Diretora do Museu Oscar Niemeyer destaca avanços e desafios do MON

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“Torre do Olho”, um dos destaques arquitetônicos do MON, em Curitiba. Foto: Eduardo Tedesco

Eduardo Tedesco e Guylherme Pimentel (1º semestre)

 

Em entrevista exclusiva ao Portal de Jornalismo da ESPM-SP, Juliana Vosnika, diretora-presidente do Museu Oscar Niemeyer (MON), compartilhou os avanços, desafios e perspectivas da instituição.

Um dos principais destaques da conversa foi o programa “MON Para Todos”, que busca garantir acessibilidade ampla e inclusiva ao público. Segundo Juliana, iniciativas como maquetes táteis, audioguias, textos em braile e letras ampliadas, além de conteúdos em Libras e salas de acomodação sensorial, tornam a experiência mais democrática para todos os visitantes.

Reconhecido internacionalmente, o programa foi apresentado em Paris durante a conferência “Communicating the Arts”, com foco na inclusão de pessoas autistas, e também em eventos no Peru e em Fortaleza. Em 2024, o projeto recebeu o Prêmio Viva Inclusão, concedido pela Prefeitura de Curitiba no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência (3/12/2024), um reconhecimento pelo compromisso da instituição com a diversidade e inovação na acessibilidade cultural.

Juliana também destacou o papel da programação educativa como ferramenta de formação de público. Somente em 2024, mais de 50 mil pessoas participaram de aproximadamente 160 atividades educativas promovidas pelo museu, abrangendo públicos diversos. “Museus são espaços vivos e ativos”, afirma Juliana. “Devem difundir conhecimento, formar público e proporcionar experiências únicas.”

 Desafios e recorde de público

Ao falar sobre os desafios enfrentados pelo MON, Juliana mencionou a necessidade de reinvenção constante, especialmente em tempos digitais e acelerados. O museu se consolidou como um dos grandes cartões-postais culturais de Curitiba, abrigando um acervo de mais de 14 mil obras. Em 2024, bateu um recorde histórico de público com 712.196 visitantes, um aumento de 41% em relação a 2023, quando registrou 503 mil visitantes. Destes, 75% tiveram entrada gratuita.

A exposição “Extravagâncias”, de Joana Vasconcelos, atraiu 600 mil visitantes e foi a maior mostra individual da artista no Brasil, ganhando destaque internacional e reforçando o papel do MON como referência cultural no país e no mundo.

 História e arquitetura do MON

O Museu Oscar Niemeyer foi inaugurado em 22 de novembro de 2002 na cidade de Curitiba, capital do Paraná. Considerado um dos maiores polos de arte e cultura da América Latina, o MON é símbolo do estado e um dos principais pontos turísticos do Brasil.

Inicialmente chamado de “NovoMuseu”, o edifício projetado por Oscar Niemeyer abrigava secretarias estaduais. Após reformas, foi reinaugurado em julho de 2003, passando a contar com um novo anexo popularmente chamado de “O Olho” e sendo oficialmente nomeado Museu Oscar Niemeyer.

Com 35 mil metros quadrados de área construída e mais de 17 mil metros quadrados de espaço expositivo, o MON possui a segunda maior área de exposições da América Latina. O prédio principal, dividido em três pisos (subsolo, térreo e primeiro pavimento), abriga um dos maiores vãos livres do Brasil, com 65 metros de extensão.

O Olho, anexo de destaque, possui fachada espelhada com vidros pretos e base revestida de azulejos amarelos. Em sua estrutura, um painel ilustra uma bailarina de braços abertos segurando uma fita, tornando-se um dos elementos mais emblemáticos da arquitetura moderna no Brasil.

 Oscar Niemeyer e sua conexão com o museu

A ligação entre Oscar Niemeyer e o MON é profunda, pois o museu foi batizado em sua homenagem e a arquitetura do edifício é um de seus projetos icônicos. O prédio foi originalmente concebido em 1967 para ser a sede do Instituto de Educação do Paraná. Todas as adaptações realizadas posteriormente foram projetadas pelo próprio arquiteto.

Na inauguração do MON em 2002, Niemeyer expressou emoção e satisfação com sua obra, destacando sua audácia e originalidade.

Exposições atuais

Atualmente, o MON apresenta 12 exposições em cartaz, entre elas “Trilhos e Traços”, em homenagem ao centenário de Poty Lazarotto, com cerca de 500 obras. Além de 13 novas exposições, o museu trouxe ao público uma nova edição do projeto “MON sem Paredes – Artistas Conquistam os Jardins do MON”, com esculturas interativas de Artur Lescher, Rômulo Conceição, Alexandre Vogler, Narcélio Grud e Joana Vasconcelos, em sua área externa.

Curiosidades sobre o MON

Próximo ao museu, um amplo gramado apelidado de “ParCão” tornou-se um ponto de encontro tradicional dos curitibanos. Frequentado por visitantes e famílias com animais de estimação, o espaço é uma extensão informal do museu, recebendo exposições a céu aberto, como “MON sem Paredes”, que leva obras do acervo para o ambiente externo.

Além disso, em 12 de outubro de 2024, o MON foi palco de um casamento, um acontecimento inédito na história do museu. O evento, realizado em seu icônico espaço cultural, teve grande repercussão na mídia e marcou um momento singular para a instituição.