Jovens contam suas experiências com relacionamento híbrido

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Giovanna Ruzene e Giullia Reggiolli (1º semestre)

As relações amorosas são definidas de diferentes formas, dependendo do casal e sua necessidade, e por isso recebem títulos diversos para suas maneiras de se relacionar. Dentre eles, poliamor, relacionamentos abertos, monogamia e poligamia são os que se destacam atualmente.

Outra forma de se relacionar que tem ganhado adeptos é o relacionamento híbrido, em que uma das partes de um casal possui relações extraconjugais, enquanto a outra está satisfeita em manter a monogamia, não se importando com as demais relações de seu companheiro.

Não é uma relação aberta e nem uma relação flexível. Está entre ambas e acontece somente se um dos elementos do casal estiver satisfeito com a vida íntima e o outro não. Nesse caso, aquele que deseja pode procurar aventuras extraconjugais, desde que de forma esporádica e sem buscar a mesma pessoa mais de duas vezes. “Experimentamos relacionamento aberto por um tempo, mas ele não gostou e não queria mesmo. Então conversamos novamente e ele disse que entendia que era importante para mim experimentar isso. Ele não tinha vontade de ficar com outras pessoas e sentia que estava se desrespeitando ao se forçar a ficar “aberto” quando não tinha interesse”, explica Amanda*, de 24 anos.

A maneira com que ambos lidam com a relação varia e depende do acordo estabelecido. Cada casal encontra a sua maneira de viver o relacionamento da melhor forma possível. “Na época, eu não tinha vontade nenhuma de ter um relacionamento monogâmico, porque eu vivia uma fase em que eu estava me descobrindo como pessoa e tinha a ideia de que a monogamia iria atrapalhar”, conta Mariana*, de 18 anos. “O cara que estava comigo não entendia como eu podia gostar dele e ao mesmo tempo querer liberdade de me relacionar com outras pessoas, até que ele aceitou”, continua a jovem, que estabeleceu um relacionamento híbrido no qual o parceiro optou pela monogamia.

As dificuldades de um relacionamento convencional permanecem, como o ciúmes e a forma de lidar com a relação. “O maior desafio do relacionamento foi o ciúmes por parte dele. Eram muitas discussões a respeito e muito tempo explicando que não precisava de nada daquilo”, diz Mariana*.

No entanto, a maior barreira a ser enfrentada ainda é o preconceito, uma vez que, por saírem do padrão, esses relacionamentos alternativos são mal interpretados. “Sofri preconceito sim. Acho que não tem como não sofrer na sociedade em que vivemos, com essa construção patriarcal. Principalmente porque eu já namorava um dos envolvidos há muito tempo (8 anos), então amigos e familiares questionaram muito meu desejo de amplitude, uma vez em que ele era bem querido e preferia a monogamia. O fato de ele ser homem e monogâmico, e eu mulher e não querer, é algo que causa estranhamento, pois é culturalmente naturalizado a concepção de homens que traem ou não querem a monogamia e mulheres que sofrem por isso”, alega Amanda*. Ela ainda pontua que “assumir esse tipo de relação foi bem difícil, primeiro porque as pessoas não entendem e segundo porque o que não entendem muitas vezes julgam. Isso fez com que várias pessoas viessem me dizer ‘por que você não traiu apenas?’”.

Mariana* corrobora esse pensamento. “Acho que muita gente que não entende os novos modelos de relacionamento tem muita ‘opinião’ para dar sobre eles e nem sempre é construtivo. Um relacionamento que não é monogâmico não se encaixa na mentalidade dessas pessoas”.

Mesmo assim, as pessoas optam por esse tipo de relacionamento por prezar a comunicação e a confiança ao invés de possuir relações extraconjugais sem consentimento do(a) parceiro(a). “Prezo muito pela boa comunicação e respeito nas minhas relações. Foi difícil, mas eu não faria de outra forma”, conclui Amanda*.

*nomes fictícios