Com um núcleo de 9 pessoas, participação de última hora, pouca verba e muita criatividade, o estúdio Birdo conquistou a grande medalha de ouro: desenvolver a identidade visual das olimpíadas e paralimpíadas da Rio 2016, dando vida às mascotes Tom e Vinícius. Com exclusividade para o portal de jornalismo da ESPM-SP, Paulo Muppet, co-fundador do estúdio Birdo, contou sobre o processo criativo e os bastidores do concurso que fez com que o estúdio subisse ao pódio levando o prêmio de maior prestígio.
“Já estávamos com o projeto finalizado, quando recebemos uma carta do governo da cidade do Rio de Janeiro nos convocando para uma nova reunião, pois o briefing do projeto tinha sofrido uma alteração (…) Ficamos totalmente desiludidos, pois já tínhamos gastado muito dinheiro no nosso atual projeto e não tínhamos condições financeiras de recomeçar do zero”, conta Paulo.
Acreditando em seu projeto, o estúdio enviou o que tinham produzido, sem seguir à risca o novo briefing e mal sabiam que tinham uma chance de vitória. “Resolvemos enviar, pois acreditávamos no nosso projeto e estávamos muito orgulhosos do resultado final (…) três semanas depois do envio, recebemos a notícia de que tínhamos ganhado, e a emoção tomou conta de todos.”
Depois da vitória, o estúdio concretizou as mascotes, que simbolizam a fauna e flora brasileira. “Tanto o Vinícius, como o Tom, tem traços de todos os envolvidos. Por representarem uma mistura da natureza, cada um dos nove criadores deixou sua marca, seja em um rabo até no olhar.”
Depois de todas as fases do concurso, e com o design das mascotes finalizadas, Muppet contou para o Portal sobre a escolha de Vinícius – fauna – para representar a mascote olímpico, e Tom – flora – para representar a mascote paralímpico: “Os dois movimentos, apesar de terem muitos valores compartilhados, também têm uma identidade única muito forte. O paralímpico tem a criatividade e a perseverança de conseguir inovar para se reinventar, e nós achamos que tinha mais haver com o jeito que uma raiz sempre achar um caminho, ela vai devagar, vai passar por onde achava que não dava para passar, e acha soluções de vida criativas para os problemas”, diz Muppet.
Muppet completa dizendo que o movimento olímpico foi sincronizado com os animais devido ao lema desse movimento ser “mais alto, mais rápido, mais forte”, relacionado com a velocidade dos felinos, a agilidade dos macacos, entre outros.
Tudo isso unido aos poderes dos personagens, criados pelo estúdio Birdo, foram se encaixando em cada movimento. “O Vinicius tem o poder de se esticar, de chegar mais longe, superar seus limites. E o Tom pode tirar objetos da cabeça, então é a criatividade e a força de transformação que têm os atletas paralímpicos.”
Sobre a repercussão das mascotes na mídia, Muppet define com uma frase: “superou todas as nossas expectativas”. Ele citou os principais veículos de comunicação que na primeira semana dos jogos já deram destaque ao Vinicius. “O jornal francês Le Monde, logo na primeira semana publicou uma matéria principal no caderno de esporte que dizia ‘esqueça Phelps e Bolt, a verdadeira estrela dos jogos é o Vinicius.’”
A internet também é um meio de divulgação enorme que colaborou para o destaque e viralização da mascote nas mídias, um desses meios foi o BuzzFeed que elegeu Vinicius como a melhor coisa dos jogos, contou Muppet. Ele terminou dizendo sobre o ranking criado pelo Huffington Post, canadense, que escolheu a mascote brasileira, como a melhor da história dos jogos olímpicos.
“As pelúcias são uma fofura, os produtos ficaram lindos, esgotou em todas as lojas oficiais, não tem mais à venda (algumas lojas chegaram a vender as pelúcias por R$ 100,00). Superou todas as expectativas que o Rio 2016 tinha de vendas, que já eram expectativas altas, mesmo para um momento de crise brasileira”, diz Muppet sobre o impacto mundial que a mascote teve. “As pessoas gostaram, os personagens tiveram carisma, e todos identificaram o Vinicius como sendo brasileiro mesmo”, completou.
Em 2012, acreditava-se que o mascote de Londres seria o primeiro da era digital, mas Vinicius ganhou uma força que nenhuma outra mascote tinha conseguido antes. “Acabou que a primeira mascote da era digital foi o Vinicius, então foi muito legal ver as pessoas compartilhando vídeo, foto, querendo aparecer junto, comentando nas redes”, fala Muppet.
No fim dos jogos olímpicos, diante do laço que os brasileiros criaram com nossa mascote, a reação das pessoas foi de tristeza por se despedir de um dos ícones, que representou fielmente o Brasil durante os jogos no Rio de Janeiro. “Nós conseguimos algo com os brasileiros que aconteceu poucas vezes na história dos jogos. Ele conseguiu criar uma reação emocional na população”, comenta Muppet.
Muppet conclui dizendo da expectativa para o início dos jogos paralímpicos, que aconteceu ontem, quarta-feira, 7 de setembro. “Vamos torcer para dar a mesma repercussão, tomara que o Tom seja tão querido quanto o Vinicius.”
Por Giovanna Spilborghs e Carolina Leal (2º semestre)