Ato contra redução de gastos na USP termina com quatro detidos

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Alunos se organizam em manifestação contra PEC que reduz verba para USP. (Foto: Página Facebook do DCE Livre da USP)

No dia de ontem (7), ocorreu um protesto de estudantes e funcionários durante a votação do novo teto de gastos para USP (Universidade de São Paulo). A justificativa é que a USP está dando prejuízo. A verba destinada à universidade corresponde a 5% da cota do Estado no ICMS (principal imposto paulista), e no momento a instituição está usando por volta de 105% dessa verba, tendo que cobrir os demais gastos com parte de seu próprio fundo bancário. A solução encontrada na PEC chamada pelos alunos de “PEC do Fim da USP” seria a imposição de limites com gasto pessoal, demissão de quase cinco mil funcionários e outros cortes, como bolsa moradia dos alunos. Porém, segundo estudantes contrários à medida, a instituição não abre seu caderno de contas, nem justifica seus gastos de forma pública, há reclamações de que faltam funcionários e alguns alunos não conseguem cursar matérias obrigatórias por falta de professores.

A manifestação ocorreu na frente da reitoria da universidade e sofreu repressão por parte da Polícia Militar, invocada pelo próprio reitor da universidade, Marco Antonio Zago. De acordo com o presidente da Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (ADUSP), a Polícia Militar reprimiu o ato sem nenhum motivo, a manifestação estava pacífica até o momento em que policiais sacaram seus cassetetes e foram em direção aos manifestantes.

Diego Alves, estudante de Letras, conta que a tropa de choque confrontou os manifestantes com cassetetes, spray de pimenta e bombas de gás lacrimogênio, e reclama da violência, lembrando que uma manifestante foi chutada no rosto por um policial, mesmo caída no chão.

Em nota à Folha de S. Paulo, a assessoria da PM afirmou que o uso das bombas e gases de efeito moral foi uma resposta aos manifestantes que os atacaram com pedras e outros objetos, ao todo quatro policiais ficaram feridos. E de acordo com a Secretaria de Segurança Pública, quatro pessoas foram detidas.

O clima na universidade após o conflito era, segundo alunos, “de revolta pela opressão sofrida por parte da PM e de velório pela PEC ter sido aprovada”. Houve conflito também durante a votação do projeto, durante o pronunciamento de Bruno Gilga Rocha, diretor do SINTUSP (Sindicato dos Trabalhadores da USP), o reitor se retirou da sala para, segundo ele, “atender às suas necessidades fisiológicas”. Após ser interrompido algumas vezes, Gilga diz que a manifestação de estudantes e professores é só o começo, e garante, em suas próprias palavras, que “a resistência vai ser muito, muito maior”. Todos os detidos já foram liberados. Um estudante precisou pagar fiança, que foi rapidamente arrecadada com uma vaquinha entre todos que estavam lá.

Por Fernanda Mendes e Lucas de Abreu (1o semestre)