentando novos cursos, reconhecimento em pesquisas, geração de conhecimento autoral e um EAD fantástico, como classifica. “A nossa missão maior é oferecer a cada estudante nosso, em qualquer nível de ensino, a melhor oportunidade para realizar seus sonhos”, ressaltou.

Por fim, assim como Pastore, o vice-presidente agradeceu a todos os colaboradores da ESPM, com destaque para o Conselho Curador e seu presidente, Armando Ferrentini. “As pessoas que compõe essa escola são o que transformam a ESPM em algo inigualável. Agradeço a oportunidade de fazer parte desse time”.

O evento seguiu com Heidy Vargas, professora da ESPM, entrevistando a diretora de Sucesso Docente e Discente da faculdade, Cristina Helena Pinto de Mello. Elas conversaram sobre a importância e impacto desse, recém-inaugurado, departamento da ESPM, uma novidade para o cenário de instituições de ensino.

A área discente visa acompanhar de perto oportunidades, desempenho e dificuldades dos alunos. Já para os docentes, serão mapeadas oportunidades dentro e fora da ESPM, como intercâmbios e cursos de capacitação.

Além disso, elas conversaram sobre as projeções da faculdade para os próximos anos e abordaram novos recursos instituídos na ESPM, como o LifeLab. Esse compêndio de disciplinas é voltado para a autoaprendizagem, fluência digital e autoconhecimento, buscando desenvolver habilidades requeridas no mercado de trabalho atual, como as competências interpessoais.

Heidy Vargas finalizou a entrevista e o evento agradecendo a audiência e participantes da abertura do ESPM Ahead, além da equipe que produziu a entrevista, realizada presencialmente e transmitida ao vivo, respeitando protocolos de segurança, como distanciamento e uso de máscara.

Mesa sobre Jornalismo Tik Tok, Memes e Gifs traz reflexões sobre novas áreas de atuação

Na quinta-feira (21), o segundo dia do ESPM Ahead contou, entre outras, com a mesa Jornalismo Tik Tok, Memes e Gifs contra a desinformação, mediada pela professora Cláudia Bredarioli, que teve como palestrante o professor André Deak.

A discussão abordou diversos assuntos, como o questionamento aos memes como forma de se fazer jornalismo ou não, já que charges políticas se aproximam muito de memes e fazem parte dos jornais há décadas, geralmente sem muitos questionamentos se deveriam ou não ocupar esse papel jornalístico.

O Tik Tok também foi pauta importante da mesa, quando foram mostrados grandes veículos de informação que utilizam a plataforma para produzir conteúdo, como o Washington Post, o Jornal da Record, entre outros. Essa migração aconteceu, segundo a professora Cláudia, pois “temos que entender que a lógica do entretenimento tomou conta do jornalismo”. Mas, apesar desse movimento estar crescendo, ele ainda está no início. “O jornalismo ainda está descobrindo essa plataforma”, afirmou Bredarioli.

Foi mostrado também o exemplo da Agência Lupa, especialista na checagem de fatos, que recentemente passou a desmentir fake news em seu Tik Tok, conseguindo explicar de forma mais didática os porquês de uma notícia ser ou não verdadeira.

Para ressaltar a importância de saber utilizar essas ferramentas mais modernas, André Deak ressaltou: “Não me parece que as redações mais tradicionais são o lugar onde as verdadeiras inovações acontecem”, lembrando uma crítica feita por ele no início da palestra às redações desses grandes veículos, considerando ainda o importante papel dos veículos mais tradicionais nessa falta de inovação, ao falar que “o jornalismo faz parte da sociedade, e grande parte da nossa sociedade é machista e racista”.

