Rafael Saldanha (2º semestre)
Depois de mais de oito meses da emergência da Covid-19 em Wuhan, China, a maioria dos países flexibilizou as respectivas quarentenas e medidas de isolamento social. No entanto, principalmente em nações europeias, enxerga-se uma retomada ascendente de pessoas contaminadas. O Reino Unido, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apresentou um aumento no início de setembro, com mais de 20 mil pessoas infectadas por semana, porém as semanas de 28 de setembro (50 mil contaminadas) e 5 de outubro (110 mil contaminadas em relação à semana anterior) representaram um descontrole da pandemia e a imposição de novas medidas de quarentena.
Na última segunda-feira, 12, o primeiro-ministro inglês, Boris Johnson, estabeleceu um novo sistema de lockdown, onde o território será dividido entre três níveis, médio, alto e muito alto, com as restrições sendo mais rigorosas nas áreas de preocupação “muito alta”. Essa é a segunda medida de quarentena no Reino Unido. Em 23 de março, Jonhson anunciou o primeiro lockdown, que foi permitido por uma nova legislação, concedendo ao governo poderes para restringir a liberdade da população. Naquele caso, as pessoas só podiam sair por quatro motivos: comprar comida, problemas médicos, exercitar-se sozinhas e disponibilizar ajuda aos menos favorecidos, sem encontrar com outras pessoas.
O correspondente internacional da TV Bandeirantes, na Inglaterra, Felipe Kieling, falou sobre a segunda onda da doença e as respostas governamentais para conter o avanço. “Os casos voltaram a crescer aqui, quando houve um relaxamento das medidas restritivas, então, a partir do momento em que o governo liberou pessoas para voltarem ao trabalho, escolas e universidades, houve um aumento na taxa de novos infectados”, disse o repórter. Segundo ele, houve um aumento muito grande em universidades na última semana, com mais de 5 mil casos em 80 instituições. “Hoje, a taxa de contaminados está crescendo principalmente entre jovens, que estão saindo para pubs, fazendo festas, e esse grupo de pessoas não tem grandes sequelas, já que a doença não se desenvolve com tanto perigo para eles”, diz Kieling.
O jornalista ainda explicou sobre as medidas de isolamento social impostas pelo governo, para conter a disseminação do vírus. Na situação atual, o lockdown de nível “médio” está imposto na Inglaterra desde metade de setembro. Ele estabelece a reunião de, no máximo, seis pessoas em um grupo e a permanência de uma abertura segura de escolas, universidades e locais de trabalho. O nível “alto” consiste em reduzir a transmissão em casas e ambientes fechados, portanto, o governo inglês proibiu a reunião de pessoas fora de suas bolhas familiares. Já as regiões de nível “muito alto”, como a cidade de Liverpool, são as que tem um crescimento muito rápido do Coronavírus, com sobrecarga do sistema de saúde público. Pubs e bares estão fechados e concentrações em casas, assim como fora delas, proibidas.
Os outros países do Reino Unido, Irlanda do Norte, País de Gales e Escócia já impuseram medidas rígidas de isolamento. Com isso, hoje pela manhã, em pronunciamento oficial, o primeiro-ministro galês, Mark Drakeford, ameaçou fechar a fronteira com os ingleses, se Boris Johnson recusar-se a impor restrições de viagem em todo território inglês.
“Já estava tudo normal em junho, por exemplo, mas, agora, com a segunda onda, o primeiro-ministro já decretou uma regra de os bares fecharem às 22h e uma das piores coisas, eu acho, é que a gente não pode andar em grupos de mais de seis pessoas. Já estava praticamente tudo aberto, mas agora, em outubro, fechou tudo de novo e, quando saímos, não podemos ficar além de 22h fora”, disse Maria Fernanda Fernandes, moradora da Inglaterra, sobre a vivência atual no país.
No dia 22 de setembro, Boris Johnson disse que medidas nacionais de isolamento podem perdurar por outros seis meses ou mais.