As diferentes formas de olhar – Minha jornada conhecendo a comunidade

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Felipe Borzani – (2º semestre)

Nesta quinta-feira, tive uma experiência na qual jamais esquecerei. Após voltar da faculdade e descansar um pouco, peguei a minha bicicleta e fui desbravando o bairro do Real Parque em busca de artes urbanas. Antes de contar sobre o dia de hoje, é importante ressaltar que este bairro sofre com uma desigualdade social tremenda, assim como a maioria do Morumbi. O colégio no qual me formei se situa em frente a uma comunidade, e o mais irônico é que a mensalidade ultrapassava os 3 mil reais. Dito tudo isso, fica evidente que eu não estava me metendo em um lugar no qual não conhecia. Por mais que eu nunca havia entrado dentro daquela comunidade antes, eu passava em frente diariamente, e via que aquele grupo social de pessoas menos favorecidas não era igual ao que a grande mídia nos prega sobre as favelas. Para eles, as favelas são um ambiente hostil e perigoso para quem não conhece. O mais estranho é que me senti muito mais seguro andando por lá do que na maioria dos lugares de São Paulo, isso ninguém nunca me avisou. Não vou falar que muitos não me olharam feio por estar com uma bicicleta que claramente não era popular, e até aparentavam ter se sentido ofendidos com as fotografias, mas uma das coisas que o 1º semestre me ensinou foi que não há ética no Fotojornalismo.

Confesso que me senti receoso ao entrar em um lugar no qual não conhecia, sem saber onde poderia parar. Se eu não tivesse passado os meus últimos 3 anos letivos observando diariamente como era aquela comunidade, jamais colocaria os meus pés lá. Infelizmente, esse medo é algo que estamos acostumados. Mesmo que a maioria esmagadora que mora em uma favela seja pessoas do bem, somos induzidos a pensar que o morro vive de tráfico de drogas e de armas, e esse é um pensamento no qual jamais mudaremos. Ao longo dos anos, nossa sociedade foi moldada para marginalizar cada vez mais os marginalizados, e dessa forma, empurrando os menos favorecidos cada vez mais para o buraco, e elevando os que começaram com a opressão.

Com isso, é de suma importância que nossa sociedade esteja com os olhares cada vez mais voltados a estas pessoas, que merecem e precisam da nossa atenção. Sozinhos, poucos deles se sobressairão.