Transmissão televisiva da UEFA Women’s Champions League conduz o futebol feminino a um novo patamar

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Isabella Pascucci, Paulo  Belleze, Tatiana Carvalho, Valentina Alayon (oficina de Jornalismo Esportivo)

“Estar na TV é escancarar para todo mundo o que quem acompanha o futebol feminino já sabia: é bom, existe futebol bem jogado, existe competitividade, existe emoção, existe qualidade.”, conta Mariana Spinelli, comentarista da ESPN

Pela primeira vez na história, a transmissão das eliminatórias da UEFA Women’s Champions League aconteceu no Brasil, através dos canais ESPN. Poucos dias antes do torneio recomeçar, os torcedores brasileiros receberam calorosamente a notícia no Twitter e logo uma enorme mobilização tomou conta das redes sociais. Não diferente do que ocorreu durante as partidas, onde o engajamento entre os fãs de futebol feminino e a emissora aumentou, e a hashtag relacionada à competição chegou a ficar nos trending topics do Twitter.

Foto: REPRODUÇÃO/internet
Hashtag sobre a competição alcança o 4º lugar nos assuntos mais comentados do Twitter

Devido à pandemia da Covid-19, o retorno do campeonato sofreu alterações. Os jogos das fases eliminatórias, que antes eram concluídos em duas etapas, foram disputados em jogos únicos, além da competição ter sido centralizada na cidade de Bilbao, na Espanha e sem público.

A competição recomeçou nas quartas de final com jogos de alto nível, entre Barcelona x Atlético de Madrid, Paris Saint Germain x Arsenal, Olympique Lyonnais x Bayern De Munique e Wolfsburg x Glasgow City. Para as semis, os classificados foram: o Barcelona, Lyon, PSG e o Wolfsburg. Com excelentes partidas, Lyon e Wolfsburg se classificaram para a final, e, pela quinta vez consecutiva, o Lyon se consagrou como campeão, dando continuidade à sua hegemonia como maior time feminino europeu. Mariana Spinelli, comentarista da UWCL na ESPN Brasil, ressalta:  “É claro que tem a parte física que ainda não estava tão ajustada. Algumas equipes sentiam mais o segundo tempo, diferente do masculino. Mas acho que o que vimos na final feminina e na masculina, entre equipes alemãs e francesas, foi bem semelhante, dentro de todo o contexto: times ofensivos, que buscavam o gol, contra-ataques em velocidade e craques em campo”.

Foto: REPRODUÇÃO/internet
Mariana Spinelli, da equipe da ESPN Brasil, que se destacou nas transmissões da UWCL

Grandes nomes tiveram participações marcantes nessa temporada. Além da artilheira da competição, Vivianne Miedema, do Arsenal, com 10 gols, jogadoras como Wendy Renard, considerada uma das melhores zagueiras do mundo e capitã do time francês, e Eugénie Le Sommer, meio-campista francesa e quarta maior artilheira da Champions, com 47 gols, foram decisivas para a conquista da taça. Com suas diversas jogadoras experientes e um sistema tático bem desenvolvido, o Lyon ganhou tanta superioridade na Europa, principalmente, por sua base bem estruturada: desde as categorias iniciais, os meninos e as meninas compartilham a mesma estrutura, psicólogos e médicos do clube. A filosofia do Olympique Lyonnais é manter um ambiente igualitário entre homens e mulheres.

Foto: REPRODUÇÃO/internet
Capitã Wendy Renard se emociona ao conquistar sua sétima Champions League pelo Lyon

O equilíbrio que há entre ambos os gêneros dentro do Lyon evidenciou-se ainda mais quando o presidente do time, Jean-Michel Aulas atribuiu a mesma bonificação às equipes masculinas e femininas em suas respectivas classificações na Champions. A resposta a esse investimento igualitário é vista em campo, como destacou a jornalista da ESPN: “Estar na TV é escancarar para todo mundo o que quem acompanha o futebol feminino já sabia: é bom, existe futebol bem jogado, existe competitividade, existe emoção, existe qualidade. É futebol, normal, independentemente de gênero”.

Ainda que inserido na era digital, o futebol masculino é um produto predominante das mídias tradicionais, como televisão e rádio. O meio televisivo continua sendo o maior veículo de comunicação para o consumo de esportes mas, segundo Mariana Spinelli, o movimento pode ser contrário e o futebol feminino pode se consolidar no streaming e criar uma relação maior com a internet. Ainda sim, a comentarista enfatiza a importância da televisão para o momento atual da modalidade, que está em ascensão e precisa de mais popularidade.