A dor e a delícia de ser fã
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Checar as redes sociais várias vezes ao dia, faltar a compromissos, esperar até o meio da madrugada para comprar um ingresso e depois passar horas em uma fila de show, ficar plantado na porta de hotéis ou então enfrentar a multidão em um lançamento de livro só para adquirir seu exemplar no primeiro dia . Esse tipo de situação não é exatamente raridade na vida de um fã. Engana-se, porém, quem acredita que isso é exclusividade da vida adolescente: há quem leve a prática de cultuar seus ídolos para o resto da vida – e, o principal, sem nenhum remorso.
Esse é o caso da estudante de Letras, Danielle Chinkerman Goldenberg, 22 anos, que é fã de Jesse McCartney, The Fray, The Script, Rania, BTob, Tiny G e Harry Potter. Segundo a jovem, sempre que algum de seus ídolos vem ao Brasil é preciso se organizar com antecedência no trabalho e nos estudos, para que nenhum dos dois seja afetado com a mudança de rotina. Danielle diz, ainda, que não deixa que os ídolos atrapalhem sua vida de modo significativo, mas admite que, sempre que possível, está “checando as novidades sobre cada um deles”.
O estudante de Pedagogia Rômulo Diniz Rezende, 29 anos, também alega não deixar os ídolos atrapalharem seu dia a dia, mas justifica: “acho que não tenho dinheiro suficiente para fazer tudo o que eu quero”. Diz que sempre que possível está escutando música, e que algumas vezes estuda com “trilha sonora”, em um volume mais baixo. Entre seus artistas favoritos estão Avril Lavigne, Alizée, Miss A e 4 Minutes.
Fã do grupo Fresno e de seu vocalista, Lucas Silveira, a estudante de Odontologia Bianca Rodrigues, de 20 anos, diz que sempre coloca os estudos em primeiro lugar, mas que não perde a chance de vasculhar as redes sociais dos integrantes da banda e procurar por notícias em seu tempo livre.
Ao contrário de muitos, estudante de Jornalismo Márcia Cristina Costa de Lima, 21, diz já ter enfrentado problemas para separar a vida de fã da vida pessoal, deixando de lado responsabilidades para comparecer a shows ou ver algum dos ídolos. Segundo Márcia, a tarefa de não misturar a rotina de fã ao cotidiano é difícil. “Já vivenciei algumas situações em que meu trabalho como jornalista me proporcionou encontros memoráveis com meus ídolos. Procuro determinar horários para cada atividade. Acho que, com uma vida organizada, dá para aproveitar tudo certinho”, argumenta. Ela é fã de Mamonas Assassinas, Chico Buarque, The Beatles, Los Hermanos e Forfun, entre outros grupos musicais.
“Quando estou em casa ou no caminho para casa ou para o trabalho, gosto de ler, escutar música ou ver vídeos. Quando estou sem pendências no trabalho, procuro sobre as novidades” diz a auditora de TI Camila Akemi Mochizuki, 22 anos. Ela é fã dos grupos McFly, Alex Band, The Wanted, The Maine e Westlife, e afirma que “ser fã não atrapalha em nada”.
Com exceção de Márcia Cristina, todos contam já ter sido criticados ou julgados de alguma maneira, seja pelo gosto musical ou por cultuar algum artista específico. No entanto, todos concordam que os ídolos lhes trouxeram muitas coisas boas, como amizades e até mesmo relacionamentos. Outro consenso, típico entre fãs de longa data, é que os ídolos são capazes de ajudar seus admiradores a superar momentos de dificuldade.
“Em momentos em que eu não aguento mais tantos problemas, com a família e comigo mesma, escutar músicas, ver vídeos, fazem com que eu me sinta melhor, me sinta confiante, mais feliz, inspirada e com certeza mais calma. Nas horas de tristeza, estavam lá os vídeos do McFly para me fazer rir, ou até mesmo chorar, liberar as emoções, os sentimentos”, desabafa Camila.
Cláudia Costa (1º semestre)
Amei sua matéria Cláudia… Essas nossas loucuras de fãs são tão surreais