Polêmica das ciclovias continua na Vila Mariana

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Ciclovias e ciclo faixas estão envolvidas em nova polêmica foi a proibição da continuidade de sua implantação, solicitada pelo Ministério Público e acatada parcialmente pelo Poder Judiciário, em 17 de março de 2015.
A promotora Camila Mansur Magalhães da Silveira solicitou paralisação imediata de todas as obras e recomposição da pavimentação das ruas ao estado anterior de seu início. Já o juiz Luiz Fernando Rodrigues Guerra acatou parcialmente o pedido no dia 19 de março, desconsiderando a solicitação de paralisação da construção da ciclovia na Avenida Paulista.
Na Vila Mariana, a polêmica se arrasta desde 2014 com o início da implantação da ciclovia na Avenida Lins de Vasconcelos, sem previsão para solução. Outro trecho é o da Rua Madre Cabrini, compreendido entre a Rua Domingos de Moraes e a Rua Sena Madureira. Há três escolas localizadas nesse percurso: a Escola Judaica, o Colégio Poliedro e o Colégio Madre Cabrini. O trânsito na hora de entrada e saída dos alunos teria se complicado graças às vias ciclísticas.
O vigilante Robert Siqueira, que faz o embarque dos alunos da ESPM em vans com destino à faculdade, afirma que o trânsito ficou muito pior depois da implantação da ciclovia. “As vans saíam ao lado do Colégio Madre Cabrini, agora saem da Rua Domingos de Moraes, ficando presas no congestionamento”, explicou.
“Ninguém que trabalha ou estuda na região aprovou essa ciclovia em frente ao Colégio”, disse Siqueira. “Nem o pessoal da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) apoia esse trajeto devido ao aumento na lentidão da rua”, complementa.
Ana Luiza Trojano, estudante do terceiro semestre de Administração da ESPM, lembra que até o final do ano passado levava cinco minutos no trajeto feito pela van da faculdade entre a Rua Madre Cabrini e a entrada na instituição. “Agora levo 15 minutos, pelo menos, porque o percurso dobrou.” Ela afirma que no início da implantação, os estudantes embarcavam com a van parada do lado esquerdo, mas com carros passando ao lado era perigoso. Então, mudaram o local de embarque para a Rua Domingos de Moraes, dobrando o tempo que levavam.

Justiça

Desde fevereiro, é travada uma batalha judicial para tirar esse trecho de ciclovia. A juíza Simone Moraes Leme mandou retirar a ciclovia em frente ao Colégio Madre Cabrini, em decisão liminar, cassada pelo Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), desembargador José Renato Nalini, em 26 de fevereiro. Em reunião no dia 25 de março, o pleno do Tribunal de Justiça por unanimidade decidiu a favor de Nalini.
“Não vejo uma única bicicleta passar nessa ciclovia durante todo o dia”, garante Edson Rodrigues, jornaleiro e morador do bairro. Segundo ele, os pais dos alunos não tem como parar para o embarque e desembarque de seus filhos no Madre Cabrini. “Todos os comerciantes também são contra ela, pois atrapalha os clientes chegarem até o comércio.”
De acordo com Rodrigues, a pintura da via está desaparecendo, o que chama de “tremendo 171 em cima dos moradores da Vila Mariana. Em minha opinião, essa ciclovia deveria sair daqui o mais rápido possível”, opina.
No dia 19 de março, a Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade) encabeçou um movimento de ciclo ativistas reivindicando que a liminar de suspensão das obras não fosse concedida pelo Juiz da quinta Vara. Daniel Guth, diretor de participação da associação, questionou a ação pública em entrevista a IstoÉ, alegando que o documento está pautado por quem deseja apenas favorecer o trânsito de carros, sem pensar na segurança do ciclista.

Acidente

O estudante do terceiro semestre de Jornalismo da ESPM, Thomas Aoki, teve um incidente na ciclo faixa da França Pinto no começo do mês. “Tinha acabado de acordar e estava indo para a faculdade. Fui atravessar a rua, olhei apenas para um lado – tinha esquecido completamente da ciclofaixa -, passou um ciclista pelo outro e tomei uma cotovelada no rosto”, explica.
Apesar do ocorrido, Aoki continua passando pelo local. “Eu ainda atravesso a rua por lá, mas agora com mais cuidado. Sempre”, enfatiza. Para o estudante, o que faltou foi atenção, não fiscalização. Mas faz uma ressalva: “Não sei se considero um erro eles terem feito ela de mão dupla. Estou acostumado com os carros irem em só uma direção, então só olho para um lado”.
Aoki é a favor da ciclo faixa. Para ele, da mesma forma que os carros tem um espaço, os ciclistas podem ter também. Mas entende que ela pode prejudicar outras pessoas. “Como não tenho carro, não me atrapalha em nada. Mas talvez atrapalhe pra quem tenha”, diz.
A batalha judicial promete ser longa, o magistrado deu prazo de 60 dias para que a Prefeitura apresente os projetos solicitados pelo Ministério Público.

Por: Renato Barbato/Pedro Rodrigues/ Otávio Cintra/Thayane Matos