Lucas Tadeu (3º semestre)
Kadu Bonato tem 19 anos de idade, nasceu no dia 15 de dezembro de 2000. Ele se graduou em culinária, no Senac. Começou a jogar Futebol americano pelo São Paulo Storm, em 2016, e, em 2018, trocou para a Portuguesa Lions e Scelta Guardians. Em 2020, conseguiu uma bolsa através do futebol americano para
marketing esportivo e, assim, foi jogar em Luther College em Iowa.
Kadu conta ao Portal de Jornalismo da ESPM-SP as dificuldades de ser um estrangeiro jogando futebol americano: “A desconfiança é algo que pode fazer você se desmotivar”. Por ter jogado no Brasil, o jogador fala sobre as maiores diferenças entre jogar aqui no Brasil e nos Estados Unidos: “A rotina de treinamentos é muito mais profissional, porque temos horários para treinar, para comer”.
Portal de Jornalismo: Quando que você começou a se interessar pelo esporte?
Kadu: Comecei a me interessar pelo futebol americano no ano de 2014. O esporte me chamou muito a atenção naquela época. Estava no último ano do ensino fundamental e foi quando comecei a ver outros esportes diferentes dos que já são bem conhecidos no Brasil.
PJ: Como e quando você foi começar a jogar aqui no Brasil?
K: Na aula de educação física a gente jogava todos os esportes, desde futebol até queimada. Então, um dia, no ensino médio, teve flag football, uma adaptação do esporte para não ter contato, pois, no jogo tem muito contato. Você coloca dois coletes na cintura e, ao invés de derrubar o oponente, você puxa o colete. Eu acabei adorando essa adaptação. Tivemos até campeonato nos últimos dias de aula. Com isso, nas férias de janeiro, eu e uns amigos fomos procurar um time em São Paulo pra jogar e fizemos o primeiro teste no São Paulo Storm. Mas apenas eu continuei a ir nos treinos.
PJ: Quais foram as dificuldades de praticar um esporte que tem pouca estrutura no país?
K: Financeiramente é bem complicado, porque a gente tem que comprar o nosso próprio equipamento, pagar as viagens de jogos,pois muitos são no interior e até mensalidade pois os times ainda são muito amadores. Saía dos nossos bolsos esse dinheiro, ou seja, fica mais difícil do esporte evoluir.
PJ: Sua rotina é bem diferente da que você tinha no Brasil?
K: Sim, completamente. No Brasil, eu estudava e treinava, aqui, eu treino às 6 horas da manhã e vou pra aula às 8 horas. Depois ainda temos que trabalhar e fazer tarefas todos os dias para a faculdade.
PJ: Quais foram a maiores diferenças nos treinos entre as equipes do Brasil e o College?
K: A intensidade dos treinos e a frequência foram as duas coisas mais diferentes que eu notei quando comecei aqui, porque no Brasil eu treinava 1 vez por semana e aqui a gente treina 3 vezes por semana no campo e 3 na academia, então é de segunda a sábado com a agenda cheia.
PJ: Você acredita que um estrangeiro tem grandes chances de chegar à NFL?
K: Acho que é um processo, os americanos começam a jogar futebol americano desde criança nas escolas, e desde que nascem já estão brincando com uma bola. E eu, por exemplo, conheci o esporte com 14 anos, comecei a ter o primeiro contato com 16. Então por causa desse processo de começar cedo, começar a ficar mais sério no ensino médio e bastante sério no college, estrangeiros têm muita dificuldade em ser profissionais nesse esporte.
PJ: Quais são as suas dicas para quem quer seguir este caminho?
K: Minha dica principal é: se o seu sonho é se tornar jogador profissional, precisa começar bem cedo e se tiver a oportunidade, fazer todo o ensino médio nos EUA. A cultura, aqui, é se destacar no ensino médio para conseguir uma bolsa bem legal em alguma universidade de primeira divisão e, então, se destacar na faculdade pra ter uma pequena chance de conseguir um time. É um processo que leva anos e minha dica é começar o mais cedo possível.