Grupo Anjos da Noite oferece apoio a moradores de rua de São Paulo

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Nos arredores do viaduto Bresser, da rua 25 de Março e do Pátio do Colégio, nas zonas leste e central de São Paulo, um grupo voluntário propõe um tipo de solidariedade que vem acompanhado do resgate da autoestima de moradores de rua. São os Anjos da Noite, que doam, além de alimentos, roupas, agasalhos e cobertores , tempo e atenção para ouvir e apoiar essas pessoas em sua reintegração social.

O trabalho é realizado desde agosto de 1989 por integrantes das mais diferentes idades, com base na premissa de que a solidariedade faz parte da promoção da justiça social. Circulando por áreas com grande concentração de moradores de rua, os voluntários pretendem ir além do chamado “grupo da sopa”, que fornece somente alimento e roupa. “A comida acaba, a fome volta. Por isso, o núcleo atua em torno de uma missão: resgatar a autoestima dos moradores de rua para possibilitar a sua reintegração. Damos alimentos não só para o sustento do corpo, mas também para a sua alma”, diz Kaká Ferreira, criador e atual presidente da instituição. “Nós conversamos com eles, temos a intenção de buscar as suas vidas e traçar o perfil de cada um”, completa.

Existente há 24 anos, o grupo vem crescendo cada vez mais. Das 100 refeições distribuídas na primeira saída, a instituição avançou para em torno de 800 em uma única noite. Para isso, a equipe de voluntários ganhou mais força: “Somos um time de 250 voluntários, sendo que 80 atuam por madrugada de trabalho”, afirma o presidente da Anjos da Noite. “A maioria vem pelo boca-a-boca: um chama o outro, sem nenhuma política de divulgação. O próprio trabalho fala por si, ele passa transparência e é isso que atrai as pessoas para participar”, diz o presidente.

Exaltando o lema “seja qual for sua raça, crença ou cor, abraça-me, sou teu irmão”, o grupo diz atuar sem preconceitos, para transmitir valores às pessoas apoiadas. “Não discriminamos ninguém, atendemos aqueles que precisam.”, explica Kaká. “Quando chegamos ao fundo do poço, ficamos sem direção. Para voltar, alguém precisa jogar uma corda, estender a mão e dar apoio para conseguir subir de novo. É assim com todo mundo, inclusive com o morador de rua”, enfatiza.

Um dos voluntários, Vinícius Toffoli, reforça que a participação no grupo lhe permite observar os benefícios da atenção e do apoio para o morador de rua. “Recebemos muito carinho. Eles ficam felizes de ganhar uma marmita quente, um cobertor, roupas”, afirma. “Você volta pra casa se sentindo bem, ao ver que conseguiu ajudar o próximo, a tirar um pouco da dor dele ao se encontrar naquela situação”, diz.

História:

Kaká Ferreira:
“O Anjos da Noite surgiu em 1989, no dia 22 de agosto, em uma noite muito fria. Estava 4°C na rua, e, ao parar em um farol na Rua Amaral Gurgel (na região de Campos Elíseos, centro de São Paulo), um senhor veio me pedir ajuda. Ele estava de bermuda, e aparentava estar morrendo de frio. Resolvi dar assistência a ele: dei roupas e o levei para comer alguma coisa. Jantamos juntos, conversamos e, por incrível que pareça, eu não sentia frio. O ambiente não me atrapalhava. Quando eu fui embora, ele me acompanhou até o carro e disse: ‘Você é um anjo da noite’. Então eu percebi que ele não estava me elogiando, e sim me dando um alerta. Afinal, se fala tanto em solidariedade, fraternidade e amor ao próximo, mas onde está a prática disso? No caminho de casa, fiquei pensando no que ele disse. Quando cheguei, logo adormeci e sonhei que estava servindo comida aos moradores de rua, e ele apareceu lá, reafirmando o que tinha dito. E nisso eu acordei. Liguei para um amigo, contei o que tinha acontecido. Resolvemos juntar uns amigos e sair às ruas para distribuir alimentos.”

Doações:

Podem ser realizadas em dinheiro por meio de depósito bancário ou em roupas, alimentos não perecíveis e material de limpeza, entregues aos sábados na sede da organização (Rua José Teixeira da Silva, 15 – Parque das Paineiras; site Anjos da Noite).

Veja galeria

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Reportagem e fotos: Bianca Giacomazzi (1° semestre)

1 Comment

Amanda Montemagni Moitas 3 de junho de 2013 - 00:19

Boa noite, gostaria de saber se vocês, recolhem os moradores de rua ? Preciso de uma ajuda.. Tem um homem, que fica em frente ao meu prédio e nao tem onde dormir.. dorme ao relento, fica na chuva e eu e minha mae estamos atrás de alguem que nos ajude!

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