Andy Warhol: muito além dos 15 minutos de fama

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Renata Carlini

»»»Andy Warhol explorou a arte em diferentes formatos, desde escrita e pintura até cinema e fotografia. Tudo começou, no entanto, quando, aos oito anos, descobriu ser portador de um distúrbio neurológico raro que o obrigou a passar meses de cama. Foi nessa mesma época que sua mãe, também artista, deu-lhe as primeiras aulas de desenho.

Além da pintura, ele foi o produtor de mais de sessenta filmes experimentais – dentre os mais famosos estão Sleep, que mostra o poeta John Giorno dormindo por seis horas, e Eat, que mostra um homem comendo por 45 minutos. Warhol também publicou três livros, apresentou programas de televisão e foi o financiador e mentor intelectual da banda The Velvet Underground.
Foi, também, o autor da icônica frase “In the future, everyone will be famous for fifteen minutes” (no futuro, todos serão famosos por quinze minutos). Diante do atual contexto da cultura de celebridades, muitos acreditam que ele foi profético. “Não foi um precursor, mas foi talvez um dos primeiros a pensar isso”, pondera Tiago Mesquita, professor de história da arte da Fiam-Faam e crítico de arte. Mesquita ressalta também a complexidade da personalidade do artista. “O Warhol tem uma ambiguidade profunda porque começou a carreira como artista comercial, era desenhista de capa de disco, ilustrador de revista”, completa.
Seu primeiro trabalho a se tornar mundialmente famoso foi o desenho para as latas de sopa Campbell’s. Outros trabalhos notáveis foram as pinturas de celebridades como Marylin Monroe e Elizabeth Taylor, em cores vívidas e exuberantes.
Seu retrato “Eight Elvises” foi revendido por US$ 100 milhões em 2008, tornando-se uma das pinturas mais valiosas da história. Para alguns, no entanto, Warhol não passava de um marqueteiro que ficou famoso pelas ilustrações feitas para grandes marcas. Mesquita discorda e vê um artista com legados importantes não só para a pintura, mas também para o cinema, a música e outras artes. “No caso dele, o que é novo em sua obra não é a criação do novo propriamente dita. É a criação do mesmo. O que diferencia uma obra da outra é como esse mesmo reaparece, como ele é seriado e ordenado”, afirma Mesquita.

Independentemente da opinião que se possa ter dele, artista ou publicitário, é inegável que a fama de Andy Warhol durou – e ainda dura – muito mais do que quinze minutos.
Em 1994 foi inaugurado o The Andy Warhol Museum, em Pittsburgh, nos Estados Unidos, onde estão expostos os principais trabalhos do artista, incluindo novecentas pinturas, aproximadamente cem esculturas e 4.000 fotografias de sua autoria.

Trajetória
Nascido no dia 6 de agosto de 1928, em Pittsburgh, Andy Warhol foi um dos principais artistas da década de 1960. Logo após  se formar em design no Instituto de Tecnologia de Carnegie, mudou-se para Nova York e começou a trabalhar como ilustrador de importantes revistas, como Vogue, Harper’s Bazaar e The New Yorker, além de fazer anúncios publicitários e displays para vitrines de lojas. Foi nessa época que começou a se tornar um artista gráfico de sucesso, ganhando diversos prêmios como diretor de arte.
Abriu seu próprio estúdio em 1964 e o apelidou de “The Factory” (A fábrica). Em seguida, publicou seu primeiro livro, Andy Warhol’s Index, em 1967. Em 1968, no entanto, sua carreira – e vida – quase acabou, quando foi baleado por Valerie Solanis, uma escritora feminista radical. Valerie apareceu em um dos filmes de Warhol e estaria decepcionada por ele ter se recusado a usar um roteiro que ela havia escrito. Warhol passou semanas no hospital até se recuperar.
Em 22 de fevereiro de 1987, Andy Warhol faleceu devido a complicações na recuperação de uma cirurgia na vesícula biliar, mas seu legado continua influenciando artistas ao redor do mundo todo. “Andy Warhol permanece não só como um ícone cultural fascinante, mas uma inspiração para as novas gerações de artistas, curadores, cinegrafistas, designers e inovadores culturais ao redor do mundo”, diz texto da The Andy Warhol Foundation.