Isabella Laste – 3° semestre
Dia Mundial, informação e ações desmistificam autismo
Nesta terça-feira, 02 de abril, é celebrado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. A data foi criada em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e tem como objetivo promover a compreensão e reconhecimento do Transtorno do Espectro Autista (TEA), além de combater o estigma e a discriminação que ainda persistem em relação a pessoas autistas.
O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento que impacta a maneira como a pessoa se comunica e interage com o mundo ao seu redor. É caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social, podendo envolver outras questões como comportamentos repetitivos, problemas em lidar com estímulos sensoriais excessivos (som alto, multidões), dificuldade de aprendizagem e rotinas muito precisas. Estima-se que uma em cada 160 crianças no mundo seja autista, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso torna o TEA uma questão de saúde pública de grande relevância.
Desafios e Progressos do Transtorno do Espectro Autista
De acordo com a Associação Brasileira de Autismo (ABA), no Brasil há cerca de 2 milhões de pessoas autistas, o que corresponde a 1 a cada 45 indivíduos. Embora a prevalência do autismo tenha crescido nos últimos anos, o diagnóstico ainda é um desafio, sendo mais difícil o diagnóstico precoce em meninas. Na maioria dos casos, os sintomas começam a partir dos primeiros 5 anos de vida. Porém, a média de tempo para que uma pessoa com TEA receba o diagnóstico correto é de 3 anos e 7 meses, segundo a ABA. Esse atraso pode dificultar a intervenção precoce, crucial para o desenvolvimento da pessoa autista.
Eduarda Gurjão, psicoterapeuta infanto-juvenil, reforça que a intervenção precoce é fundamental: “É por meio dessa intervenção que a criança vai conseguir adaptar a funcionalidade dela para o dia a dia. E quando a gente faz a intervenção precoce, por conta da plasticidade cerebral, tem uma maior probabilidade de que o cérebro vá formando novas conexões”, reforça. Ela ressalta que existem janelas de desenvolvimento da criança, como marcos ou períodos em que é mais fácil para o cérebro adquirir novas habilidades. “Então quando a gente intervém logo, permitimos que isso aconteça da melhor forma”, afirma.
Apesar dos desafios, o Brasil tem feito um progresso nessa área. Em 2012, foi sancionada a Lei Berenice Piana (Lei n° 12.764), garantindo os direitos das pessoas com autismo. A Lei prevê terapias e medicamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), acesso à educação, lazer, proteção social, trabalho, entre outras dimensões.
No futebol, clubes brasileiros como o Corinthians se destacam por sua iniciativa em prol da inclusão de pessoas com autismo. Através da parceria com o movimento da torcida organizada Autistas Alvinegros, o clube promove ações de conscientização e acessibilidade, tornando o estádio um espaço mais acolhedor para esses torcedores. Além do ‘Timão’, clubes como Flamengo, Fluminense e Sport também possuem iniciativas que visam melhorar a experiência dos torcedores com TEA nos estádios.
No entanto, apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito para garantir os direitos das pessoas autistas e promover sua inclusão social. Dailen Pupo, mãe de Daniel, criança autista de 4 anos, fala sobre os desafios dessa realidade: “Além de tudo, é muito difícil com relação a terapia dele, que não é nada acessível. Assim como a procura por uma escola inclusiva, a qual encontrei depois de um bom tempo.” E completa: “Daniel se supera a cada dia com a comunicação, vencendo obstáculos sensoriais como descascar uma banana ou comer gelatina.”
A falta de acesso a tratamento especializado, o diagnóstico precoce e o preconceito ainda permeiam a realidade dos que convivem com o autismo. Neste Dia Mundial da Conscientização do Autismo, é importante lembrar que as pessoas com TEA são sujeitos de direitos e merecem ter acesso a oportunidades para uma vida plena.