O jornalismo de dados na cobertura da pandemia

Também na quinta-feira, no período da manhã, o bate-papo foi sobre Jornalismo de dados na cobertura da pandemia. Participaram o jornalista, professor e mestre em Produção Jornalística e Mercado pela ESPM-SP, Ricardo Fotios, e Judite Cypreste, repórter de dados no Metrópoles, diretora executiva e CEO fundadora do Colaboradores, além de apresentadora no podcast Coluna7

Um dos principais assuntos abordados foi a falta de transparência de dados fornecidos pelos órgãos públicos. “Se não sabemos se está aumentando ou diminuindo [o número], a gente não tem ideia do cenário”, afirmou Judite. A jornalista relatou sobre quando escreveu uma matéria relacionada a casos de Covid-19 em profissionais da saúde de São Paulo e faltaram dados: “O governo falou que não tinha e ele tinha [os dados]”.

Judite citou ainda algumas fontes para busca de dados e, entre elas, a plataforma Colaboradados, que ela criou e oferece “acesso a diversos portais de transparência das entidades governamentais para ir atrás dos dados públicos”. 

No período da pandemia, os dados foram essenciais para compreender a média móvel de mortes, o número de novos casos, o número de pessoas vacinadas. Nas palavras da repórter, os jornalistas tiveram que mudar sua forma de pensar sobre análise de dados nos dois últimos anos: “Basicamente ficamos num processo em que dependíamos dessas informações para entender o que estava acontecendo”.

Judite lembrou a Lei de Acesso à Informação, sancionada em 18 de novembro de 2011. Na visão da jornalista, o Brasil foi um pouco tardio em relação a essa lei de acesso a dados governamentais, resultando em uma falta de cultura [nas entidades governamentais] do país. 

Judite finalizou dizendo que a atividade no jornalismo de dados acontece em um ambiente machista: “As pessoas duvidavam que eu programava, chegava a ser engraçado quando eu mostrava que sabia fazer o meu trabalho”.

A  importância da cidadania no jornalismo

No período noturno, ainda na quinta-feira, a mesa Jornalismo e Cidadania foi mediada pela professora do curso de Jornalismo, Cicélia Pincer, e contou com a presença das jornalistas e ex-alunas da ESPM-SP, Bárbara Fava e Martina Gutierrez.

Durante a palestra, Bárbara e Martina contaram sobre o seu trabalho de conclusão de curso, um livro-reportagem com o título Para João, José e Antônio: masculinidades em reconstrução, que traz uma narrativa humanizada sobre a vivência de homens que participam ou participaram de grupos reflexivos para autores de violência doméstica.

Bárbara Fava

A ideia do tema do trabalho se deu a partir de uma palestra assistida pelo então namorado de Bárbara sobre esses grupos reflexivos. Quando ele contou para a namorada sobre a palestra, despertou grande curiosidade sobre o tema, fazendo com que logo a fizesse comentar com sua colega, Martina. 

A princípio, as duas jornalistas achavam que os grupos eram um espaço em que homens que reconhecessem suas masculinidades tóxicas escolhessem participar em busca de melhoras. Entretanto, ao estudar mais sobre tais grupos e frequentar os ambientes, viram que a realidade era totalmente diferente, já que são lugares em que homens autores de violência doméstica são obrigados a frequentar em busca de estimular mudanças e gerar conhecimento. 

Martina Gutierrez

 

As palestrantes comentaram, inclusive, como esse trabalho foi fundamental para a formação de ambas como jornalistas. O fato de praticar o jornalismo cidadão fez com que, segundo elas, se sentissem de fato colaborando para que ocorressem mudanças no mundo por meio da comunicação. 

Martina e Bárbara também citaram a importância de se desprender dos pré-julgamentos e opiniões pré-estabelecidas enquanto realizavam as visitações aos grupos e as entrevistas com os agressores, visto que os ambientes visitados não eram lugares de julgamentos, e sim de aprendizado. As autoras reiteram dizendo que, ao longo do processo, as visões das mesmas sobre o assunto ficaram muito mais amplas, e seus pensamentos sofreram grande mudança durante o trabalho.

Por fim, a mediadora da palestra, Cicélia Pincer, agradeceu a participação das jornalistas convidadas e a presença do público. As jornalistas Bárbara e Martina também agradeceram e comentaram que o livro ainda não foi publicado, mas que estão em contato com algumas editoras para que a publicação ocorra o mais cedo possível.

