“Vovloggers” participam do “Diálogo CEDS” sobre comunicação

Neuza Glaglionone, 82 anos, e Lilia Marly, 81, estrelas de campanha comercial, contam experiências sobre o uso da tecnologia. (foto: Wivyanne Leiso)

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Neuza Glaglionone, 82 anos, e Lilia Marly, 81, estrelas de campanha comercial, contam experiências sobre o uso da tecnologia. (foto: Wivyanne Leiso)

“Idosos, Educação e Comunicação” foi o tema do Diálogos CEDS, no último 30 de outubro, na ESPM-SP. Entre os convidados para o debate, havia professores, o criador de um projeto para a terceira idade e as vovloggers, protagonistas da propaganda do banco Itaú (2016). O público, em sua maioria idosos, desfrutaram de momentos de euforia e reflexão durante a abordagem dos temas.

Cada palestrante teve a oportunidade de falar um pouco sobre os idosos e suas expectativas em relação ao futuro. Vida saudável e financeira, moradia, relação com a família, oportunidades de emprego na velhice e muitos outros aspectos foram tratados. Os participantes contribuíram com depoimentos e perguntas. E ainda se divertiram com as histórias das vovós mais famosas do Brasil.

A relação dos idosos com a mídia foi medida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). O levantamento apontou crescimento de 19% entre 2012 e 2016 no uso da internet entre pessoas com mais de 60 anos.

O comercial

Considerado um grande sucesso na televisão e internet no ano passado, a campanha da agência bancária trazia duas senhoras com mais de 80 anos falando sobre tecnologia. Essa repercussão se deu pelo carisma das vovós e pela mudança de comportamento dos idosos que estão cada vez mais conectados.

As aposentadas Neuza Glaglionone, 82 anos, bióloga e a Lilia Marly, 81 anos, professora do jardim da infância, contaram um pouco dessa experiência televisiva. Escolhidas depois de uma seleção com mais de 20 pessoas, as amigas tornaram-se atrizes na terceira idade contratadas por um ano. Ambas disseram não terem tido muito contato com tecnologia anteriormente.

“Foi muito interessante, muito bom. Ainda mais nós que nunca tínhamos aparecido em frente a uma câmera e viramos artistas. Foi uma experiência muito gostosa. Nunca tirei tanta self”, brinca Neuza. Já Lilia achou “muito legal. Veio muita gente falar comigo que tinha medo de usar o celular, computador e perderam o medo. Fomos um exemplo para essas pessoas”.

Inclusão

Jane Barreto, mestre em reabilitação, inclusão social e facilitadora do curso Criativa Idade da ESPM-SP, falou da importância de iniciativas como essa. “Descobri que, independente da idade, todos têm o direito de aprender. A Criativa é um projeto de vida onde ensino, que é preciso criar constantemente”, ressalta Jane.

O IBGE investigou que até 2060, o número de idosos com mais de 80 anos deve crescer 27 vezes, totalizando 19 milhões no Brasil. Informação importante que serve de alerta para um país que ainda rejeita a voz da experiência. Ouvir esse público agora, especialmente em ambiente acadêmico, é fundamental para criar uma sociedade consciente.

Com o crescimento da população idosa ONGs e startups voltadas para temas da velhice tem chamado a atenção das pessoas. Lab 60+ é um desses grupos que lutam pelas causas dos idosos. Promovendo encontros mensais em vários lugares do Brasil, o grupo almeja revolucionar o significado de longevidade.

Sérgio Serapião, fundador do Lab 60+, entende que envelhecimento não é assunto apenas para médicos e que precisava contribuir com essa causa. “O mundo não acordou para essa mudança. Daqui a alguns anos, maior que desigualdade, será a longevidade. Precisamos discutir isso com urgência”, alerta Serapião.

Ao ser perguntada sobre a importância de eventos como esse a participante que é artista plástica, 60 anos, Sandra Ferreira agradece a universidade pela iniciativa. “Isso aqui é tão bom. Me fez sentir útil, viva. Participo de tudo e quero vir mais vezes”, completa. “Mudança de atividade, acolhimento, proximidade, intimidade, humanização, estar sensível, levar o ser humano em consideração é igual a inclusão”, aconselha Jane sobre o comportamento que precisa ser desenvolvido nas pessoas dessa geração.

Wivyanne Leiso, 1º semestre