O projeto Jornalismo no Cinema, promovido pelo professor da ESPM-SP, Ênio Moraes, exibiu na segunda-feira, 6 de outubro, o documentário Junho e contou com a presença do diretor João Wainer, que conversou com os alunos do curso de Jornalismo e explicou um pouco mais sobre a produção do projeto e suas etapas, além de contar de maneira pessoal suas impressões sobre esse período de 2013.
O resultado das eleições que ocorreram no dia anterior à exibição não pode deixar de ser comentado, e foi o assunto da primeira pergunta feita ao diretor que alegou ainda não tê-lo compreendido. “Posso estar falando bobagem, mas acho muito esquisito o resultado da eleição de ontem, pensando nas manifestações que aconteceram um ano atrás que pediam mudanças”, disse. E mesmo sem gostar de generalizar posições deu espaço à reflexão: “Vendo o filme hoje, um dia depois das eleições, tenho a impressão de que a direita saiu fortalecida das manifestações”.
Abordando de maneira mais direta os acontecimentos do mês de junho do ano passado, Wainer, acostumado a cobrir e trabalhar em cenários tensos, acredita que os acontecimentos foram gerados em cadeia. “O vandalismo provocou reação da imprensa, que provocou a reação da polícia”, afirmou. Para o diretor, que presenciou e registrou a invasão a um grande magazine no centro de São Paulo, o acontecimento foi tão novo que tanto o MPL (Movimento Passe Livre), quanto a polícia e a imprensa estavam perdidos. “Todo mundo estava perdido”, concluiu.
Apesar das grandes teses e teorias que bombardearam a grande imprensa e as redes sociais com a tentativa de explicar o fenômeno brasileiro, o documentário vai no sentido oposto. “Fazer o filme sobre junho e não apenas dos protestos de uma maneira geral foi muito libertador”, afirmou o diretor.
Segundo ele, que enxergou desde o princípio do movimento o tema que precisava para um documentário, as redes sociais também tiveram muita importância. “É um contraponto à grande mídia muito legal”, afirmou. Embora defenda também o papel da grande mídia e dos jornalistas. “Se não fossem os repórteres, muita gente não conseguiria manter-se informada”.
Ao final do projeto, Wainer e sua equipe tinham duas hipóteses sobre o que poderia acontecer neste ano de 2014. “Ou o bicho vai pegar na rua durante a Copa e o filme cresce ou a Copa vai ser ótima e ninguém vai querer saber de junho”, disse. Apesar de a segunda opção ter sido o que de fato aconteceu, não há dúvidas quanto à notoriedade e da proporção que o documentário, que já esta disponível para download na Itunes Store e pela tv paga, ganhou.
Carolina Brandileone (1 semestre)