Mesa discute o impacto das redes sociais na imagem profissional

Também na quinta-feira, o ESPM Ahead recebeu uma mesa que tinha como objetivo discutir as redes sociais e seu impacto na imagem profissional do indivíduo, tendo como convidada Lilian Cidreira.

Atualmente CEO na NetCommerce, Lilian desenvolve soluções corporativas de Data Science, Machine Learning e Estratégias de Marketing para o setor de e-commerce, varejo e bens de consumo, criando valor com grande impacto sobre a retenção dos clientes, o aumento da rentabilidade e do faturamento das empresas. Ao longo do debate, ela refletiu sobre a importância de, por meio das redes sociais, criar uma imagem pessoal e profissional a fim de estabelecer contatos e ser encontrada pelas pessoas, e principalmente, pelas empresas.

Segundo a convidada, no mercado de trabalho existem dois jogos sendo jogados. O primeiro se trata das vagas que estão disponíveis e que são divulgadas para que o profissional possa se candidatar. Neste jogo, muitas propostas nem são realmente recebidas, somente aquelas mais alinhadas com a empresa e o que ela procura, sendo selecionadas por um sistema de algoritmos. O segundo jogo, que fundamenta a mesa de discussão, se trata do hunting. Nele, o RH das empresas procura por profissionais com o perfil requisitado pelas redes sociais.

O LinkedIn, o Instagram, o Twitter e mesmo o TikTok se tornaram meios de contato importantíssimos pelos quais você constantemente cria uma imagem pessoal e profissional, e uma maneira como a qual você se expressa para obter as melhores oportunidades. Por isso, Lilian Cidreira sugere a reflexão: “Como você se vê?”; “como você quer ser reconhecido?”; e “por quem você quer ser achado?”. Nas redes sociais, sua imagem deve ser atraente para o mercado, já que você passa a ser uma marca também, que representa valores, ações e crenças.

Homo Tecnologicus: Integrando a tecnologia e ser humano no trabalho

O professor Franz Figueroa, que também atua como head of UX Instructor na Apple Developer Academy em Porto Alegre (RS), falou sobre a integração da tecnologia e do ser humano no mercado de trabalho. Para integrar os ouvintes ao tema abordado, o professor apresentou o conceito “homo tecnologicus”, usando a evolução como referência. Atualmente, o homem está muito envolvido na tecnologia, pois tudo funciona e depende dela. “Se as mudanças estão acontecendo no exterior mais rapidamente do que no interior, o fim é iminente”. Com essa frase, Figueroa quis dizer que é preciso estar atento às mudanças do mundo, tal como ocorreu com as quatro grandes eras mundiais: a Era Agrícola, Era Industrial, Era da Informação e a Era da Inovação.

Com a passagem do tempo, as necessidades e objetos de desejo do ser humano mudaram. Na Era da Informação, era almejado conhecimento, informação, processamento de informações, dentre outras; já na Era da Inovação (atual), essas necessidades foram supridas, dando espaço à busca por experiências, propósitos e globalização, por exemplo. Cada uma possuía competências necessárias e adequadas ao tempo em que passaram.

O mundo e o mercado mudaram graças à tecnologia. Hoje em dia, as pessoas querem coisas diferentes e o mercado de trabalho exige novas competências, o que alterou o conceito de produtividade. Nas outras Eras, produtividade era sinônimo de longas jornadas de trabalho ininterruptas; na Era da Inovação, sabe-se que o ser humano não é uma máquina e a qualidade do trabalho é muito mais valorizada do que a quantidade e rapidez.

Além disso, a rotina mudou. Com o surgimento das cartas, e-mail e whatsapp, tudo ficou acessível a qualquer momento. Logo, avalia-se quando é o momento de abrir essas plataformas, criando uma autonomia quanto ao trabalho realizado e controlando o uso dessa tecnologia. O trabalho lógico e inteligente tornou-se fundamental, e hábitos de outras Eras prejudicam o novo conceito de produtividade, visto que não se encaixam mais.

