Adeptos da “arte corporal” apontam evolução e superação de limites

Share

A modificação corporal envolve, além de tatuagens e piercings, procedimentos cirúrgicos, e alguns tipos de mudança que se tornam irreversíveis e consideradas atos de razão não médica. Mesmo assim, por motivos variados, como estética, evolução mental, evolução espiritual e superação de limites, muitos optam pela arte corporal.

Cena do documentário "Coma" produzido por Luduslab.

 

Entre as cirurgias mais comuns estão o branding (cicatriz formada pela aplicação de ferro quente na pele da pessoa com o desenho desejado), a escarificação (cortes feitos com bisturis com o objetivo de deixar cicatrizes com o desenho desejado), a bifurcação da língua (cirurgia que divide a língua em duas partes), surface (hastes de piercings que ficam para fora do corpo), para a suspensão corporal são utilizados ganchos de aço cirúrgico com espessura de 4mm e implantes subcutâneos (objetos de teflon, silicone ou outros materiais implantados sob a pele, formando um alto-relevo de um desenho).

Apesar da popularização de tatuagens e piercings, as modificações mais invasivas ainda são mais vistas por parte da população. “A modificação sempre foi inserida na sociedade em rituais de passagem ou somente por estética, por isso, para o padrão atual da sociedade, tudo isso é bizarro. A mídia explora muito superficialmente”, afirma Luciano Iritsu, 34, dono de um estúdio localizado em Pinheiros, zona oeste de São Paulo.

Iritsu participa de um grupo que faz apresentações de suspensão corporal e considera que essa prática não se relaciona apenas com a aparência, mas também com o espírito de cada um. “É uma briga constante com a sua mente. Quando você tá saindo do chão, sua mente diz que você vai cair, se cortar, que sua pele não vai aguentar e vai rasgar. Quando supera isso, você acaba entrando num estado de meditação. Cada suspensão é diferente, por causa do lugar que você está, o número de pessoas assistindo ou se é reservado, seu humor. Isso também influencia”, conta.

Iritsu produziu apresentações na Virada Cultural por três anos. “O governo ajudou a arte corporal. Foram 24 horas de suspensão e nunca aconteceu algo parecido no mundo”, conta.

Juliana Flamínio, 19, também relata suas impressões. “Eu trabalho com isso, mas na rua sempre tem pessoas que veem isso como mutilação. Pensam que você é do mal, trocam de calçada”, conta a jovem que trabalha como body piercer e tem tatuagens, piercings e a língua bifurcada.

Infecções, rejeição do organismo e inflamações são riscos ao fazer qualquer procedimento no corpo, principalmente se o profissional não estiver preparado. No Brasil, segundo a lei 9.828/97, os estabelecimentos comerciais, profissionais liberais ou qualquer pessoa que aplique tatuagens permanentes, coloque argolas, alfinetes ou perfure a pele de outra pessoa, fica proibida de realizar tal procedimento em menores de idade, exceto brincos nos lóbulos das orelhas. O descumprimento implica no fechamento definitivo do estabelecimento.

Isabela Souza (2º semestre)