Cólicas menstruais afetam a rotina de trabalho das mulheres

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Isabella Galvão e Laura Cavalari (2º semestre)

O envolvimento da mulher com o mercado de trabalho é muito discutido hoje em dia, mas pouco se comenta sobre a relação entre as suas atividades profissionais e algo que as afeta todos os meses, a cólica menstrual. De acordo com o Estudo DISAB (Dismenorréia & Absenteísmo no Brasil), desenvolvido por ginecologistas e publicado na Revista Brasileira de Medicina, as cólicas diminuem em até 67% a produtividade da mulher no trabalho e na realização de atividades diárias.  

Fernanda Ferreira, gerente de Controle e Garantia da Qualidade na Teva Farmacêutica, relata que no início da sua vida profissional, quando sofria de cólicas menstruais mais fortes, costumava tomar remédios antes mesmo de sair para trabalhar, pois já sabia que iria sofrer durante o dia. “Principalmente, quando eu era analista de Controle de Qualidade e passava a maior parte do tempo em pé. O ambiente frio com ar-condicionado piorava a sensação de dor.”  

Para o ginecologista Cassio Arruda Soares, os índices de reclamações por cólicas entre as mulheres são grandes, tendo incidência em mais de 95% das suas pacientes durante a adolescência, seguindo para a fase adulta, podendo se estender até a menopausa, quando a mulher para de menstruar. As possíveis soluções que o médico indica para contornar essa condição é o uso de anticoncepcionais, que contribuem para o alívio das cólicas, além do uso de analgésicos durante o período. Há também a opção de colocação do implante de Diu Hormonal Mirena, que consiste em um objeto de plástico colocado no útero com a finalidade de ser um contraceptivo e regulador das cólicas e menstruação. 

O médico ainda confirma que o psicológico da mulher se altera durante a menstruação, deixando seu humor mais suscetível a mudanças repentinas, como a irritabilidade, sensação de cansaço e intensidade de emoções. Isso ocorre por conta das alterações químicas no cérebro decorrentes da menstruação e os níveis altos na produção do hormônio progesterona.  

De acordo com a CNN norte-americana, em recente reportagem, a empresa de entregas indiana, Zomato, divulgou que vai oferecer uma “licença-menstruação” para suas funcionárias mulheres e trans, equivalente a dez dias por ano.    

Antes disso, no Japão, a implementação das licenças menstruais no âmbito de trabalho foi introduzida em sua política em 1947. Em outros países, como Taiwan, Indonésia, Zâmbia e a Coreia do Sul a adesão na legislação também já aconteceu. No ocidente, a Itália chegou a iniciar um debate sobre o assunto, mas não evoluiu.  

No caso do Brasil, alguns projetos de lei em relação ao assunto ainda estão em andamento. Um deles é o PL 6784/17, desenvolvido pelo deputado Carlos Bezerra, do PMDB-MT, que propõe a inclusão de uma licença menstruação, com três dias de afastamento da mulher no trabalho, sem que isso prejudique o desempenho da empresa, já que a proposta prevê a compensação das horas não trabalhadas.