ESPM Ahead debate a cobertura jornalística nas eleições de 2022

A mesa contou com dois convidados: Bruno Boghossian, jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Ciência Política pela Universidade Columbia, nos Estados Unidos, e colunista de política do jornal Folha de S.Paulo, e Bruna Lima, recém-formada em Jornalismo pela ESPM-Rio, que trabalhou na Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

A apresentação, mediada pela aluna e repórter da ESPM-Rio, Bruna Bittar, contou com uma série de questionamentos sobre a forma em que o jornalismo será realizado durante as eleições. Segundo Bruna Lima, o trabalho jornalístico será essencial, uma vez que o cenário, assim como em 2018, é de muito ódio e polarização. Assim, ela sente que seu papel para a democracia tem sido muito importante, principalmente diante dessa onda de ódio voltada para a mídia, porque, para ela, o “nosso trabalho não é agradar políticos”.

Em outro momento da palestra, Bruno Boghossian respondeu sobre o impacto da pesquisa de intenção de votos para um jornalista. “A pesquisa acaba sendo um radar da força que cada candidato apresenta para o jornal. Sabe-se o tamanho das bancadas, a base das pesquisas de intenção de voto, consegue ver vantagens e desvantagens do candidato, como está a situação do país, a diferença entre as rendas e consegue entender o porquê das propostas de cada campanha. Como aconteceu com o Bolsonaro, que estava em um partido pequeno (PSL), e ganhou visibilidade na televisão”. Além disso, o colunista argumentou que as pesquisas funcionam apenas como um norte, tendo em vista que a opinião das pessoas muda conforme o tempo e muitas decidem apenas na semana – ou até mesmo no momento – da votação.

Bruna, que irá cobrir uma eleição pela primeira vez, disse que terá que ter muita cautela para enfrentar esse ambiente hostil, enquanto Boghossian, com mais experiência, afirmou que não importa quantas eleições um jornalista tenha coberto, todas são desafiadoras. Segundo ele, “nessa campanha [o maior desafio] será o volume de informação e desinformação circulando”. Por isso, Bruno completou que “é importante estarmos em todo lugar, não só na Folha de S.Paulo ou na Globo. O jornalismo sério precisa estar em todos os lugares. É uma forma de competir com blogs de fake news e com o sensacionalismo”.

Por fim, Bruna Lima foi questionada se as mulheres correm mais riscos nessa cobertura: “Em tudo. Mulheres têm que ser mais cautelosas na forma em que se vestem porque pode ser interpretado como se quisessem dar em cima para querer informação. Podem ser questionadas não só pelo talento, mas por serem mulheres. E isso altera a forma de fazer jornalismo”.

A palestra, que ainda contou com vídeos sobre os pré-candidatos à presidência e sobre as deep fakes, realizados pelo Portal de Jornalismo, foi encerrada com algumas dúvidas dos telespectadores após 1h30min de duração.

A modernização do jornalista esportivo

Na sexta-feira, 22, o evento contou com uma discussão sobre Jornalismo Esportivo – Informação e entretenimento: modelos e reflexões. O tema principal da discussão foi a distribuição de informações em forma de entretenimento e contou com convidados jornalistas como Filipe Pereira Gamba, apresentador da Rádio Gaúcha, e Chico Garcia, apresentador na TV Bandeirantes.

No início da conversa, Filipe Gamba ressaltou que no jornalismo há espaço para todos os tipos de jornalistas e todos os tipos de consumidores: “O consumidor pode querer um conteúdo mais leve, em forma de entretenimento, isso em função da carga diária do ser humano e suas questões pessoais. Há uma parcela do público que olha para o jornalismo esportivo como uma área de lazer, sem compromisso de uma obrigação de encontrar uma análise profunda, mas ainda há aqueles que buscam a complexidade e os debates racionais sobre determinados assuntos, o consumidor moderno escolhe o que quer assistir, desde que haja produtores de conteúdos diversificados sobre o mesmo assunto”.

Durante o bate-papo, muito se falou dos novos meios de fazer comunicação e sobre como exercer a função jornalística nos tempos atuais, em que as mídias sociais são muito presentes e permitem o contato com milhões de pessoas a todo momento. O debate apontou também para a forma com que o jornalista, independentemente da emissora, pode ter meios lucrativos.

