Com “Carro Verde”, projeto transforma veículos “mortos” em peças de arte

Carro transformado modificando o cenário urbano. Foto: divulgação do site Bijari

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Carro transformado pela BijaRi, modificando o cenário urbano. Foto: divulgação do site.

Você já pensou em estar andando na rua e se deparar com um carro velho transformado em obra de arte? Ou com uma bicicleta que foi transformada em uma praça?  Para o centro de criação em artes visuais e multimídia, BijaRi, isso é totalmente normal e possível, graças ao projeto Carro Verde.

A empresa começou há 20 anos, com estudantes da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP) que se reuniram para montar um estúdio (em uma rua chamada Bijari) para a produção de projetos coletivos.  A equipe é composta por seis sócios e quatro colaboradores que desenvolvem tanto trabalhos com fins lucrativos para demanda externa, quanto com fins artísticos e sociais.

O projeto Carro Verde tem como objetivo transformar carros velhos em obras de arte, através de grafites feitos na lataria e da incorporação de diversos tipos de plantas nesses veículos. Esse trabalho é feito não só com carros, mas também com ônibus, outdoors e caçambas. Segundo o publicitário e um dos sócios da BijaRi, João Rocha, o projeto tem motivações políticas e tem como bem social a apreciação da arte e a compreensão da sua importância para a reflexão de questões urbanas. “O importante é você apreciar. A arte tem que impactar”.

Convidados a participar de uma exposição na Áustria, a equipe se sentiu motivada a continuar com o projeto, no entanto, precisa enfrentar questões burocráticas em relação a autorização para expor as obras na rua. De acordo com a Legislação, carros abandonados podem ser removidos e o dono pode arcar com uma multa para adquirir o carro novamente. Isso coloca em conflito projetos de arte com os automóveis, já que eles são vistos como obra de arte pelos criadores e essa categoria não está prevista no Código de Trânsito Brasileiro. Dessa forma, os veículos recebem manutenção regularmente para que não virem carcaças na rua.

Além do trabalho com os carros, o grupo também tem um projeto chamado Praças (Im)possíveis que transforma bicicletas em praças verdes para uso coletivo. Segundo Rocha, a equipe fez o questionamento do que a sociedade urbana precisava e a resposta foi: mais praças. Dessa forma, era necessário um lugar com sombra, bancos e que pudesse ser facilmente transportado. O objetivo é fazer com que as pessoas aproveitem esses espaços de convivência e compartilhem experiências nas praças móveis. Diferente dos carros, que são fixos, as bicicletas percorrem vários lugares, inclusive instituições.

Rocha ainda fala sobre as dificuldades de sustentar projetos como esse. “É preciso equilibrar a paixão pelo trabalho com a arrecadação financeira, o que nem sempre é possível, essas são obras não comerciáveis”, comenta. Apresentando uma quantidade de produções inumeráveis, a equipe tenta viver da arte e espalhar uma visão diferente de mundo para uma população que está acostumada com uma monótona selva de pedra.

                                                                                                                                                                                                                                                               Por Nathalia Oliva (2° semestre)