Fotógrafo morreu nesta segunda-feira (4), aos 88 anos. Foto: Reprodução de tela (TV Bandeirantes)
Cecília Carrilho e Henrique Campos Guerra (4º semestre)
Quem foi Evandro Teixeira?
Evandro Teixeira nasceu em 1935, em Irajuba, no interior da Bahia. Seu interesse pela fotografia surgiu cedo, quando se encantou pelas imagens publicadas na revista O Cruzeiro. Aos 15 anos, adquiriu sua primeira câmera e, guiado por Teotônio Rocha, primo do cineasta Glauber Rocha, começou a aprender técnicas fotográficas. Iniciou sua carreira no jornal Rio Novo, em Jequié, e em 1954, ao se mudar para Salvador, fez um curso de fotografia por correspondência com José Medeiros.
Em 1957, Evandro se mudou para o Rio de Janeiro e iniciou sua trajetória como estagiário no Diário da Noite, parte dos Diários Associados de Assis Chateaubriand. Três anos depois, foi convidado a integrar o Jornal do Brasil, mas optou por permanecer no Diário da Noite até se sentir preparado para o desafio. Em 1963, aceitou o convite e ingressou no Jornal do Brasil, onde consolidou sua carreira e permaneceu até 2010.
Ao longo de sua trajetória, Evandro capturou alguns dos momentos mais importantes da história brasileira e mundial, como o golpe militar de 1964, a Passeata dos 100 Mil em 1968 e o golpe no Chile, em 1973. Além disso, registrou personalidades como Ayrton Senna, Pelé, Leila Diniz e a Rainha Elizabeth II, capturando eventos históricos, culturais e cotidianos.
Obras e Conquistas
Evandro Teixeira eternizou momentos decisivos da história e da vida cotidiana brasileira, sendo uma referência no fotojornalismo. Suas imagens estão reunidas em publicações como Fotojornalismo (1983) e Canudos, 100 Anos (1997), que se tornaram documentos visuais essenciais da história recente do Brasil.
Durante a ditadura militar, Evandro Teixeira registrou fotos de grande importância histórica, como a “Caça ao Estudante na ‘Sexta-Feira Sangrenta’’’. Entre esses registros, encontra-se uma de suas fotografias mais icônicas, a de um soldado solitário no Forte de Copacabana durante o golpe de 1964, foto essa que se tornou símbolo da tensão vivida naquele momento. Já em 1968, Evandro registrou a Passeata dos 100 Mil no Rio de Janeiro, capturando o fervor e a coragem dos manifestantes que desafiaram a ditadura militar.
No cenário internacional, sua cobertura do golpe militar no Chile em 1973 trouxe imagens impactantes da repressão nas ruas de Santiago, capturando o clima de medo e opressão sob o regime de Pinochet.
Além dos registros de cunho político, Evandro também registrou eventos culturais e esportivos icônicos, como o Círio de Nazaré, o Rock in Rio e competições como Olimpíadas e copas do mundo, sempre buscando retratar a autenticidade do povo brasileiro.
O vasto acervo de Evandro, com mais de 150 mil imagens, foi confiado ao Instituto Moreira Salles (IMS), que preserva e expõe essas fotos como patrimônio histórico e cultural. O IMS já realizou exposições em sua homenagem, como Evandro Teixeira, Chile 1973, realizada em 2023, que destacou a visão de Teixeira através de fotografias nos conflitos na América Latina.
As obras de Evandro Teixeira permanecem vivas, sendo relembradas e exibidas como registros da resistência e da identidade cultural brasileira, valorizando a memória coletiva do país e revelando o impacto do seu trabalho.
Curiosidades
Evandro Teixeira iniciou sua carreira com uma câmera simples e acessível.
Dedicou mais da metade de sua carreira ao Jornal do Brasil, tendo trabalhado lá por 47 anos.
Em 1963, além de começar no Jornal do Brasil, Evandro conheceu Marly Souza Caldas, sua esposa. Eles se casaram em 1964, tiveram duas filhas e permaneceram juntos até a morte de Teixeira.
Para o poeta Carlos Drummond de Andrade, Evandro era muito mais que um fotógrafo. Drummond chegou a escrever um poema dedicado a ele, “Diante das fotos de Evandro Teixeira”, elogiando a sensibilidade e precisão de seu olhar.
Um dos segredos do fotógrafo para registrar rostos em manifestações na ditadura era subir em escadas, marquises ou janelas para se sobressair na multidão.
Evandro Teixeira recebeu prêmios no Brasil e no exterior, incluindo o Prêmio Esso de Jornalismo. Sua trajetória e seu impacto no fotojornalismo já foram reconhecidos em países como França, Espanha e Estados Unidos.
Veja em galeria de fotos a seguir parte do trabalho de Evandro Teixeira: