Inovadores e bem orientados, primeiros TCC’s de Jornalismo são apresentados na ESPM-SP

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A aluna Carolina Junqueira, que apresentou o primeiro TCC de jornalismo da ESPM-SP. Foto: Arquivo pessoal em rede social.

 

No dia 24 de novembro, uma segunda-feira, ocorreu a defesa do primeiro Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Jornalismo da ESPM-SP. O pontapé foi da aluna Carolina Junqueira, orientanda do professor Ênio Moraes Junior, aprovada com nota dez pela banca avaliadora. Comprovando a qualidade do curso e o empenho da aluna, o livrorreportagem de Carolina, “De Mãos Dadas”, foi muito elogiado pelos presentes, e já está sendo cogitado para publicação.

O professor Ênio Moraes comentou sobre as dificuldades de realizar os primeiros TCC`s do curso: “Nós precisamos criar um novo caminho, perguntar por onde seguir. Não conhecíamos parte da burocracia do TCC, e por conta disso precisamos nos adaptar a uma série de elementos”.

Os temas abordados pelos TCC’s foram dos mais diversos. Bianca Fortunato e Mariana Consolmagno, por exemplo, escolheram falar sobre as histórias de transformação no funk ostentação, estilo musical muito presente na atualidade. O trabalho foi construído a partir de um estudo aprofundado sobre o funk e o jornalismo literário, paralelo a entrevistas com MC’s que estão em evidência no mercado e outros que estão começando carreira. “Pensamos em um tema que fosse atual, queríamos abordar os lados pouco falados, porque geralmente o funk é visto com preconceito”, comentou Mariana.

Já o estudante Rodrigo Neri seguiu outro tema para o seu trabalho: moda masculina. Com um título sugestivo, “Todos Querem Ser David Beckham – O ‘novo homem’ é fruto da mídia ou da sociedade?”, Neri procura responder à pergunta por meio de debates com profissionais da área, como stylists, jornalistas e fotógrafos, traçando os principais fatores que influenciaram a mudança de comportamento dos homens ao longo dos anos.

“A ideia bruta, por assim dizer, eu tive no segundo ano da faculdade. Quando chegou o momento de decidir o que fazer para o TCC, eu sentei com o meu orientador e lapidamos a ideia original para chegar nesse resultado final. A ideia de fazer algo de moda masculina sendo abordada de modo mais acadêmico surgiu durante uma oficina que fiz no segundo ano da ESPM-SP, sobre jornalismo de moda, com a Vivian Whiteman”, contou Neri.

Ênio ressaltou que os temas escolhidos por alguns dos alunos o surpreendeu. “Eu passei um tempo fazendo doutorado, morando fora, e quando voltei, quatro anos depois, o Brasil já era outra coisa”. Segundo ele, a surpresa foi o sucesso dos seriados de TV fechada, antes inexistente, assim como o espaço que as redes sociais passaram a ocupar na atualidade. “Essas mudanças ficaram explícitas em alguns TCC’s.”

Como exemplo, o professor cita o trabalho da aluna Tatiane Rigotti, sobre séries de TV, como o Game Of Thrones. “É um livrorreportagem sobre mudanças de comportamento, de padrões de consumo, nas pessoas que são viciadas nesse tipo de produção”, disse Ênio.

Outro assunto, completamente diferente, foi o tema escolhido por Natalia Picanço, o cemitério da Vila Formosa, localizado na zona leste de São Paulo. Partindo da indicação de seu professor orientador, Renato Essenfelder, do texto “Enterro de pobre”, de Eliane Brum, a aluna estava muito indecisa quanto ao tema, mas ficou comovida. “Eu não sabia que existem cemitérios que funcionam assim (com cova rotativa). Então comecei a pesquisar os cemitérios públicos de SP e descobri que na zona leste fica o maior da América Latina”, disse Natalia, que foi ao local 17 vezes e entrevistou funcionários que fazem parte de todos os processos do serviço funerário, durante seu processo de apuração.

O futebol brasileiro não ficou de fora, embora em uma abordagem fora do comum . O grupo formado por Bruno Gregório, Carolina Gomes, Diogo Miranda, Nicholas Justus e Pedro Corrales produziu um documentário. “Como nosso grupo é formado por quatro meninos e uma menina (os quatro apaixonados por futebol), decidimos abordar o universo feminino no meio”, contou Diogo Miranda.

Buscando retratar a paixão das mulheres pelo esporte e o preconceito que sofrem para continuar inseridas no meio, o grupo não foi muito surpreendido com algo fora do padrão que se vê na sociedade. “Mas descobrimos histórias de pessoas incríveis que estão preocupadas realmente com o ser humano”, disse Diogo.

Para a coordenadora do curso Maria Elisabete Antonioli, os produtos finais estão muito bem elaborados e orientados, ressaltando a importância dos professores: “Estamos fechando esse primeiro ciclo com chave de ouro, tudo ocorreu muito bem, cumprimos o que foi planejado e fomos até além”. A professora também comentou o reconhecimento do curso no mercado e a inserção dos alunos. “Alguns desses alunos já estão contratados, outros estão em processo de estágio”, afirmou.

O processo de produção do TCC se inicia no sexto semestre, com uma espécie de pré-elaboração de um projeto pelo aluno. Ao final do período, o pré-projeto é submetido a uma banca composta pelo professor orientador e um convidado. O objetivo da pré-banca é que seja estabelecido entre o orientador, o convidado e o aluno um diálogo, a fim de acrescentar novos elementos ao trabalho e formatá-lo de modo mais preciso.

No oitavo semestre tem a banca final, com a presença do orientador, do professor convidado, eventualmente o mesmo do sétimo semestre, e outro professor convidado, que não seja do jornalismo (podendo ser tanto na ESPM quanto de outra instituição). São 20 minutos para o aluno apresentar o TCC, seguido de mais um tempo para responder às perguntas feitas pela banca.

Carolina Brandileone e Bianca Gomes (1 semestre)