Desfile de tensão: taxis bloqueiam trânsito de carros da Uber no SPFW

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Ontem, mais um caso de  violência entre motoristas de táxi e do Uber resultou em agressão de oito frotistas contra um homem no DF, que levou oito pontos na cabeça. Entretanto, na quarta-feira, 21, a entrada da SPFW foi palco de mais um conflito entre taxistas e motoristas da empresa Uber.

No 18 a 23 de outubro aconteceu a 40ª edição do São Paulo Fashion Week, a quinta maior semana de moda do mundo. Na porta do evento, na Fundação Bienal de São Paulo, dentro do Parque Ibirapuera, jornalistas e admiradores ficam atentos à chegada de blogueiras, celebridades e estilistas.

Próximo ao bolsão de embarque e desembarque do SPFW, um grupo de taxistas se mobilizou para fiscalizar veículos suspeitos do concorrente. Alguns deles vestiam camisetas com o escrito “taxistas unidos do Pacaembu”, no começo do conflito, um contava para outro aglomerado que a operação não tinha vínculo com o Sindicato dos Taxistas, a reunião se deu por whatsapp. Posteriormente eles se dividiram e uma parte se dirigiu para a fila de entrada de carros do parque, no portão 3.

Éder Baldibia, taxista há quatro anos conta que eles chamaram, junto com o vereador Adilson Amadeu, acionaram as autoridades, “a gente quer impedir eles de trabalhar em São Paulo”, diz. No local estavam presentes forças da a Guarda Civil Metropolitana (GCM), da Polícia Militar e da Companhia de Engenharia de Táxi (CET). Segundo matéria do portal G1, dois carros da Uber foram apreendidos no dia, na região do Ibirapuera, sendo um deles já tinha um registro de apreensão. “Em vários eventos que a Uber tiver a gente vai ir” (sic), avisa Baldibia. Até as 19h seis motoristas da empresa foram detidos pelo grupo, entretanto um dos que foram abordados se recusou a parar. “Um policial pediu pá um motorista desse transporte ilegal parar, ele não parou, ele jogou o carro em cima do policial (da GCM) e fugiu” (sic), relata Baldibia. A cada parceiro da Uber identificado, os taxistas soltavam gritos e batiam palmas de comemoração.

A confusão fez com que carros particulares fossem abordados, dentre os quais o que transportava a mãe da estilista Helô Rocha, Aldanisa Sá, juntamente com o diretor do desfile, Ruy Furtado, em frente ao Pavilhão da Bienal, eles foram obrigados a se deslocar a pé até o evento, segundo o site da UOL. Costanza Pascolato, consultora de moda, também foi abordada em sua chegada ao evento, “não teve tumulto, mas fiquei meio chateada porque trabalho bastante e é o meu carro e o meu motorista”, lamentou em entrevista para o site. O motorista trabalha para a consultora há 18 anos.

Carro particular de Costanza Pascolato foi detido por taxistas e policiais. Foto: Helena Bonamico

Fernando Haddad anunciou, no dia 8 de outubro, a liberação de cinco mil alvarás na cidade de São Paulo para uma nova categoria de transporte individual, o “táxi preto”. O G1 publicou uma nota de resposta da Uber, em que a empresa alega que o serviço que presta é de transporte individual privado e está previsto na Política Nacional de Mobilidade Urbana.

 

Nota completa:

“Os motoristas parceiros da Uber oferecem um serviço de transporte individual privado, que é completamente legal de acordo com a Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei Federal 12.587). Vale destacar que a justiça brasileira já confirmou diversas vezes que a Uber é legal no Brasil, assim como a comunidade jurídica.

A Uber não concorda com apreensões porque o serviço prestado pelo motorista parceiro da Uber não só encontra respaldo na legislação Federal mas ainda na própria Constituição Federal. Reforçamos que nossos parceiros têm que ter seus direitos constitucionais de trabalhar (exercício da livre iniciativa e liberdade do exercício profissional) preservados.”

Nova categoria

No dia 8 de outubro, o prefeito Fernando Haddad anunciou uma nova categoria de táxi em São Paulo, o “taxi preto”. O novo modelo funcionará exclusivamente por aplicativos e os carros serão, obrigatoriamente pretos. Durante o anuncio, Haddad disse que cinco mil alvarás vão ser sorteados.

Em enquete feita na Vila Mariana, 80% das pessoas disseram que não trocariam o Uber pela “táxi preto”. Em alguns casos, as pessoas apenas trocariam o serviço do Uber pelo medo de serem atacados durante a viagem, como os casos citados na matéria a seguir.

Com esse novo serviço, a cidade de São Paulo contará com cinco tipos diferentes de taxi (comum, comum radio, especial, luxo e agora o “taxi preto”). Empresários do Uber, em nota, comentaram que o serviço continua em funcionamento. “Não somos uma empresa de táxi e, portanto, não se encaixa em qualquer categoria deste tipo de serviço”.

Confira a tabela comparativa abaixo entre “Táxi Preto”, Uber e Táxi Comum:

 

Taxi Comum

Uber Black

Taxi Preto

Tarifa

Bandeirada – R$ 4,50

Bandeirada – R$ 5,00

25% maior que a tarifa do Taxi Comum

KM – R$ 2,75

KM – R$ 2,42

————-

Minuto – R$ 0,40

Formas de Pagamento

Dinheiro, cheque, cartões de credito e debito

Pagamento pelo aplicativo por meio de cartão de crédito

Pagamento apenas pelo aplicativo por meio de cartão de crédito

Atendimento

Pode pegar pessoas na rua, e se quiser, utilizar aplicativos

Apenas através do aplicativo

Apenas através do aplicativo

Tipo de Veículo

Não há padrão de conforto

Carros sedan pretos, bancos em couro, ar-condicionado, fabricado a partir de 2010

Quatro portas, ar-condicionado e até cinco anos de uso

Circulação

Podem utilizar corredores de ônibus fora do horário de pico e as faixas exclusivas de ônibus sem restrição de horário. Não precisam respeitar o rodízio municipal. Placas são vermelhas.

Não pode usar corredores e precisa respeitar o rodízio municipal. Placa cinza.

Ainda não foi informado

Ganhos

O taxista autônomo fica com valor integral da corrida

80% do valor da corrida fica para o motorista e os outros 20%, para a empresa detentora do aplicativo

Ainda não foi informado

Documentação

Taxista precisa ter a licença da Prefeitura, cadastro Condutax

Motorista não tem licença para atuar

Motorista tem que ser sorteado para receber o alvará e precisa já ter o Condutax

Impostos

Isenção de IOF e IPI, podem pedir isenção de ICMS. Não pagam IPVA

Não tem isenção

Pagamento apenas do ISS

FONTE: G1

Helena Bonamico e Rafael Simões (2o e 3o semestres)