Como é ter Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na universidade?

Falta de atenção é um dos principais sintomas dos portadores de TDAH. (Foto: Marcelo Nogueira)

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Falta de atenção é um dos principais sintomas dos portadores de TDAH. (Foto: Marcelo Nogueira)

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um problema neurobiológico que gera falta de atenção, inquietude, impulsividade, esquecimento e desorganização nas ideias. Geralmente, aparece na infância, o que provoca grandes dificuldades no aprendizado das crianças.

Por esse motivo, as escolas tendem a se adaptar para melhor receber os estudantes que apresentam o TDAH. Algumas instituições oferecem tratamento diferenciado em sala de aula, com utilização de recursos mais adequados. Outras cedem mais tempo para a realização de provas e, até mesmo, espaços reservados. O artigo 4º da Deliberação CEE (Conselho Estadual de Educação) Nº 05/00 garante que “o atendimento educacional aos alunos com necessidades educacionais especiais deve ser feito nas classes comuns das escolas, em todos os níveis de ensino”.

Apesar do grande conhecimento e números de pesquisas produzidas por psicólogos e pedagogos em torno do déficit de atenção nas escolas, debate-se menos sobre o assunto quando o ambiente são as universidades. O TDAH frequentemente acompanha o indivíduo durante sua vida adulta, afetando também seu aprendizado em nível superior. O agravante é que, diferente das escolas, as faculdades estão pouco adaptadas para a recepção destes alunos.

Laís Côrtes, estudante de Jornalismo na ESPM-SP, afirma que sente dificuldade em acompanhar as aulas. A aluna é portadora do TDAH e um baixo nível de dislexia, transtorno caracterizado pela dificuldade de compreender a leitura e reconhecimento de palavras. Como forma de contornar o problema, ela grava áudio das aulas mas, segundo ela, “não obtém o resultado esperado”. Ela avalia que o barulho excessivo produzido por seus colegas de classe a atrapalha ainda mais: “se houvesse um respeito mútuo entre alunos e professores ajudaria muito”, diz.

Em relação à faculdade, Laís informa que não recebe provas adaptadas às suas necessidades. “Tenho direito a uma prova separada, com letra maior e espaçamento duplo”, explica. A estudante afirma que entregou os laudos médicos na secretaria da faculdade “mas nada foi feito”, alega. Já a secretaria da faculdade afirma que garante toda a assistência aos alunos com necessidades especiais. Entretanto, alega que os laudos médicos apresentados por Laís são muito antigos e solicitaram documentação mais atual, que ainda não foi entregue à coordenação do curso no qual Laís estuda.

Por Marcelo Nogueira (2o semestre)