Modelos econômicos e manejo sustentável da floresta amazônica foram destacados em debate na Virada ODS – Foto: Letícia Mares Guia
Letícia Mares Guia (1ᵒ semestre)
O cenário ambiental do Brasil e as mudanças climáticas são algumas das principais preocupações contemporâneas. Foi essa constatação que norteou as atividades da 2ª Virada ODS no início da tarde do dia 17 de junho. Na Praça das Artes, no centro de São Paulo, o cientista Carlos Nobre, a jornalista Daniela Chiaretti e o artista Mundano participaram de um debate mediado por Maristela Baioni, representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil.
Nobre tratou da necessidade de um consumo responsável e de uma produção sustentável, ações que estão listadas entre os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) propostos na Agenda 2030. No entanto, em sua análise, o Brasil está longe de atingir essa demanda. “Até 2022, nós continuamos com um aumento de todas as emissões de gases do efeito estufa, quase 70% das emissões é queima de combustíveis fósseis”, destacou.
Para o cientista, a comercialização de comodities, princípio da agricultura tradicional, é o principal fator de desmatamento na região tropical. Alternativas econômicas possíveis seriam o modelo de manejo da floresta amazônica dos indígenas e o modelo floresta em pé e rios fluindo, com atuação de cooperativas e uso sustentável dos recursos naturais. “Essas cooperativas são os únicos lugares no interior da Amazônia em que os produtores eram pobres e já estão atingindo a classe C, e vários já atingiram até a classe B. Esse é o modelo que nós devemos implementar”, defendeu.
Chiaretti, por sua vez, classificou o atual momento do país como uma fase de transição, marcada pelo compromisso assumido pelo atual governo federal com as causas ambientais. A inserção da pauta climática nos ministérios e sua menção no discurso de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 1º de janeiro deste ano, são indicadores desse processo de mudança. Por outro lado, ela questionou a abertura de novos postos de petróleo na Margem Equatorial, proposta recentemente e que vai na contramão dos cuidados com o meio ambiente. “Completamente contrário à agenda climática”, enfatizou.
A jornalista considera que há necessidade de realocar distribuição de renda das pessoas residentes em estados menos ricos, que lucrariam com a extração de petróleo, uma oportunidades para que o desmatamento regrida de forma sustentável.
Reciclagem – O trabalho de catadores de materiais recicláveis foi o assunto abordado por Mundano, que tem vários grafites espalhados pela cidade voltados ao ambientalismo. Na palestra, ele denunciou o uso de lixões abertos são uma resposta não sustentável à produção de lixo urbano. “A mesma cidade de São Paulo, que tem uma vergonhosa taxa de reciclagem de 4%, está jogando bomba e retirando carrinhos de catadores de materiais recicláveis que fazem a reciclagem na prática”, disse.
#ParaTodosVerem: Na foto, em cima de um palco, aparecem, da esquerda para a direita, Mundano, Maristela Baioni, Daniela Chiaretti e Carlos Nobre. Todos estão sentados.