“O golpe não é militar, é civil-militar”, diz historiador sobre a ditadura

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No dia 31 de março, em memória aos 50 anos da ditadura militar, o Auditório Victor Civita, na ESPM-SP, reuniu professores e alunos para debater o fim do governo de João Goulart, aspectos da ditadura, o Ato Institucional n 5 e o “milagre econômico”.

Professores da ESPM-SP debatem sobre os 50 anos da ditadura no Brasil. Foto: Fernando Turri.

Cristina Helena, professora de macroeconomia da ESPM-SP, abordou o cenário econômico brasileiro da época. “Nós somos uma sociedade que deve temer esse discurso que relembra a ditadura como período de crescimento econômico, um período bom”, enfatiza a doutora em Economia de Empresas pela FGV/SP.

Segundo ela, a ditadura militar foi um período em que se colocou a liberdade de expressão em segundo plano, sendo, portanto, inaceitável. A corrida mundial do desenvolvimento, como ela brincou, foi conquistada à base anabolizantes, ou seja, com forte endividamento externo.

O debate contou também, com o historiador Sidney Ferreira Leite, que fez um breve panorama do período posterior ao regime, e destacou a participação efetiva dos Estados Unidos no contexto. “As articulações vão envolver civis, políticos, os Estados Unidos e os militares. O golpe militar não é militar, é civil-militar com a participação efetiva dos Estados Unidos.”

Professor Sidney Leite, em debate na ESPM-SP. Crédito: Fernando Turri.

Já o jornalista Leonardo Trevisan comentou os aspectos da imprensa no período militar. Ele lembra que a maioria dos jornais da época apoiou o movimento, e que depois mudaram de opinião. É o exemplo do Estado de São Paulo que divulga o dia em que passou para a oposição(29 de Outubro de 1962-logo após o decreto do AI 2).

Outra convidada, a professora e advogada Denise Fabretti discutiu os aspectos jurídicos do regime e do Ato Institucional número 5 decretado em 24 de Janeiro de 1967. “O AI 5 era uma forma de institucionalizar o que já vinha sendo feito.”

O historiador concluiu que o Brasil ainda encara a ditadura de forma cínica e cita como exemplo a anistia concedida para ambos os lados – torturadores e torturados – o quê dificulta as investigações e o entendimento da população sobre os fatos.

Letícia Teixeira e Fernando Turri ( 1° Semestre)