“Um aspecto super importante é o financeiro. Hoje, o que temos como realidade no nosso mercado de trabalho é a fragilização das relações trabalhistas, ou seja, o jornalista cada vez mais é desvalorizado, e o que ele passa a pensar é a busca por uma alternativa de valorização salarial, e o que o mercado oferece pra ele é se estabelecer nas mídias sociais, como YouTube, por exemplo, que tem potencial para o dar uma compensação financeira”, afirma Gamba.

Na mesma linha do debate, Chico Garcia comentou que, antes, ser um jornalista esportivo em Porto Alegre era algo muito limitado, pois a quantidade de veículos com potencial audiência era muito pequeno, e nos tempos modernos, isso é completamente diferente.

“Esse movimento começou há um tempo. Lembro de dizer para os estudantes criarem um blog, gravarem um vídeo, algo autoral, pois é uma forma de praticar e desenvolver o trabalho. Hoje em dia, as pessoas já têm a condição de fazer de uma forma estritamente profissional e rentável, mas também não se pode imaginar que todo mundo crie um canal no YouTube, um podcast ou um site que vai sair ganhando dinheiro. Porém, é uma alternativa, desde que seja bem feito e que o sujeito encontre uma forma de reter público e se comunicar diretamente com ele. Fazendo isso, ele terá métricas extremamente direcionadas, diferente do que acontece na televisão. E quando apresentada aos anunciantes, pode ser muito mais rentável do que trabalhar para uma emissora, pois você é o dono do seu canal, ou seja, da sua ‘emissora online’, então, quem negocia o valor de anunciar é o próprio criador”, finaliza Chico.

Jornalismo Multiplataforma também foi tema de evento dos 70 anos da ESPM 

Muitas profissões estão passando por grandes mudanças tecnológicas, e o âmbito da comunicação social não fica fora da lista. A maneira que o público gosta de ser informado já não é mais a mesma e, apesar do tradicional ainda fazer sucesso, as inovações ocupam mais e mais espaços na sociedade atual.

Assim, surge o conceito de jornalismo multiplataforma, que aponta a necessidade de conteúdos noticiosos em espaços diversos, como as redes sociais, e mantendo espaço nas mídias consideradas tradicionais, como rádio, jornal e televisão.

Durante o ESPM AHEAD, a mesa sobre jornalismo multiplataforma discorreu sobre as mudanças apresentadas acima. Os palestrantes, ex-alunos e profissionais de comunicação, se dividiram para apresentar seus pontos e experiências sobre o tema. Cassius Zeilman, que trabalha com TV há 20 anos, introduziu o assunto falando sobre a dinâmica das redações, lembrando que a profissão de jornalista sempre priorizou a rapidez de produção, para obter as breaking news, além do costume de usar diversos recursos por informação. “Nosso mundo é muito versátil e muito dinâmico, tudo muda de última hora e isso que eu acho tão interessante no jornalismo, a gente brinca que aqui ninguém morre de tédio, tem sempre algo acontecendo”, declarou.

Aproveitando o gancho sobre a falta do tédio, Pedro Leal, músico e jornalista, conta que ficou por 10 anos na Globonews sem nunca abandonar sua paixão. Para explicar como concilia esses eixos até hoje, Pedro afirma que o jornalismo sempre foi uma profissão multifuncional, dando a ele diversos ganchos para relacionar com outras áreas. “Por muito tempo acreditava-se em uma música pura, que era apenas aquilo dos sinais musicais. De uns tempos pra cá temos uma música que “conta”, a música pode expressar o trágico, o cômico, o sublime, mas a maneira que ela conta se assemelha muito mais a um sonho do que um conto escrito”, explica. Pedro ainda menciona que o jornalismo linear está sumindo, as pessoas não estão interessadas em apenas causas e efeitos, outros elementos adicionados a narrativa podem fazer diferença, prendendo a atenção do consumidor.

