Cada vez, mais jovens brasileiros identificam vício na prática de apostas online. Foto: Cecília Carrilho.
Henrique Campos Guerra (4º semestre)
Com a popularização das apostas online, cada vez mais jovens, entre 20 e 35 anos, estão em busca de tratamento para o vício em plataformas de apostas e cassinos virtuais. Em entrevista concedida ao Portal de Jornalismo da ESPM-SP, Mateus, de 22 anos, contou sobre sua experiência com o vício em apostas online, iniciado em 2020, quando descobriu os cassinos virtuais. Mateus conta que após algumas vitórias significativas, se viu preso em um ciclo de perdas e ganhos que o afetou psicologicamente: “Eu sonhava a noite inteira com a roleta girando e eu ganhando muito dinheiro. Eu achava que era alguma coisa que ia acontecer mesmo. E era um prazer pra mim, ver a roleta (cassino) girar”.
Embora seu vício não tenha chegado ao ponto de vender bens pessoais, o estudante conta que chegou a apostar todo dinheiro que sobrava no mês. O jovem diz que conseguiu superar seu vício antes de precisar de ajuda médica, mas não nega que poderia ter sido uma opção.
Saúde ineficaz
Ambulatórios de saúde, como o do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, evidenciam um crescimento na procura por suporte especializado. Ao contrário do que era esperado, a Saúde não dá conta para esse tipo de vício.
Em ofício à Câmara, o Ministério da Saúde admitiu a falta de ações para conter o transtorno na população. O vício de apostas é visto como um problema urgente, e seu tratamento pode ser comparado ao vício do tabaco. Este, entretanto, possui política pública específica, contemplado no Programa Nacional de Controle do Tabagismo. No caso das bets, o foco do ministério é fortalecer campanhas de prevenção, com ações educativas e reforço do tema na abordagem dos profissionais.
Jogadores anônimos
Para muitos, a jornada de recuperação envolve o apoio de programas como o Jogadores Anônimos, uma irmandade internacional voltada à recuperação do vício em jogos. Oferecendo encontros regulares e uma rede de apoio estruturada, o grupo permite que os participantes compartilhem suas experiências e fortaleçam seu compromisso com a abstinência, sem a cobrança de taxas ou associações a qualquer instituição. Esse modelo de apoio comunitário tem sido essencial para aqueles que enfrentam os efeitos negativos das apostas online, como perda financeira e impacto nas relações pessoais.
Medidas
O cenário também destaca como o fácil acesso e a exposição à propaganda intensificam o problema entre os jovens, muitos dos quais já tiveram prejuízos financeiros e relacionamentos afetados. Plataformas de jogos, incluindo o chamado “jogo do tigrinho”, que é alvo de investigações policiais, aumentaram os riscos e a acessibilidade ao jogo, impactando profundamente a saúde mental dessa população.
Na tentativa de estabelecer controle sobre os sites de apostas, o Ministério da Fazenda divulgou uma lista de bets liberadas para atuar no Brasil. Ao todo, são mais de 200 bets, que pertencem a 100 empresas, que poderão atuar no país.
Acesse aqui a lista do governo: https://www.gov.br/fazenda/pt-br/composicao/orgaos/secretaria-de-premios-e-apostas/lista-de-empresas/nacionais-18-10.pdf
Serviço:
Jogadores Anônimos – https://jogadoresanonimos.com.br/
Escritório Regional de Serviço de Jogadores Anônimos do Brasil
Rua Paulino Guimarães, 93 – Sala 12 – Luz – Centro São Paulo – SP
jogadoresanonimossaopaulo@gmail.com
11-3229-1023 / 11 99571 6942
Jogadores Anônimos Escritório do Rio de Janeiro
Rua do Acre, 47 – Sala 411 – Centro Rio de Janeiro – RJ
jogadoresanonimos@yahoo.com.br
21 99750 3174
Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo
Rua Dr. Ovídio Pires de Campos, 785
CEP 05403-903 | São Paulo | SP