Exemplo para jornalistas, “Spotlight” mereceu o Oscar

Longa recria trabalhos jornalísticos sobre escândalos da Igreja Católica. (foto: divulgação)

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Longa recria trabalhos jornalísticos sobre escândalos da Igreja Católica. (foto: divulgação)

Um trabalho diferenciado nos tempos de hoje, mas como deveria ser sempre. Spotlight é um filme baseado em histórias reais que trata de uma investigação feita por um grupo de quatro jornalistas em relação a casos de abuso sexual e pedofilia que foram cometidos por membros da arquidiocese católica norte americana.

O filme foca na difícil tarefa de quebrar o silêncio dos casos, que envolvem um cenário muito maior do que apenas a igreja Católica, e sim o sistema todo.

O jornal The Boston Globe no ano de 2001 contratou seu novo editor-chefe, Marty Barron, um judeu que vinha para colocar à tona todas as verdades dos casos de abuso até então escondidos. Para isso se reúne com o grupo de investigação secreta do jornal, o Spotlight.

Com uma busca intensa por informações, o jornalista Michael Rezendes consegue chegar ao advogado Mitchell Garabedian, que alega ter provas de que o padre John Geoghan estava abusando sexualmente de crianças enquanto o cardeal Bernard Law não fazia nada a respeito.

Com Phil Saviano, criador de uma associação de vítimas, e o ex-padre Sipe, que trabalhava com a reabilitação de padres pedófilos, Barron e sua equipe descobrem indícios de envolvimento de 87 padres em casos de abuso sexual com crianças em Boston.

Após meses de investigação, a reportagem é publicada com o link que expõe documentos contra o cardeal Law e um número de telefone para denúncias de abuso por parte de padres pedófilos. O número de queixas ultrapassou 600 pelo mundo.

 

Por Fuad Ali (3º semestre)

As polêmicas do evento

No último domingo de fevereiro, dia 28, foi realizada a 88ª edição do Academy Awards, o famoso Oscar, realizado no Teatro Dolby, em Los Angeles. Uma das mais polêmicas edições dos últimos anos, o que dividiu opiniões e estimulou debate nas redes sociais.

Foi o segundo ano consecutivo sem nenhum ator negro a ser indicado para categorias de atuação. Havia também a expectativa para o primeiro Oscar de Leo DiCaprio pela atuação em “O Regresso” (2015; direção: González Iñarritu) após seis tentativas. E claro, a atuação da atriz Gloria Pires como comentarista da TV Globo sobre o evento. (A própria Gloria publicou em seu Facebook vídeo avaliando sua performance:

https://www.facebook.com/GloriaPires/videos/1229424937086790/ ). A reportagem de Vila Mariana buscou opiniões do público do evento, nas imediações da ESPM e com demais moradores do bairro.

Nathan Henrique, aluno do sétimo semestre do curso de Cinema, demonstrou indignação com a postura de Gloria Pires: “Um despreparo e um descaso total. Não sei o que motivou a escolha para ela comentar o Oscar”. Ele acredita que a atriz não tinha interesse por aquele evento: “Ela mal sabia o que falar, comentou que estava torcendo para “Trumbo” (Trumbo: Lista Negra- 2015; diretor: Jay Roach), sendo que o mesmo nem foi indicado ao prêmio de melhor filme”, critica.

A aluna do segundo semestre de Publicidade e Propaganda da ESPM, Manuela Pacífico, comentou que outros filmes mereceriam ganhar a premiação tanto quanto “Mad Max” (Mad Max: Estrada da Fúria- 2015; direção: George Miller)que levou 6 premiações técnicas), mas em contrapartida a vitória de Leonardo Di Caprio aliviou muito os fãs. Sobre a postura da atriz e comentarista da TV Globo, a aluna opinou: “Apenas por ela ser Glória Pires, não dá mérito para falar sobre uma premiação deste porte com tantos especialistas dispostos a fazê-lo”.
Já para o aluno Matheus Carrascosa, do quarto semestre do curso de Publicidade e Propaganda da ESPM, a vitória de Di Caprio como melhor ator foi um ato mais político do que merecido, já que em sua opinião o filme não foi dos melhores da carreira de ator.

Sobre o comportamento de Gloria nos comentários da premiação, o mesmo achou válida a postura da emissora em colocar uma atriz que já não estivesse inserida no assunto como alguém que o estuda friamente. Matheus também comentou sobre o “embranquecimento” do Oscar: “Apenas o resultado da base de uma sociedade que desfavorece o negro desde o ensino básico”.

Por Bruna Masculi e Lucas Orte (1º  e 3º semestres)