Vila Mariana é um dos bairros mais verticalizados de São Paulo

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Segundo arquiteta, falsa comodidade e segurança são atrativos para a venda de apartamentos. Foto: Bianca Rossi

Hoje, cerca de 70% dos moradores da Vila Mariana moram em prédios, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha. Os dados são reforçados por um levantamento feito pela imobiliária Lello, que constatou que a região se encontra na quarta posição entre os bairros mais verticalizados de São Paulo, com 13,6% dos prédios da capital.

Segundo a arquiteta e urbanista Carla Separovick, a proximidade de pólos financeiros centrais, como a Avenida Paulista, contribuiu para o processo de crescimento e verticalização da Vila. Mas a busca de qualidade de vida, algumas vezes ilusória, também pode ser outra justificativa. “Ao procurar um novo apartamento, a falsa sensação de comodidade e segurança são vendidas”, diz a urbanista.

A arquiteta ressalta que o problema é que o excesso da verticalização agrega um maior número de moradores e automóveis nessas áreas, acarretando sérios problemas ao trânsito e à infraestrutura existente. “As ruas locais foram dimensionadas para um tráfego muito menor de carros, juntamente com as vagas de estacionamento”, explica.

Ela ainda conta que o zoneamento é a melhor maneira de controlar a construção desordenada. Esse sistema pode, por meio do coeficiente de aproveitamento, estimular a verticalização de algumas áreas, enquanto outras poderiam ser incentivadas a se pronunciar horizontalmente. “Cabe à Prefeitura e às subprefeituras fiscalizarem as obras na cidade”, complementa.

Um fato curioso é que a maioria das casas do bairro é de estabelecimentos comerciais ou de moradores idosos. Carla explica que o residente não quer sair da região quando se desfaz do imóvel, pois está habituado ao comércio e serviços locais.

Trânsito

Os moradores da Vila Mariana percebem as consequências de morar em uma das regiões mais verticalizadas da cidade. Nair de Freitas, 65, diz que não se importa com tantos prédios pela região, mas se queixa do trânsito. “Chego em casa com dor no pés, às vezes até sinto dificuldades para andar”.

Morador há mais de 30 anos da região, Antônio Silva, 71, diz que os prédios acabaram com a linda paisagem que o bairro tinha. “Agora tudo o que dá para ver é concreto”. Ele também reclama que o barulho e o lixo produzido incomodam. “A vizinhança parece que perdeu a educação”.

A Vila Mariana começou a desenvolver-se nos arredores do antigo Matadouro Municipal, prédio onde atualmente funciona a Cinemateca Brasileira. Algum tempo depois, o aparecimento da ferrovia atraiu moradores, comércio e movimento.

O bairro cresceu, urbanizou-se e começou seu processo de verticalização no século passado. Em 2010, moradores já haviam realizado um abaixo-assinado solicitando à Prefeitura o controle de novas edificações na região.

 Murillo Grant (2º semestre)

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Proximidade de escolas e faculdades faz com que bairro acolha universitários | Portal dos alunos de Jornalismo da ESPM – SP 21 de novembro de 2012 - 16:16

[…] cresceu a demanda por casas, apartamentos e até repúblicas na Vila, e isso justifica um pouco a verticalização do bairro. “Quando passei na Unifesp, para medicina, a primeira coisa que fiz foi procurar uma boa […]

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