Canal Futura e estudantes debatem como fazer jornalismo com Direitos Humanos

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Na quinta-feira, dia 09 de novembro, aconteceu no auditório Renato Castelo Branco o evento “Conexão através da Comunicação”, realizado pela TV Futura aos alunos de jornalismo da ESPM-SP. Os vários convidados ofereceram através de um conjunto de palestras, debates sobre a construção de diálogos com os jovens e as novas ferramentas e temas abordados pela mídia.

Para dar início ao evento, Debora Garcia, gerente de conteúdo da TV Futura, falou sobre as inovações e diferentes plataformas utilizadas no canal para conseguir atrair o público alvo, que variam desde crianças até jovens e educadores. A palestrante explicou o conceito do termo VUCA (“vulnerável, incerto, Complexo e Ambíguo”) e usou a expressão para explicar o mundo de hoje, que é instável e heterogêneo, razão da importância do canal para o aprendizado dentro desse contexto.

Debora ainda falou sobre os principais pontos importantes dentro do canal. “A gente visa a sustentabilidade, a educação, o empreendedorismo, a inovação, a ciência e a tecnologia”. Ela ainda adicionou as adequações que o canal teve que realizar para baratear a produção e prender a atenção dos jovens, como ter um espaço no Facebook e abrir um edital para universitários. Por mais que chamar a atenção dos jovens seja algo difícil hoje em dia, o canal Futura apresentou bons resultados e está cada vez mais criando novidades para ampliar a aderência do público alvo.

Entre as novidades, estão a diminuição dos episódios para atrair mais, contar com o apoio de universitários para a produção de episódios e criar programas interativos como o Expresso Futuro, Futura Inovação, Ouvidores de Vozes, entre outros. Debora também acrescentou que o canal não abandonou o público infantil, as crianças ainda têm espaço para ver programas educativos relacionados a direitos humanos.

O período da manhã também contou com a presença da ex-secretária-adjunta da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania de SP, feminista negra e pesquisadora na área de Filosofia, Djamila Ribeiro. A pesquisadora comentou sobre o uso midiático para a discussão de temas como racismo, machismo, homofobia, entre outros e ressaltou a importância em debater esses assuntos. “A internet tem sido um espaço onde a gente pode existir”, comentou a palestrante sobre as dificuldades das minorias em conquistar o espaço de fala e a disputa de narrativa dentro desses espaços.

Segundo Djamila, os assuntos devem ser discutidos de forma mais leve –transformando o “academiquês” de maneira entendível, e com a consulta de pessoas que entendem do assunto, de forma que não se perca os sentidos dos conceitos abordados. A ativista acredita que a principal ação para a mudança é pensar fora da bolha e trazer para as discussões questões que estão além do padrão: “É importante estar aberto, sair da defensiva, para tentar entender a realidade do outro”.

A palestrante também apresentou algumas plataformas, como a Think Olga que conta com os projetos: “Entreviste uma Mulher” e “Entreviste um Negro”, que dão dicas de profissionais pouco procurados quando a questão é buscar opinião de especialistas a fim de pluralizar as fontes apuradas na hora de transmitir uma informação. Djamila também falou sobre os famosos “haters“, que dirigem a ela comentários ofensivos na internet por discutir sobre o preconceito destinado as minorias. “Não é fácil trabalhar com esses temas, vai existir reação, sem dúvida nenhuma”, comentou.

Para finalizar, Djamila debateu sobre o papel das universidades para a promoção desses debates. Segundo a pesquisadora, é importante que a faculdade dialogue com os coletivos e com os estudantes para que eles tenham contato com outras perspectivas e realidades.

Por Nathalia Oliva (2º semestre)

Leia também a entrevista exclusiva com a pesquisadora e ativista Djamila Ribeiro