O porquê de a Chácara Klabin estar se tornando cada vez mais francesa

"Bleu", "blanc", e "rouge". As cores mais presentes no Klabin. Foto e edição: Nikolas Ambrosano

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Moradores e funcionários do bairro relatam que o número de famílias francesas na região tem aumentado nos últimos anos

Nikolas Ambrosano e Renan Gabriel (3º semestre)

A história da Chácara Klabin sempre esteve ligada aos imigrantes. A primeira família que se instalou no bairro era italiana, porém não mais importante que os Klabin, de origem lituana. Além disso, um dos principais templos budistas da cidade de São Paulo, o Central Nikkyoji, foi o primeiro imóvel construído na região, pelo monge japonês Ibaragui Nissui. Já nos dias de hoje, a cultura que se destaca no bairro é a francesa. Um estudo feito em 2013 pela EMDOC, consultoria de mobilidade global, apontou que os franceses casados optam por morar na Chácara Klabin pela presença de dois colégios franceses localizados nas proximidades.

Em uma época em que o Klabin ainda era uma região pacata e humilde, foi aberta na rua Vergueiro a unidade do Curso Experimental Bilíngue, local onde se encontra hoje a Escola Lycée Pasteur, referência em colégios franco-brasileiros. Como consta no site do colégio, em 2012 ocorreu o reconhecimento integral das autoridades brasileiras ao curso educacional bilíngue da instituição. A outra unidade do Liceu está situada na rua Mairinque, que também conta com muitos estudantes que vivem no Klabin, por estar a apenas 4 minutos do bairro.

Uma dessas estudantes é Edeline, que veio de Lille para o Brasil em 2016, e vive no bairro pela proximidade com o Liceu. Ela se diz muito satisfeita com a vida na região. “É muito legal morar aqui, todos os meus amigos estão perto, e nós, franceses do bairro, temos um grupo de apoio no WhatsApp”.

Alguns moradores da Chácara Klabin têm notado o aumento de famílias vindas do país europeu no bairro nos últimos anos, como conta a também estudante Carolina Matsuda. “De uns anos para cá eu percebi que a quantidade de franceses no bairro vem aumentando. No meu prédio, por exemplo, as famílias que vêm da França geralmente possuem filhos que estudam no Liceu. E sempre que uma volta para o seu país de origem, entra outra logo em seguida”.

João Santos, zelador de um edifício situado no bairro, também comentou que o número de famílias francesas aumentou no local recentemente. “Hoje em dia vivem cerca de quatro famílias de franceses aqui no prédio, há quatro anos não havia nenhuma”.

Uma opção para eles se sentirem em casa é o recém-inaugurado Atelier Voltaire Pâtisserie, tradicional confeitaria francesa, que, além de oferecer os famosos croissants, éclairs e mil folhas, também promove um curso de Pâtisserie para seus clientes. Ela está localizada na rua Voltaire, próxima ao metrô Chácara Klabin. Outra marca da referência à França no local é o nome de algumas ruas, que homenageiam personalidades importantes do país europeu, como o escritor Voltaire, e o filósofo Montesquieu.

Em uma cidade que abriga inúmeras culturas, os franceses também merecem destaque. De acordo com o Consulado Francês de São Paulo, nos últimos dez anos, a população francesa em São Paulo variou entre 8 e 8,5 mil pessoas, que podem encontrar o seu lugar ideal nesse pequeno bairro situado no coração da Vila Mariana.