“O estado oferece-lhes uma morte lenta”, diz geógrafo sobre os índios

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Por Mateus Lemos

Na última quarta-feira (16), repercutiu internacionalmente a comemoração dos índios ao receber a notícia de que o pedido de indenização feito pelo governo do Mato Grosso do Sul foi negado. Embora uma vitória tenha sido comemorada, de acordo com o jornal espanhol El Mundo, estes índios, que moram nesta região, sofrem com diversos problemas sociais, físicos e emocionais.

A tribo Guarani-Kaiowá é vítima de violência e abusos sexuais onde vivem devido a um conflito por interesse de terras. Mamãe Júlia, 79, uma das moradoras, relata ao periódico espanhol que perdeu cinco dos seus nove filhos. Júlia diz que três deles foram assassinados e dois se suicidaram ao ver uma de suas mulheres grávida ser abusada por cinco homens armados.

Ainda de acordo com o El Mundo, passam de 750 mortos os indígenas nessa região do MS. Para o promotor Mark Homer, este número é superficial porque existem muitos índios desaparecidos. “Há muitos índios desaparecidos, queimados para não deixar nenhum rastro e não entram nas estatísticas”, diz.

Para Adair Archanjo, geógrafo na Universidade Federal de Dourados, o povo Guarani são os que mais sofrem com violência e exploração. “Eles vivem em condições sub-humanas, não pode caçar, cultivar, nada do que eles sabem fazer. O estado oferece-lhes uma morte lenta, mas se eles aprovarem este marco, o período de tempo (para morrerem) será imediato”, completa ao jornal espanhol.

A vitória é um alívio para Mamãe Júlia e dá um ar de último suspiro para que continuem vencendo, mas as suas perdas jamais serão esquecidas.