Wenderson Matheus (3° Semestre)
Em meio a tantos problemas durante a pandemia, uma doença pouco falada, e que nem sempre recebe a devida importância, está crescendo consideravelmente durante esse período: a obesidade.
No início da pandemia, a relação da Covid-19 com a obesidade passou despercebida, pois ela não atinge com tanta intensidade as pessoas que vivem nos países com os primeiros casos confirmados com coronavírus, como China e Coreia do Sul.
No entanto, a pandemia desafiou todos os sistemas de saúde do mundo. De acordo com os últimos relatos do governo britânico, existe uma relação importante entre as formas mais graves da infecção pelo coronavírus e a obesidade, outra doença considerada pandêmica. Muitos especialistas consideram a doença, junto com a pressão alta e a diabetes, um dos maiores riscos que a pandemia pode trazer.
A obesidade é uma doença causada pelo excesso de gordura localizada em diferentes partes do corpo. Existem causas diferentes para seu desenvolvimento, sendo a principal delas o consumo exagerado de calorias, ou seja, o consumo exagerado de alimentos não-saudáveis. O acúmulo de gordura acontece quando existe um desequilíbrio entre a energia inserida pelas refeições e a energia que é gasta no dia a dia. Uma pesquisa realizada pelo forms, no último mês de maio, para compreender hábitos alimentares durante a pandemia mostrou que estes pioraram nesse período de isolamento. Juliana Suzuki, de 18 anos, afirmou na pesquisa que seus hábitos já não eram bons antes, e pioraram durante a pandemia.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 18,9% da população brasileira é obesa. Existem fatores que aumentam o risco de pessoas obesas contraírem o coronavírus. Doenças metabólicas têm grande relação com o excesso de peso, como diabetes e hipertensão arterial, frequentes em pacientes com Covid-19. A obesidade também pode aumentar significativamente o risco de doença arterial coronariana (doença cardíaca).
As pessoas com obesidade, portanto, fazem parte do grupo de risco do novo coronavírus, e têm gerado muita preocupação na comunidade médica. Segundo o Obesity Reviews, os dados coletados nos Estados Unidos durante o primeiro semestre da pandemia mostram que a doença aumenta em 113% o risco de internação pela Covid-19.
Um estudo publicado pela Federação Mundial de Obesidade mostra que o risco de morte por Covid-19 é dez vezes maior nos países onde o excesso de peso atinge a maioria da população. No Brasil, por exemplo, metade da população está acima do peso considerado normal.
Na pesquisa realizada para esta reportagem, apenas 17,8% das pessoas responderam que estão obesas. Ao ser questionada, Sara Andreza, de 23 anos, falou sobre os hábitos saudáveis na pandemia. “Pioraram muito, só estou comendo, dormindo e trabalhando em home office, sem fazer exercício”.
Com a chegada da pandemia em 2020, o mercado delivery teve um aumento muito significativo no consumo brasileiro. Os números de usuários aumentaram 155% no início da pandemia, quando a estimativa para o período era de 30% apenas. O aumento nos pedidos seguiu de perto o crescimento do usuário, atingindo um aumento significativo de 975%. O delivery é um destaque no mercado econômico brasileiro, já que o país foi responsável por quase metade dos números do delivery da América Latina, o que significa 48,77%, segundo o levantamento da Statista.
De acordo com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), em conjunto com a USP, houve um aumento nos pedidos por frutas, verduras e feijão, indo de 40,2% para 44,6%, o que propõe que delivery pode ajudar na mudança de hábitos alimentares e na saúde de muitos brasileiros.
Mas o delivery pode contribuir também com a obesidade, já que nas plataformas 92% das empresas oferecem itens pouco saudáveis. Sara Andreza também aponta para a dificuldade de encontrar opções saudáveis nos aplicativos de entrega: “É bem difícil pedir um prato equilibrado nas plataformas, mas geralmente na opção mercado a gente pode achar algo mais saudável”, ressalta.
Na pandemia, a obesidade não é a principal preocupação em questão da saúde, mas é algo que pode agravar o paciente que está internado com Covid-19 e é um dos temas a serem discutidos como um dos cuidados durante o isolamento.