Com suas cores e cheiros, feira livre é espaço aberto para novas histórias

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O vermelho, o verde e o amarelo das frutas marcam a paisagem do comércio na rua Estado de Israel. Foto: Arthur Badu

Sexta-feira, nove e meia da manhã de um dia de nem tanto sol assim. Vila Mariana, São Paulo, rua Estado de Israel, entre as ruas Coronel Lisboa e Botucatu. Ao chegar à feira livre, a primeira coisa que chama atenção são os toldos coloridos – verdes, alaranjados, amarelos e azuis – formando dois corredores por onde circulam compradores. Nos cantos da rua, carros e vans de onde os feirantes tiram engradados com produtos para vender.

Na entrada, situa-se uma tradicional barraca de pastel, daquelas que não podem faltar em feiras que se prezem. Uma senhora japonesa, de pele marcada, alterna-se entre receber pedidos, colocar pastéis para fritar e conversar com um cliente que, sentado em um banco de plástico vermelho, saboreia seu pastel. Carne, queijo, palmito…

Caminhando pelos corredores, veem-se feirantes chamando possíveis compradores, convidando-os a conhecer os produtos à mostra. E a variedade surpreende. Há barraca de água de coco, oferecendo refresco para a o calor da manhã. Bancadas de frutas são muitas, ao lado das quais passam senhoras com sacolas cheias de bananas, uvas, mangas, morangos e outras frutas, escolhendo meticulosamente as melhores opções para levar para casa. As verduras também são populares entre os clientes, que admiram os produtos dispostos em caixotes de madeira.

A barraca de peixes também chama a atenção, primeiramente pelo cheiro pungente que penetra nas narinas. Sobre o gelo, estão à mostra peixes e frutos do mar: corvinas, bonitos, tilápias, polvos, lulas, mexilhões e lagostins. “O pescado está muito bom, senhor. Frito fica uma delícia!”, grita um feirante de meia idade com um sorriso no rosto.

Temperos e cheiros atraem compradores. Foto: Arthur Badu

Ao lado, situa-se a barraca de carnes onde estão à disposição produtos que vão dos cortes tradicionais até miúdos e fígado. Um jovem moreno de camisa social conversa com um feirante enquanto espera seu pedido. Pelo papo informal, regado a piadas e tom de familiaridade, percebe-se que ele é um cliente assíduo.

Seguindo em frente, é difícil não parar na barraca de temperos. Cheiros doces e ácidos, fortes e suaves atraem clientes em meio a um festival de aromas difícil de ser ignorado. Dispostos em copos, condimentos das mais variadas cores – amarelos, marrons, verdes, vermelhos – chamam a atenção de pessoas que passam e se curvam para sentir seus aromas.

Mas não são apenas produtos alimentícios que se encontram na feira, que surpreende por sua diversidade. Um vendedor jovem, com um boné verde e uma corrente no pescoço, chama para olhar sua coleção de DVDs: Jorge e Mateus, Michel Teló e Gusttavo Lima. Ao lado, uma barraca vende produtos que vão de tênis e gorros a tesouras e anéis.

Passeio, visita ou tarefa. Tanto faz. Ir à feira nunca é igual, apático. Em uma cidade de caos urbano como São Paulo, este é um espaço fechado para os carros, mas aberto para as pessoas. Sempre uma nova descoberta, novos olhares, novas experiências e, com certeza, novas histórias.

Arthur Badu e Pedro do Amaral Souza (4° semestre)