No pós-covid, controlar ansiedade e uso de eletrônicos é desafio

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Texto e Foto: Sophia Prates – 1° semestre

 

O livro recém-publicado e já best seller A Geração Ansiosa, do psicólogo Jonathan Haidt, fala sobre o colapso da saúde mental entre os jovens e debate sobre uma infância mais saudável na nova geração. O livro de Haidt defende o processo de crescimento livre de telas e relaciona o declínio da saúde mental entre os adolescentes com os efeitos dos eletrônicos no cotidiano. A equipe do Portal saiu em busca de depoimentos sobre uso de eletrônicos por crianças e jovens:

“Ele já demonstrava muita ansiedade e percebi que na pandemia piorou bastante, porque não tinha a possibilidade de sair de casa e fora os trabalhos escolares não havia muito o que se fazer”, diz Vanessa referindo-se a Matheus Poli, filho de 15 anos. 

Segundo Vanessa, o filho utiliza o celular por quase 12 horas por dia: “a escola em que estuda não utiliza material didático e sim uma plataforma digital que é acessada todos os dias enquanto permanece lá.  Em casa, utiliza o celular praticamente o restante do dia, até o momento de dormir, seja para vídeos, Tik Tok ou jogar, exceto em alguns momentos em que vai à academia. Ainda hoje, controlar a ansiedade e o tempo de uso dos eletrônicos tem sido bem difícil”, conclui. 

Efeito pandemia

“A minha ansiedade piorou muito com a pandemia, as redes sociais tiveram um papel muito grande nisso. A cultura de vídeos de 30 segundos aceleraram a minha cabeça de uma forma sem precedentes, isso abriu muito espaço para os pensamentos intrusivos e comparação corporal”, diz Bianca Mattos, jovem de 18 anos, que sofre com ansiedade e problemas com relação ao celular. 

Segundo ela, a convivência com as consequências do dia-a-dia com as redes sociais a tornou muito mais insegura, com constantes dúvidas e falta de foco em situações importantes: “eu acho que me deixou muito mais triste, com essa comparação constante eu nunca mais consegui me sentir completa”, finaliza Bianca. 

Opinião profissional

“Na fase da juventude, o uso excessivo da tecnologia afeta o desenvolvimento e faz perder outras experiências sociais importantes. Em relação ao cenário pandêmico, o uso das tecnologias aumentou eminentemente”, diz Karoline Rangel sobre o uso dos celulares em um público jovem.  

A psicóloga destaca também o aumento do consumo de telas ofertado pelas escolas, esses hábitos se tornaram mais recorrentes a partir do isolamento social e acarretam em problemas que requerem tratamento com medicamentos e psiquiatras. “Temos que nos atentar a essas questões e compreender que a dependência pode acarretar em uma série de conflitos emocionais, psicológicos e físicos”, relata Karoline.