Fãs que foram ao RJ comentam polêmicas de Madonna

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Imagem de Vector Portal/creative commons

Cecília Lóssio, Maria Travalin e Sofia Florentino – 1° semestre

O encerramento da The Celebration Tour, turnê global comemorativa dos 40 anos de carreira de Madonna, ocorreu no último sábado (4) na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O show atraiu um público de 1,6 milhões de pessoas à cidade, com cerca de 150 mil turistas nacionais e internacionais. 

De acordo com o Governo Estadual do Rio de Janeiro, a apresentação movimentou a economia do estado , provocando um retorno financeiro de mais de 300 milhões de reais e superando as expectativas da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico (SMDUE). O turismo representou uma grande parte desse ganho, com cerca de 96% das acomodações reservadas em hotéis, segundo pesquisa divulgada pelo HotéisRIO. 

A estadia de Madonna no país se encerrou no domingo (5), com a presença de fãs que acamparam em frente ao Copacabana Palace, onde estava hospedada. A rainha do pop também deixou um recado no livro de ouro do Copacabana Palace: “Eu te amo, Rio! Obrigada por cuidarem tão bem de mim e dos meus filhos. A vista do mar é magnífica! Com amor, Madonna”. 

DESTAQUES E COMENTÁRIOS 

Entre os vários destaques do espetáculo, transmitido pela TV Globo, Madonna prestou homenagem às vítimas da AIDS durante a música Holiday, como Cazuza, Renato Russo e Caio Fernando Abreu, mas também gerou opiniões controversas entre o público.  

Madonna é e sempre foi uma figura controversa. O clipe de Like a Prayer, de 1989, causou sua primeira excomunhão da Igreja Católica que perdura até a atualidade. Seu livro, Sex (1991), foi composto por fotos eróticas em cenários como saunas gays, praias e clubes. Suas músicas e videoclipes transmitiam mensagens sobre sadomasoquismo, homossexualidade e infecções sexualmente transmissíveis, considerados tabus no contexto de epidemia de AIDS entre pessoas homossexuais nos anos 80.  

O Portal de Jornalismo conversou com fãs que presenciaram este momento histórico e apresentaram diferentes visões. 

Mariana Gastaldo, fã da cantora, destaca que as cenas ditas polêmicas já fazem parte da carreira de Madonna há 40 anos: “Madonna não é e nunca foi uma santa. Ela é polêmica e entrega o que quer nos seus shows, agradando, e também desagradando, muitos críticos.”, afirmou. 

Já Juliana Rosas, que também compareceu ao show, diz que, apesar de achar positivo o movimento sobre liberdade sexual, não concorda com a maneira como foi apresentado: “Liberdade e promiscuidade são coisas bem diferentes, mas não podia esperar nada diferente dela, afinal, isso não é novidade”

As faces de Madonna 

Gabriella Borges – 4º semestre 

Madonna, considerada a rainha do pop, segue ao longo de 40 anos de carreira surpreendendo e inspirando multidões ao redor do mundo. Para homenagear sua própria história, a artista usou sua mais recente turnê, “The Celebration Tour”, como um exercício de reflexão de sua arte, criando uma “máquina do tempo” para revisitar sua vida e feitos musicais juntamente de seus fãs. A turnê teve fim com um show inovador e gratuito realizado na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, marcando a volta da artista ao solo brasileiro, após quase 12 anos desde a sua última visita ao país.  

Com sua música de cunho crítico, estilo subversivo e inegável talento artístico, a cantora segue revolucionando o cenário musical desde os anos 1980, firmando sua posição enquanto figura incontestável na cultura pop. Ao desafiar constantemente o tradicionalismo e o patriarcado, Madonna criou uma arte teatral que nunca se rendeu à subversão de gênero mesmo após ser excomungada três vezes pela Igreja Católica.  

Nascida Madonna Louise Ciccone em 16 de agosto de 1958, a artista iniciou sua carreira musical ao deixar Michigan, estado onde nasceu nos Estados Unidos, para se mudar para Nova York possuindo apenas US$35 e o sonho de se tornar uma estrela do pop. Hoje, aos 65 anos, Madonna contabiliza 14 álbuns de estúdio, 12 turnês, 25 indicações ao Grammy e 20 prêmios do MTV Music Awards, tendo revolucionado a indústria do entretenimento. Ao combinar provocação, sexualidade e denúncia social, a cantora manteve sua relevância mesmo entre as novas gerações.  

Ao longo de sua carreira, a influência de Madonna não ficou restrita apenas ao ramo musical, tendo deixado sua marca no cinema e no ativismo social, além de ser considerada um ícone da moda atemporal. Seus álbuns icônicos, como “Like a Virgin” (1984), “True Blue” (1986) e “Ray of Light” (1998), garantiram seu lugar na história da música pop, enquanto seus vídeos musicais revolucionários estabeleceram novos padrões de criatividade e inovação. 

Em 1992, com seu quinto álbum “Erotica”, Madonna exercitou sua sexualidade ao lançar músicas explícitas, como “Rain” e “Bad Girl” que, ainda hoje, são alguns dos hits favoritos dos fãs da cantora. Para acompanhar o lançamento desse disco, a artista criou um livro com fotos sensuais intitulado “Sex”, que teve sua venda proibida na Irlanda e no Japão, além de ser vetado no Vaticano. Apesar do feito ter rendido diversas críticas à artista, Madonna usou esse momento turbulento para denunciar a constante invisibilidade e desconsideração do prazer feminino. Com isso, “Erotica”, mais que um álbum de estúdio, se firmou como um dos principais precursores para que a sociedade falasse sobre liberdade sexual feminina. 

Além de sua contribuição para a cultura pop, Madonna também é conhecida por sua defesa pelos direitos sociais, advogando pela igualdade de gênero e pela comunidade LGBTQIAPN+. Sua fundação, Raising Malawi, trabalha para combater a pobreza e a injustiça em uma das regiões mais carentes do mundo, a República de Malawi, localizada no sul da África. Entretanto, o compromisso de Madonna com a mudança social não é recente. No encarte de seu quarto disco, “Like a Prayer” (1989), Madonna foi uma das primeiras artistas a abordar a aids de maneira respeitosa e educativa, disponibilizando informações sobre a doença e seus meios de prevenção.  

Ainda hoje, a cantora continua a desafiar as expectativas tradicionais da sociedade e redefine o que significa ser uma estrela pop em um mundo em constante mudança. Seu último álbum de estúdio, “Madame X”, lançado em 2019, recebeu elogios da crítica e demonstrou que, mesmo após décadas de carreira, sua criatividade e relevância permanecem intactas. Madonna é o exemplo vivo de uma cantora pop que não ficou presa nos anos 2000.