“Correio elegante” no Face é a nova forma de mandar cantadas anônimas

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Arte: Thor Megiolaro

O conhecido correio elegante das festas juninas foi renovado. As páginas ‘Spotted’, criadas no Facebook, são o novo sucesso para quem quer mandar cantadas, identificar pessoas que viram em algum lugar ou simplesmente fazer um elogio a alguém. A ideia surgiu em 2012, com páginas voltadas para os ônibus de Dublin, capital da Irlanda, e para os trens de Londres, e tinha como objetivo divulgar situações inusitadas. Posteriormente, foi adotada por universidades estrangeiras, estourando nesse ano como forma de passar cantadas virtuais.

Com as postagens realizadas em anonimato, integrantes de universidades criam a página e se tornam responsáveis por passar as mensagens para o publico. O ‘Spotted ESPM – SP’, página que, hoje, conta com mais de 1,5 mil “curtidas”, foi criado com o intuito de gerar integração entre todos os alunos da faculdade. “A página é feita tanto para os tímidos, que têm uma chance de se expressar, como para os ‘assanhados’, para fazerem seus comentários engraçados”, diz o responsável, aluno do 4º semestre de Comunicação Social.

 

A página, que já saiu no jornal O Estado de São Paulo e foi convidada para participar de uma matéria para a revista Veja, surgiu inspirada no sucesso daquelas criadas para universidades estrangeiras. “O retorno que está dando é inimaginável. Somos referência para outras páginas, e percebemos que temos uma ferramenta poderosa nas mãos”, conta o criador.

O fenômeno, no entanto, não se restringe às faculdades. O metrô de São Paulo criou a sua versão em abril, com a intenção de ajudar os usuários do transporte público a encontrar alguém de interesse. “Ajudamos pessoas que se ‘apaixonaram’ no metrô, ou que querem ir atrás de alguém que ajudou em algum momento do dia, como ao passar o bilhete na catraca”, diz a criadora da página, Samara Rizzo. “Em metade dos casos, as pessoas mandam, pois veem a pessoa todos os dias e não sabem o que falar. É uma oportunidade para pedir ajuda aos outros leitores”, conta.

 

No entanto, a responsável admite que já recebeu mensagens que não poderiam ser publicadas, uma vez que eram muito exageradas. “Evito barrar muitas coisas, mas às vezes acaba sendo muito vulgar. Tenho que ter um certo critério. A pessoa pode enviar a cantada que quiser,desde que não exagere”, explica.

Marina Ayub, estudante de Jornalismo da ESPM-SP, recebeu uma mensagem nesse mês,  diz que achou engraçado recebê-la, mas que não levou a sério. “É uma boa forma de descontrair. Eu já seguia a página antes e sempre me diverti muito”, conta. No entanto, ela crê que, apesar de soar como brincadeira, as mensagens têm um fundo de verdade.

 

Já a aluna de Relações Internacionais Natalia Paladino, conta que a surpresa tomou conta dela quando recebeu suas duas mensagens. “O primeiro spotted foi muito fofo! Era como um poema, achei super legal”, conta. Depois, admite que o que prevalece é a curiosidade: “A gente fica se perguntando quem teria mandado. Além disso, querendo ou não, saber que alguém te nota nas festas e na faculdade aumenta um pouco a autoestima”, diz.

 

Reclamações em foco

No entanto, outras páginas são criadas com diferentes propósitos. Os “Spotted VSF” têm a intenção de repassar mensagens com reclamações sobre o ambiente em questão, publicando-as anonimamente.

O “Spotted: VSF ESPM”, inspirado em uma página do mesmo tipo da Universidade de São Paulo (USP), foi criado em abril e hoje recebe quase 1,5 mil curtidas no Facebook. “A página foi feita para os alunos da faculdade terem onde desabafar, ou até mesmo mandar indiretas”, conta o administrador. Mas elas exigem um cuidado especial: “A gente não costuma postar mensagens ofensivas que contêm o nome de alguma pessoa, pra evitar bullying”, diz.

Outros modelos de página, como aqueles que mostram os erros dos motoristas pelos estacionamentos da universidade, também surgem com o intuito de denunciar. “Os Piores Motoristas da USP”, criada no dia 9 desse mês, já é um dos novos sucessos do Facebook. “A página foi criada em um domingo. Quando acessei na terça feira, a página já tinha recebido mais de 2 mil curtidas, e continua crescendo”, conta o administrador, que é estudante da universidade.

Censurando somente o início da placa, e visando à conscientização das pessoas, a ideia surgiu por algo comum ao dia a dia de todos. “Tem muita gente que estaciona mal, que ‘come’ duas vagas, que para em lugar proibido. Pode parecer besteira, mas isso incomoda bastante”, diz. E completa: “Não me importaria se a página viesse a falir por conta da melhoria no comportamento dos motoristas.”

Bianca Giacomazzi (1º semestre)