Bianca de Mattos (2º semestre)
O Hotel Unique, situado no sofisticado Jardim Paulista em São Paulo, é uma manifestação contemporânea de arte e design, que desafia as normas estéticas e dialoga profundamente com a urbanidade de sua localização. Concebido pelo prestigiado arquiteto Ruy Ohtake, o projeto transcende a ideia tradicional de um hotel, transformando-se em um verdadeiro ícone da arquitetura brasileira, cujas formas e materiais exaltam a singularidade e a ousadia. A estrutura externa, que se assemelha a uma meia-lua ou mesmo ao casco de um navio, é tão enigmática quanto fascinante, capturando o olhar dos passantes e suscitando uma sensação de admiração perante sua monumentalidade.
Ohtake empregou com maestria uma combinação de curvas dramáticas e planos retos que, juntos, desafiam o equilíbrio visual. A fachada revestida em placas de cobre – material que, com o passar do tempo, adquire uma pátina esverdeada que altera sua aparência – foi estrategicamente escolhida para dialogar com as transformações da cidade e do tempo, como se o edifício estivesse em constante mutação, reagindo e interagindo com o ambiente que o cerca. De acordo com o portal de referência ArchDaily, Ohtake explica que seu propósito foi criar uma construção “escultórica”, onde cada detalhe serve para elevar o visitante a uma experiência estética profunda, em que a arquitetura é, ao mesmo tempo, protagonista e pano de fundo.
As grandes aberturas circulares ao longo das laterais – popularmente apelidadas de “janelões” – são outro elemento marcante, evocando a ideia de escotilhas de um navio. Mas além de seu apelo visual, essas aberturas são posicionadas de maneira precisa para permitir a entrada abundante de luz natural, modulada ao longo do dia de modo a criar diferentes atmosferas nos espaços internos, cada um convidando o hóspede a uma percepção diferente do espaço. Esse equilíbrio entre forma e função reflete uma busca pelo perfeito alinhamento entre estética e propósito, onde cada escolha arquitetônica foi feita para aprimorar a experiência sensorial de quem ocupa o espaço.
No topo, o rooftop Skye oferece não apenas uma vista deslumbrante do horizonte de São Paulo e do Parque do Ibirapuera, mas também uma ampliação da própria filosofia arquitetônica do hotel. Com uma piscina vermelha emblemática e um ambiente que mistura o urbano com o sofisticado, o Skye consagra o Unique como mais do que um edifício, mas uma plataforma de interação com a cidade, onde hóspedes e visitantes se veem em um espaço de contemplação e convergência cultural. Esse ponto culminante reforça a visão de Ohtake sobre a integração da arquitetura com a paisagem, um convite para olhar São Paulo de maneira diferente e apreciar a beleza urbana de uma metrópole pulsante.
O Hotel Unique, portanto, não é apenas um local de hospedagem, mas um marco arquitetônico e cultural que redefine o papel dos edifícios na metrópole. Suas linhas incomuns, materiais que “respiram” e ambientes cuidadosamente projetados simbolizam a alma da arquitetura moderna brasileira: desafiadora, expressiva e intrinsecamente conectada ao seu entorno.