Moradores questionam queda de violência em relatório da SSP

Mapa do site "Criminalidade bairro a bairro", realizado a partir dos dados da SSP. (Fonte: OESP)

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Mapa do site “Criminalidade bairro a bairro”, realizado a partir dos dados da SSP. (Fonte: OESP)

No dia 25 de abril, a Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo divulgou o mapa da violência de 2015. Segundo os dados publicados por mapa de O Estado de S. Paulo, os casos de homicídio na capital diminuíram em 23,89% na comparação dos três primeiros meses de 2016 com o primeiro trimestre do ano passado. Usando os mesmos critérios, os casos de roubo caíram em 0,32%.

Na Vila Mariana, foram registrados 1236 roubos e furtos, 67 casos de lesões corporais e 3 estupros no 36° DP do bairro, nos três primeiros meses de 2016. Em contrapartida, não foi registrado nenhum caso de homicídio e de latrocínio. A reportagem do Vila Mariana foi às ruas saber a impressão dos moradores e trabalhadores do bairro a respeito da violência na região.

O agente de segurança Reinaldo Rodrigues, 44 anos, acredita que os números são forjados pelo governo. “Pelo o que você vê por aí, não só em jornais, mas no boca-a-boca de vizinhos e parentes, a violência tem crescido”, afirma.

“Não me sinto seguro na Vila Mariana. Não me sinto seguro não só nesse como em outros bairros. Eu moro no Jaraguá, também a insegurança é total. Não tem lugar em São Paulo onde você se sinta seguro”, lamenta.

Agente de segurança da Belas Artes, Rodrigues fala sobre um incidente presenciado por ele em que uma garota teve o celular roubado e, após reagir, foi ameaçada com uma arma de fogo pelo ladrão. “A menina começou a xingar o motoqueiro. Nisso, ele sacou a arma e começou a ameaçá-la. Eu virei para ela e mandei ela (sic) calar a boca, porque senão ele ia atirar. Aí ele guardou a arma, ligou a moto e foi embora”, conta.

Quando perguntado sobre sua função de fazer a segurança no perímetro da universidade, Rodrigues é realista: “Se para o policial que anda armado está difícil, imagina para a gente”.

Para a professora de dança Adriana Máximo, que mora no bairro há um ano, a região da ESPM e da Belas Artes tem segurança privilegiada em função das próprias universidades. “Não se tem patrulha como se tem aqui. Se sair desse perímetro aqui, infelizmente tem assalto”, explica.

Adriana acredita que uma boa iluminação ajudaria a aumentar a segurança do bairro. “Iluminação é muito importante. E todos os bairros deveriam ter ronda”, argumenta.

Já o aposentado de 75 anos Seiiti Ikemori, que mora há 41 anos na Vila Mariana, acredita que um Código Penal mais rígido ajudaria a diminuir a violência. Seiiti também opina a respeito da questão da maioridade penal: “Faz alguma diferença você levar um tiro ou uma facada de um sujeito homem ou de um menino de 12 anos? Ficam discutindo há 20 anos se maioridade penal deve ser de 16, 17, 18 anos, e não vai resolver porcaria nenhuma”.

Para diminuir as possibilidades de ser roubado, Ikemori toma precauções: “A gente evita de andar em certos lugares à noite”.

Lucas Rossini, estudante do primeiro semestre de Ciências Sociais e do Consumo na ESPM, também toma cuidados em relação à segurança. “Eu tento fazer a minha parte, não mostrando os objetos que eu tenho de valor. Eu procuro me precaver”, conta.

A opinião mais forte, no que diz respeito ao que deve ser feito para diminuir os crimes, é a do agente de segurança Rodrigues. “Eu acho que todo cidadão de bem tem que andar com a sua arma na cinta. Cidadão de bem. Mas aí você vai ser responsável por aquilo”, explica.

Transparência

Ontem (09/05), o Governo do Estado de São Paulo lançou um portal de informações sobre a segurança pública, que leva o nome de Transparência (http://www.ssp.sp.gov.br/transparenciassp/), disponibilizando acesso a mais de 120.000 dados sobre a criminalidade. Esse conteúdo procura reforçar a transparência do Estado, divulgando informações sobre a produtividade dos policiais em mais de 645 municípios, incluindo a capital. Esse conteúdo pretende permitir um estudo maior e mais detalhado sobre dados essenciais no combate ao crime

Mesmo com o site no ar, alguns especialistas em transparência se dividiram com essa nova medida. Para Renato Sérgio de Lima, vice-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o lançamento deve ser elogiado, “mas a plataforma ainda parece ser uma versão beta, sendo um pouco difícil a navegação”, segundo entrevista para a Folha de S. Paulo.

As críticas ficaram mais em cima da dificuldade do acesso aos dados. O secretário de Segurança Pública Alexandre de Moraes disse também à Folha que mais tipos de crimes serão incorporados ao site, além dos dados sobre homicídios dolosos, latrocínios, lesão corporal seguida de morte e “mortes suspeitas” (crimes realizados por policiais). “A principal demanda sempre foi por dados de mortes violentas. A partir de agora já temos o molde para que todos os boletins de ocorrência possam estar lá”, disse. O secretário finalizou dizendo que “é uma forma inteligente de cruzamentos de dados para quem deseja pesquisar questões sobre criminalidade”.

Confira neste link matéria sobre tentativas de assalto no bairro.

Por André de Sena e Lucas Orte (3o semestre)