Veículos hiperlocais investem na riqueza cultural dos bairros em São Paulo

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Informar não é o único objetivo de três jornais, uma revista e uma TV. Foto: Thiago Montero

 

O termo hiperlocal é usado quando se fala de assuntos ligados à localidade do usuário, mas que afetam todo o seu entorno. Nos jornais de bairro, esse tipo de conteúdo é predominante. Isso acontece também na Vila Mariana.

Jornais, revista e até TV. O bairro agrega veículos de comunicação que contribuem para agrupar os moradores. Ser a voz da vizinhança e divulgar os aspectos culturais do bairro são os maiores objetivos desses veículos. Para serem colaboradores, os jornais, a revista e a TV, todos ouvidos pelo Portal, contam com o apoio de seu maior incentivo: os moradores.

O Pedaço da Vila é um jornal que existe desde 2001 e se dedica aos moradores. Denise Delfim, responsável pela publicação, diz que a riqueza cultural da Vila Mariana é produto da diversidade humana da região. “A relação de vizinhança é muito importante e somos nós que fazemos essa relação. Nós temos a missão de revelar os moradores do bairro. Somos a cara da Vila”, diz.

Esse investimento por moradores acontece também dentro do jornal. Todos que trabalham e colaboram com ele são moradores da Vila Mariana. Para Denise, isso aproxima a população e faz a o jornal ser mais conhecido. “O amor que o leitor tem pelo jornal é o que nos anima a continuar”, desabafa.

Além do jornal, há também o Guia do Pedaço, coordenado pela mesma equipe. O guia online, diferente do impresso, publica apenas a programação cultural do bairro. “O Pedaço ganhou muitos filhos em sua trajetória. O Guia é um deles”, comenta Denise.

Investimento cultural

O tradicional jornal O Vila Mariana tem como principal objetivo divulgar a cultura e o que tem de positivo no bairro. “O que tem de negativo, nós já sabemos. O jornal quer mostrar o que tem de bom e de melhor na Vila Mariana”, afirma Heber Micelli Jr., editor do jornal.

Fundado em 1937 por Francisco Rio Miceli, avô do atual responsável, o jornal cultural se torna mais conhecido a cada edição. Como um veículo que vive há muitos anos, mesmo adormecido durante um tempo, ele procura sempre se adequar a atualidade. “Tudo na vida tem que ter uma mudança sem perder qualidade e conteúdo. Nossa população está envelhecendo e nós (o jornal) precisamos envelhecer com uma cabeça de jovem. O Vila Mariana é um jovem de 76 anos”, diz Micelli Jr.

O mais jovem de todos os jornais é o Folha da Vila, criado em março de 2012. Sua meta é agregar informações histórias, socioeconômicas e culturais. Tudo ao mesmo tempo. Vitor Hugo Baqueta, fundador do jornal, explica que o Folha funciona como um elo de diálogo entre o poder público e os moradores. “Um jornal de bairro, além de divulgar, precisa cobrar, denunciar, estreitar relações”, comenta.

Para Baqueta, o bairro é quem comanda o jornal. “A Vila Mariana é um bairro excepcional dentro do contexto de São Paulo. Há algumas particularidades muito íntimas e características daqui. Nós exploramos essas características que tornam o bairro tão marcante”, fala o editor.

Inovação

Por que não mudar e criar algo novo? Foi essa pergunta que surgiu na cabeça de Fabiano Godoy. Houve, assim, a criação da revista Villa Marianna. Diferente, a revista conta com a arte, a redação e a fotografia terceirizada. Porém, tudo passa nas mãos de Godoy. O propósito sempre foi o mesmo desde sua criação, em 2005. “A ideia da revista é resgatar a história do bairro através da história dos moradores. Por isso o nome original do bairro vem no nome da revista. A questão de resgatar a história é essencial para nós”, conta.

Para o criador da revista, o bairrismo ainda está presente nas pessoas. Os moradores hoje não querem só um conteúdo voltado para ele. “Nossa preocupação maior é fazer um conteúdo que leve o morador a viajar. Temos cidadãos do mundo dentro dos bairros”, afirma Godoy.

Alternativa

Como outra opção, surgiu, em 2012, a TV Assim (Associação de Imagens), uma ONG criada por moradores da Vila Mariana. A nova proposta de comunicação funciona por meio da WebTV, que produz vídeos e pretende agregar os moradores. A vizinhança, que simpatiza com a ideia, está sempre participando de alguma forma.

Arthur Bandeira, um dos idealizadores do projeto, afirma que o objetivo principal da TV é fornecer um meio de comunicar o bairro com os próprios moradores. “É uma forma colaborativa onde a gente pode gerar recursos para várias pessoas, visando menos o lucro e mais a atividade. Estamos sempre querendo descobrir a Vila”, diz.

A ONG oferece uma ferramenta de expressão inovadora e, assim como os outros veículos de comunicação do bairro, acredita na maior riqueza da Vila. “O bairro tem uma vida cultural muito ativa. Precisamos preservar isso”, conclui Bandeira.

 

Serviço
Pedaço da Vila – http://www.pedacodavila.com.br/home/
O Vila Mariana – http://www.ovilamariana.com.br/
Folha da Vila – http://www.folhadavila.com.br/
Revista Villa Marianna – http://www.villaeditores.com.br/
TV Assim – http://tvassim.org.br/

Thiago Montero (4° semestre)