Ana Paula Blower Passos, ex-aluna ESPM e jornalista, também fala sobre a necessidade de ampliação no meio, usando como exemplo os jornais contados como histórias, como a famosa obra de Branca Viana. Ana conta que a sensação que tem ao ouvir as notícias contadas por Branca, sente como se estivesse sendo informada por uma pessoa próxima, uma amiga. A linguagem informal e as observações pertinentes constroem uma atmosfera mais didática e acessível, que não pode surgir no jornalismo tradicional. “É uma nova linguagem que às vezes ensina muito mais que aquela matéria super quadrada, que também é importante, mas precisamos pensar cada vez mais nessas novidades”, conclui.

Após reconhecer a importância de se adaptar à modernidade, os entrevistados expressam suas dificuldades em abandonar linguagens do tipo acadêmica, mas se empolgam com a versatilidade disponibilizada pelas redes, como TikTok e Instagram. Para finalizar, Cassius deu um conselho para os futuros jornalistas que podem ter medo de sair dos padrões antigos, garantindo que a mudança deve começar de algum lugar. “Fazer coisas diferentes e não ter medo de arriscar. O julgamento vai ter, mas talvez a gente consiga normalizar ideias novas e essas ideias vão entrando no nosso cotidiano e deixem de ser novidade, acabam incorporando na nossa rotina”, afirma.

ESPM Ahead termina com agradável bate-papo entre representantes e integrantes de entidades da Escola

Ana Erthal, professora da ESPM-Rio e mediadora da reunião, abriu a cerimônia encerramento do evento afirmando que era uma honra fechar o ESPM Ahead e que a noite (de sexta-feira, 22) seria divertida. Logo em seguida, convocou os oito convidados do bate-papo, incluindo o coordenador da ESPM Social, professor Fred Lúcio, e o membro da equipe fundadora do Cursinho CA4D (Centro Acadêmico 4 de Dezembro), Pedro Romani.

Todos os participantes se apresentaram e relataram seus vínculos com a entidade representada. Marcelo Brescancini, que chegou a ser diretor da ESPM Jr. na década de 1990, destacou o contraste de sua época em relação à geração atual. “Como a gente fazia sem internet e sem celular? Não tinha nada disso, era totalmente diferente”. Dentre os mais jovens, Luís Nogueira, do grupo de fundadores da entidade Global Jr., admirou a experiência dos demais: “É um prazer estar nessa mesa redonda com um monte de gente grande, de respeito”, disse.

Durante o bate-papo, houve um grande encontro de ideias e histórias que valorizavam a importância e o sentimento de comunidade que é proporcionado pelas entidades da ESPM. “Os meus anos na ESPM foram os melhores anos da minha vida”, relatou Wency Loinaz, ex-integrante do Centro Acadêmico. Pedro Romani valorizou o impacto que o cursinho teve, tendo inclusive auxiliado alguns alunos que estavam vendo a palestra, a entrar na faculdade: “Uma história linda”. O ex-aluno Pedrinho Souza, que já passou pelo CA4D e pela Atlética ESPM, agregou ao comentário de Romani: “É algo que a gente constrói juntos”.

Ao final, Erthal pediu que todos os participantes enviassem uma mensagem de apoio e de sabedoria para os alunos da ESPM que estavam assistindo à cerimônia. “Não tenha medo de arriscar suas ideias”, afirmou João Macedo. Ele foi integrante da TV Pixel e atualmente trabalha como produtor pela Bionica Filmes, tendo participado da produção de diversos filmes nos últimos anos. Pedro Romani também teve fortes mensagens de apoio: “Seja protagonista da sua história na ESPM e faça!”

Após as diversas mensagens carinhosas, os convidados se despediram, e o ESPM Ahead oficialmente se encerrou. “Podia ter um todo ano, né?”, brincou Ana sobre o final do grande evento. Ao longo dos dois dias, houve dezenas de mesas e atividades, abrangendo uma grande variedade de tópicos relacionados ao universo da comunicação.

PARABÉNS, ESPM! ATÉ O PRÓXIMO ANIVERSÁRIO!

 

Veja a galeria de imagens organizada pelos alunos de fotojornalismo da ESPM-SP