Revista estreia robô baseado em sistema de inteligência artificial da IBM

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»»»Esta edição da Plural incorpora, pela primeira vez nos quase sete anos de revista, um projeto de inteligência artificial. Trata-se do chatbot – ou robô de conversação – Gutenbot, um sistema que tem a capacidade de criar diálogos com as pessoas por meio de um chat em site da internet.

Este tipo de sistema interativo ganhou popularidade nos últimos anos e tem sido usado por diversas empresas para atender e tirar dúvidas de  clientes na internet. Além disso, os chatbots também já são usados por empresas jornalísticas – ainda de maneira muito tímida – e até por projetos sociais com o objetivo de conscientizar a população sobre determinado problema.

A criação do Gutenbot foi 100% realizada dentro da ESPM, por professores e alunos. Envolveu, além da equipe da Plural, outra oficina do curso de jornalismo, o LabFor (Laboratório de Formatos Híbridos). A parte mais técnica de programação ficou a cargo do professor Maurício Pimentel e do graduando Gabriel Nori, ambos da área de inteligências do PowerLab, laboratório do curso de Tech da ESPM, e o acesso à ferramenta tecnológica foi cedido pela IBM, proprietária do sistema Watson de inteligência artificial, que também disponibilizou um treinamento aos envolvidos, ministrado pelo professor de Tech e engenheiro da IBM Fabrício Barth.

“Temos um convênio acadêmico com a IBM, por isso tivemos a oportunidade de usar a plataforma. Projetos como esse provam o valor dessas parcerias e convênios”, celebra Pimentel.

“A realização do GutenBot é um marco para nós, não só pela aplicação em si, o que já seria histórico, mas pela oportunidade de integrar alunos de cursos diferentes – Jornalismo e Tech –, de âmbitos diferentes – a graduação e o Mestrado Profissional em Produção Jornalística e Mercado –, e de contar com o apoio de uma grande empresa no projeto”, ressalta o professor Renato Essenfelder, editor da Plural e pesquisador na área de jornalismo e inteligência artificial.

Giovanna Vieira, aluna do mestrado e monitora da revista no período, ajudou a coordenar a experiência com os alunos mais jovens, e o professor Fabiano Rodrigues, engenheiro que ministra aula também no mestrado profissional da instituição, ajudou a coordenar o projeto – que deve resultar, ainda, em artigo científico avaliando a experiência.

O tema do chatbot se refere à participação do Brasil na Copa do Mundo da Rússia. O coordenador do LabFor, André Deak, especialista em novas linguagens jornalísticas, conta que essa definição foi estratégica. “É fundamental saber definir o escopo de um projeto desses, pois, caso contrário, as pessoas irão se frustrar ao interagir com um robô de temática muito aberta e receber respostas sem sentido”, conta.

“Decidimos então tratar da cultura e da sociedade russa na revista impressa e deixar toda a parte relativa à Copa para o robô. Assim, a revista se manterá atemporal, enquanto o robô atenderá a essas questões mais quentes”, completa Essenfelder.

Para os alunos do LabFor, que alimentaram o robô com perguntas e respostas e o treinaram nos seus estágios iniciais, a experiência, que ao todo durou quatro meses, foi marcante. “Foi muito inovador. Eu até conhecia essa linguagem de inteligência artificial em outros contextos, mas nunca imaginei trabalhar com isso no jornalismo”, conta Marcelo Nogueira, estudante do terceiro semestre do curso de Jornalismo da ESPM.

Definido o tema, o próximo passo do projeto foi imaginar dezenas de perguntas que poderiam ser feitas ao chatbot e categorizá-las no formato exigido pela plataforma Watson. Depois, já com o auxílio do professor Maurício Pimentel, de Tech, essas perguntas foram sendo continuamente alimentadas e testadas no sistema de inteligência artificial.

Os alunos de jornalismo também ficaram responsáveis pela redação de todas as respostas do bot. Catarina Bruggeman, do terceiro semestre, disse que se surpreendeu com a possibilidade de estudantes de jornalismo desenvolverem um robô sem conhecimentos prévios de programação. “Fiquei bastante impressionada com a simplicidade para treinar o bot”, conta.

Essa particularidade é uma das características do sistema usado para fazer a programação do bot, o Watson, da IBM. O objetivo é que, com criatividade e conhecimento mínimo sobre códigos, qualquer um consiga criar um chatbot. Um outro detalhe interessante é que, depois de pronto, é preciso treinar o robô para, ao longo do tempo, minimizar respostas equivocadas. “A novidade desse tipo de recurso não é mais propriamente conversar com um robô, mas sim a naturalidade que esses mecanismos vão adquirindo. Eles ficam cada vez mais humanos”, conta Catarina.

A ideia é que o Gutenbot seja reprogramado, de tempos em tempos, para atender a outras demandas dos alunos e professores dos cursos de jornalismo da ESPM. Assim, fica o desafio para as próximas equipes de alunos de introduzir a tecnologia em diferentes narrativas e torná-las mais interativas e atraentes, como exige o jornalismo do século 21.