Ecléticos e com artigos de qualidade, os brechós estão na moda

 Preços acessíveis e exclusividade são diferenciais de lojas que comercializam produtos antigos

Peças como louça de porcelana fazem parte do acervo de alguns brechós. Foto: Daniella Gemignani

Preço baixo e peças exclusivas. Vantagens como estas têm feito os brechós cada vez mais populares entre os consumidores brasileiros. O nome desse tipo de loja, especializada na venda de produtos de segunda mão, surgiu inspirado no seu criador, o mascate Belchior. No século XIX, ele vendia e trocava objetos usados no Rio de Janeiro. É o que afirma a bacharela em moda Juliana Dias, em sua monografia de conclusão de curso pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

A princípio, os brechós eram destinados a pessoas com menor renda, que só podiam comprar roupas e objetos com custos mais acessíveis. No entanto, essa ideia já foi ultrapassada. Parte do público desse tipo de comércio, atualmente, é também a classe média, que busca roupas de grife por preços menores. “A clientela é bem eclética, tem desde uma diarista, com renda mais baixa, até mulheres com muito dinheiro”, diz a proprietária do Brechó Mimos e Fricotes, localizado na Vila Mariana, Geni Paez.

Evolução

Junto com a indústria da moda, os brechós foram evoluindo ao longo do tempo. O comércio foi ganhando espaço e, com isso, foi setorizando suas atividades em áreas específicas. É possível encontrar lojas especializadas em móveis, fantasias ou roupas de época.

“Hoje em dia, o Vintage está na moda. Peças que são declaradas ‘velhas’ para algumas pessoas são muito procuradas e admiradas por outras”, afirma a estudante de moda e dona do blog Little Rock, Fernanda Minillo. Para ela, é muito difícil encontrar peças com a qualidade de antigamente em lojas convencionais. “O fast fashion destruiu a qualidade das roupas. Talvez por isso tantos especialistas na área estejam resgatando esse estilo para seus guarda-roupas”, conclui.

Da mesma forma, Geni acredita que o sucesso dos brechós está no estilo de as pessoas se vestirem atualmente: mais receptivo a itens diferentes. “A moda vai e volta a todo momento e, hoje, tudo está na moda”, analisa.

Brechó na Vila

O bairro da Vila Mariana possui muita história e os brechós localizados na região contam parte desse legado. O Mimos e Fricotes é um deles. Com peças com mais de 50 anos, tem seu acervo formado por itens que variam de roupas a móveis antigos. “O brechó é bem eclético. Temos desde pratarias e objetos antigos até roupas e sapatos”, diz Geni.

Para Fernanda, o valor histórico das peças foi o que a estimulou a comprar em brechós. “A melhor coisa é poder ter uma peça única e diferenciada. Dificilmente vou achar alguém com aquela mesma roupa, como acontece em lojas convencionais”, opina. “São peças muitas vezes bem antigas e com maior qualidade na produção. Por isso, ainda estão em ótimo estado”, completa a estudante.

O brechó não é só um bom negócio para o dono, mas também para a população. “Eu tenho clientes bem tradicionais que sempre trazem itens para vender. Outros, que estão passando na rua, entram na loja e acabam vendendo as roupas que às vezes iriam para doação”, explica a proprietária.

Daniella Gemignani (2º semestre)