O medo no transporte público

Share

Manuela Margini – 4º semestre de Jornalismo

Andar de metrô é algo que já está no meu cotidiano, a aventura já começa na plataforma. A luta para entrar no vagão é enorme. Eu, que pareço uma criança no meio de gigantes, não entro nessa briga, espero pacientemente o metrô que eu consiga entrar com a maior calma e paz. Cada dia que embarco no vagão pela porta 25 da linha lilás, sentido Chacara Klabin, é uma viagem diferente.

Hoje, quando cheguei, o metrô já estava parado na plataforma e com pessoas espremidas na porta, tenho certeza de que se estivéssemos na década de 1970 ou 1980, as pessoas andariam penduradas para fora do vagão assim como faziam nos ônibus.

O metrô ficou parado por mais de 5 minutos, havia uma movimentação na porta 15 e meu espírito jornalista falou mais alto e fui verificar o que acontecia. Uma mulher sentada no chão passando mal e as pessoas em volta dando espaço e tentando auxiliá-la.

Depois de instantes, um policial apareceu para ajudar. No momento que o  entrou, as portas se fecharam e o motorista seguiu viagem. Eu e todas as pessoas que estavam na plataforma ficamos com ponto de interrogação sobre o que teria acontecido com aquela mulher. Mas agora, cada um teria que imaginar o desfecho dessa história.

No meio da linha lilás chega um senhor e se senta ao meu lado no banco preferencial e logo escreve para uma pessoa cujo contato está Ednalva amada esposa. Ele relata para a mulher que todos à sua volta estão sem máscara e que está protegido como havia combinado. O senhor ainda promete para a mulher que irá passar o álcool em gel que ela colocou em seu bolso e fala que está com medo dessa aglomeração. Naquele vagão, os únicos com máscara éramos eu e o senhor. Acredito que todos deveriam ser como nós e tentar se proteger ao máximo, além de proteger aqueles que estão ao seu redor.

A obrigatoriedade das máscaras em transportes públicos deveria continuar sendo vigente, pois não é algo que diminui exclusivamente a transmissão da Covid-19, mas sim de diversas outras doenças, como o próprio resfriado. Além de ser uma questão de higiene, pois o distanciamento já não é cumprido e o espaço pessoal de cada um não existe.

Quando estava voltando para casa, peguei o metrô das 17h, horário de pico, e já sabia o que me aguardava, uma lotação e aglomeração nos vagões. Mas eu só conseguia pensar no senhor que encontrei na manhã do mesmo dia e o seu medo com a falta de proteção.