Sebo Pura Poesia, no bairro Ipiranga. Foto: Cecília Carrilho.
Texto e Fotos: Cecília Carrilho – 4° semestre
Em 2024, o preço médio dos livros novos alcançou R$48,65. Isso fez com que muitos leitores recorressem a livros usados nos sebos. Além de oferecerem acesso a obras clássicas e raras, esses espaços tornam-se cada vez mais pontos de encontro cultural e alternativas viáveis para amantes da leitura.
Para Roseleine Aro, frequentadora de sebos, os preços mais baixos são um grande atrativo: “Ah, os preços são ótimos, né? Comparados aos da livraria é muito melhor. E você consegue coisas tão boas quanto nas livrarias.”
Além da economia, os sebos permitem acesso a obras difíceis de encontrar em lojas de livros comuns. A diversidade de gêneros disponíveis nos sebos também atrai novos leitores de todas as idades, especialmente interessados em explorar autores e títulos fora das tendências comerciais.
“Eu gosto de coisas mais antigas. A livraria é muito mais relacionada ao que está na moda, tudo que está no TikTok. Então eu prefiro o sebo, que a gente consegue ver coisas mais antigas”, comenta Roseleine.
Desafios e Mercado
Apesar do apelo crescente, os sebos enfrentam desafios como a concorrência com e-commerces e com livrarias. Proprietários e funcionários têm inovado com estratégias criativas, como aceitar trocas de livros, organizar eventos culturais e oferecer um ambiente acolhedor. Thamires Cristina Silva, funcionária do Sebo Pura Poesia, no bairro Ipiranga, destaca: “A gente coloca obras expostas em destaque, usa placas na calçada e organiza eventos para atrair o público.”
O movimento em direção ao consumo consciente também favorece o crescimento dos sebos. De acordo com a Academia do Saber, a reutilização de livros contribui para a sustentabilidade, reduz o desperdício e promove um uso mais responsável dos recursos. Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que 81% dos brasileiros estão mais preocupados com hábitos de consumo sustentável.
Cultura, Encontros e Literatura
Os sebos não são apenas locais de venda, muitos funcionam como espaços culturais e de encontro. Thamires também destaca a importância de oferecer uma experiência completa: “Aqui tem público de todos os tipos, e o público em geral são pessoas muito inteligentes. Eu gosto muito de conversar aqui, é sempre uma experiência muito boa.”
Para muitos frequentadores, o diferencial dos sebos está na atmosfera intimista e na oportunidade de explorar prateleiras recheadas de surpresas. “O que mais gosto é conhecer autores novos. Eu sempre olho os nomes e as capas que estão nas prateleiras “, destaca Roseleine.
No entanto, a interação com outros leitores e o contato direto com os livros tornam a experiência nos sebos algo especial e difícil de replicar em plataformas digitais ou livrarias comerciais.
Por quê “sebo”?
O nome “sebo”, dado a lojas de livros usados, tem duas teorias principais para sua origem.
A primeira remete ao período em que a leitura era feita à luz de velas. Com a proximidade das chamas, a cera derretida caía sobre as páginas, conferindo aos livros mais antigos um aspecto “ensebado”. Essa característica visual teria dado origem ao termo.
A segunda teoria, mais simples e considerada mais provável, sugere que o nome veio da ideia de que livros muito manuseados acabam acumulando gordura das mãos, ficando sujos e brilhantes.
Veja na galeria a seguir imagens de sebo em São Paulo. Foto: Cecília Carrilho.