Internautas arrecadam absorventes para presidiárias após livro

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Detentas costumam usar miolo de pão como absorvente íntimo
Foto: Divulgação/ Presos Que Menstruam.

 

Após a jornalista Nana Queiroz lançar um livro-reportagem intitulado “Presas que menstruam”, que denuncia a falta de produtos de higiene pessoal nas penitenciárias femininas brasileiras, foram criadas campanhas no Facebook para arrecadar absorventes para as detentas.

Nana conta que o kit básico recebido todo mês pelas prisioneiras inclui, geralmente, dois rolos de papel higiênico e dois pacotes com oito absorventes cada. Para tentar resolver o problema da falta de produtos, as detentas usavam miolo de pão como absorvente íntimo.

Depois que o livro foi lançado, a história ganhou grande repercussão na internet e muitos internautas se sensibilizaram com as condições e necessidades dessas mulheres, e resolveram criar campanhas de doações de absorventes em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Entre os diversos pontos de coleta, algumas alunas da ESPM-SP se dispuseram a organizar a arrecadação e entregar para o escritório da Pastoral Carcerária.

A organizadora, Lívia Lima, conta que não havia coletoras na região da Vila Mariana e que viu no evento uma oportunidade de ajudar. “Acho mais que necessário auxiliar essas mulheres que tem boa parte dos seus direitos desrespeitados pelo Estado e pelos funcionários das prisões. Isso é um ato de sororidade, todas que ajudaram o praticaram”, diz.

Apesar da proporção que o movimento tomou, ela conta que muitas mulheres criticaram a campanha dizendo que as presidiárias mereciam por serem criminosas. “Ser humano nenhum merece ter seus direitos individuais tolhidos, sua dignidade jogada fora, seu corpo maltratado. Eu acho que é muita falta de amor ao próximo e compreensão da realidade em que estamos inseridos, sabe? ”, comenta Lívia.

A arrecadação, que foi até o dia 30 de agosto, já tem um evento para organizar uma arrecadação permanente. “Eu acho que a tendência é as pessoas esquecerem da causa e, assim, os volumes de arrecadação vão caindo, diz.

Além de absorventes, o evento permanente também vai arrecadar produtos de higiene e roupas íntimas para as mulheres em situação de cárcere.

Larissa Kazumi (3º semestre)