Patrícia Campos Mello discute desinformação em aula magna

Share

Autora do livro “A máquina do ódio”, jornalista conta experiências profissionais e destaca o papel do jornalismo para a manutenção da democracia – Foto: Letícia Mares Guia

Letícia Mares Guia (1º semestre)

Na última terça-feira, dia 7 de março, a ESPM recebeu a jornalista Patrícia Campos Mello para a aula magna do curso de Jornalismo. Ganhadora dos prêmios Internacional de Liberdade de Imprensa e Maria Moors Cabot, ela é formada pela Universidade de São Paulo (USP) e possui mestrado pela Universidade de Nova York (NYU, na sigla em inglês). Sua abordagem versou sobre tópicos como a violência enfrentada por jornalistas nas mídias sociais e sua experiência na cobertura do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022).

O primeiro destaque foi dado à transição de governos, iniciada após o término das eleições, em outubro de 2022. Campos Mello reforçou a necessidade de os jornalistas não insistirem numa falsa equivalência entre gestões, uma vez que a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, independentemente de críticas que possa receber, não representa até agora uma ameaça à democracia.

A jornalista também fez referência à invasão ao Congresso Nacional, em Brasília, ocorrida em janeiro deste ano, como resultado do cenário de insegurança e dos discursos de ódio que o país enfrentou nos últimos quatro anos. “Se a gente pensar no que aconteceu no dia 8 de janeiro no Brasil, é uma demonstração cabal de que tipo de violência a desinformação pode levar”, afirmou.

Como há parcela significativa da população que acredita em teorias da conspiração, a produção de matérias fidedignas e bem apuradas é, na opinião de Campos Mello, o melhor tipo de ativismo que um jornalista pode exercer.

Regulação das redes – A jornalista ainda comentou que a regulação das redes, embora seja uma saída para o enfrentamento da desinformação, não deve ser realizada exclusivamente pelo governo e tampouco somente pelas empresas que controlam as plataformas digitais. Ela defende a necessidade do estabelecimento de um órgão regulatório que reúna representantes dessas entidades, mas que também inclua a sociedade civil.

“Você tem que ter vários representantes da sociedade civil, empresas, consumidores, etc., pra colocar em prática, auditar, fiscalizar as regulações que o governo quer fazer. Se não, quem vai fazer isso? É o juiz de primeira instância?”, questionou.

Repercussão – Os alunos do curso de Jornalismo que participaram do evento avaliaram positivamente o tema e a escolha da palestrante. “Ter uma experiência com pessoas que já estão na área há muito tempo e especialmente por ela trabalhar em um espaço muito conhecido, que é a Folha de S.Paulo, que particularmente é um espaço que chama muito minha atenção, é algo muito bom”, disse a estudante Julia Rodrigues Candiani, do 1˚ semestre.

A coordenadora do curso, Maria Elisabete Antonioli, enfatizou que costuma buscar profissionais com perfis diferentes para ministrar as aulas magnas, a fim de enriquecer o repertório dos alunos. “Foi muito interessante a palestra. Espero que os alunos tenham gostado, porque ela é uma mulher, uma jornalista, inspiradora mesmo. Uma profissional com uma grande experiência que traz uma contribuição muito forte do seu trabalho, e eu acredito que ela conseguiu passar isso para os alunos”, concluiu.

#ParaTodosVerem: Fotografia colorida mostra Patrícia Campos Mello no auditório da ESPM, sentada, com microfone na mão esquerda, apresentando a aula magna. Patrícia é uma mulher branca que veste blusa bege e calça jeans e que tem o cabelo louro solto. No telão, atrás da palestrante, está projetada a página inicial do site da ESPM.