Crise energética: possíveis causas, consequências e soluções

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Isabelle Vita Gregorini (2º semestre)

O Brasil passa, atualmente, pela pior estiagem dos últimos 21 anos, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Esse período gera consequências que refletem diretamente no cotidiano da sociedade, como o aumento do valor da energia elétrica.

Essa alta no preço da energia elétrica impactou o âmbito financeiro da sociedade. No final de agosto, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou a criação de uma nova bandeira tarifária, a ”escassez hidríca’’, que possui valor extra de R$14 pelo consumo a cada cem quilowatts-hora.

Tal aumento tem diversos fatores como responsáveis, sendo o baixo nível da capacidade de armazenamento dos reservatórios de água do país o principal. Luiz Carlos Berti, professor de Economia da ESPM-SP, estima que essa crise hídrica se manterá até a segunda quinzena de outubro ou a primeira quinzena de novembro. “Eu trabalhei no setor elétrico, a gente fazia modelagem de reservatório, e eu sabia que iria ter o apagão em 2001. Então é algo previsível, logo o que deveria ser feito é uma gestão mais eficiente, para que pudéssemos ir preservando e estimulando as indústrias a racionalizar o uso de energia”, ressalta Berti. Após o relato do economista, fica evidente que essas alternativas poderiam fazer com que os níveis dos reservatórios fossem preservados e a tarifa de energia elétrica tivesse um aumento mais gradual do que está tendo.

Além de ocorrer um grande impacto no valor das contas de luz residenciais, houve um grande aumento no preço dos produtos utilizados diariamente pela população, o que prejudica diretamente o bolso do consumidor. Essa alta é um dos pontos que mais influencia na organização financeira dos brasileiros. Julihanna Lima, auxiliar de e-commerce, disse que o aumento no valor da energia elétrica impactou o planejamento financeiro da sua família, pontuando, inclusive, que deixaram de pagar outras contas para pagar a de luz. ‘’Aqui em casa estamos economizando ao máximo. Deixamos o mínimo de luzes ligadas, lavo roupa apenas uma vez na semana e o tempo de banho diminuiu bastante’’, pontua.

Alternativas para contornar a crise energética na qual o Brasil se encontra e soluções para que não ocorra mais tal situação são discutidas entre os economistas. “Uma boa alternativa é melhorar a eficiência do planejamento do setor elétrico, e nisso o Brasil possui uma vantagem, pois possuímos todo o sistema integrado. Logo, você consegue otimizar esse fluxo de distribuição de energia”, alerta Berti. Outra alternativa que o especialista ressalta é a do governo estimular e investir no uso de energia solar no país, bem como ter um incentivo fiscal para que as indústrias diminuam seus consumos de energia, modernizando, logo, os processos produtivos desse meio.

Em relação a estimativas no cenário elétrico brasileiro, o Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que o governo não está agindo com a hipótese de racionamento até o mês de novembro. Entretanto, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse que a crise pode durar por vários anos devido à falta de chuva que o país vem sofrendo. Logo, por parte do governo fica incerto os próximos cenários da atual crise hídrica e energética no país.