Casos de violência doméstica contra mulheres crescem na pandemia

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Raeesah Salomão (2º semestre)

 

A violência contra a mulher é vista pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um problema de saúde pública. O Brasil é o 18º país da América Latina a adotar uma medida para punir os agressores das mulheres, como as leis Maria da Penha e do Feminicídio. No entanto, apesar dessas legislações, a violência doméstica, sendo ela física, psicológica, moral, sexual ou patrimonial, ainda é um problema constante em nossa sociedade e está presente no cotidiano de diversas mulheres.

Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha, divulgada em junho deste ano, uma a cada quatro mulheres sofreu agressões na pandemia, no Brasil. Embora o isolamento fosse a medida mais eficaz e necessária para a não transmissão do vírus, também foi responsável por uma série de consequências na vida dessas mulheres que já viviam em um ambiente de violência. Sem saída, são obrigadas a permanecerem mais tempo no mesmo local em que seus agressores, além da diminuição de denúncias, já que não conseguem realizá-las por não saírem de suas casas e por medo de seu parceiro.

“Por conta dessa situação de pandemia, do desemprego, dos agressores mais presentes dentro de suas casas, aumentou demais o número de violência. Mais de 87% da média de capacidade que fazemos de abrigamento. Foi um momento, entre esses dois anos, bem crítico”, afirma Rita de Cássia, 56, fundadora da Casa Abrigo Help, local que tem como objetivo tirar mães e filhos do ciclo de violência doméstica.

Em números, o abrigo estava atendendo 30 vítimas por mês (cerca de uma vítima por dia) na pandemia, e passaram a abrigar 93 vítimas. Além disso, Rita ressalta a falta de políticas públicas no país e que há uma enorme quantidade de pedidos para abrigamento.

“A mulher não encontra nas políticas públicas um respaldo quando vai denunciar o agressor. Às vezes, vão na delegacia e não querem fazer o boletim de ocorrência pela falta de abrigamento nas cidades, pela falta de oportunidades de recomeçar, o medo que ela tem, isso tudo são consequências que mantém as mulheres no ciclo de violência. Quando ela se sente segura de que vai ser suprida em todas essas esferas, ela não terá medo de denunciar”, conclui.

De acordo com o Portal do Governo, houve um crescimento de 44% no número de socorros prestados às vítimas de violência doméstica em comparação aos meses de março de 2019 e 2020, de 6.774 subiu para 9.817 mulheres. O feminicídio também passou de 13 para 19 casos. Com o início do isolamento social, o governo de São Paulo reforçou as ações para as mulheres vítimas de violência doméstica, de um modo em que elas mesmas com o distanciamento, conseguissem denunciar seus parceiros. Agora, as Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs), vinculadas à Secretaria de Segurança Pública (SSP), registram eletronicamente os casos, e o serviço on-line está ativo desde o dia 3 de abril.

Em casos de violência doméstica, ligue para 180 e denuncie ou ofereça ajuda.