Vigilância Sanitária proíbe cigarros com sabores

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Para tentar diminuir o número de novos fumantes, principalmente os adolescentes, Anvisa veta o uso de aditivos nos cigarros

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu no último dia 16 de março o uso de aditivos em cigarros e derivados de tabaco. A fabricação de cigarros com sabores como menta, canela, chocolate e frutas não será mais aceita no mercado. Segundo dados da Anvisa, de 2007 a 2010, o número de marcas de cigarros com sabor cresceu de 21 para 40, um crescimento de 90%.

Para a Anvisa, o objetivo é diminuir o número de novos fumantes, principalmente os jovens, que se atraem pelos produtos aromatizados. Segundo a agência, os cigarros com sabores atraem e fidelizam o consumo, disfarçam o gosto ruim da nicotina, diminuem a tosse, facilitam a tragada e ajudam a desenvolver a dependência. “Evidências científicas apontam que muitos desses aditivos aumentam o poder da nicotina, fazendo com que os cigarros fiquem mais viciantes”, diz o diretor da Anvisa, Dirceu Barbano.

O prazo para a adequação das indústrias às novas regras é de 18 meses para os cigarros e 24 meses para os derivados do tabaco, como as cigarrilhas, fumo para narguilés e charutos. Depois desse período, haverá uma tolerância de até seis meses para a retirada definitiva do mercado.

A estudante Mariana Goulart começou a fumar aos 17 anos os cigarros sabor menta. “Com o lançamento dos cigarros que trocam de sabor, oferecendo a opção de ficar mentolado, o gosto fica mais suave e gostoso, o que aumenta o interesse por fumar”, diz Mariana.

A Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo) afirma, em seu site na internet, que a presença de sabor no cigarro não é o principal motivo que atrai novos fumantes e que essa proibição incentivará o comércio ilegal de cigarros. Segundo a assessoria de imprensa da fabricante de cigarros Souza Cruz, a proibição não irá mudar o fato de os jovens fumarem, e a restrição aos sabores nos cigarros deveria ser menos rigorosa.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a participação do tabagismo na mortalidade por doenças respiratórias crônicas entre os brasileiros está acima da média mundial. Oito em cada dez homens que morrem por esses males são tabagistas. Entre as mulheres, são seis em cada dez mortes. “O cigarro é feito de tabaco, nicotina e contém mais de 4.500 substâncias tóxicas, dentre as quais 43 são cancerígenas. A nicotina é uma droga extremamente viciante, causando dependência física e psicológica”, diz o oncologista Roberto Falzoni.

Renata Kliot Parada (3. semestre)