Investimento esportivo cria abismos entre Brasil e Estados Unidos

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Brasileiros encaram oportunidade por meio de bolsas esportivas nos EUA. Foto: Arquivo Pessoal

A estrutura é peça essencial do esporte. No Brasil, a carência – ou ausência total, em algumas regiões – de apoio aos profissionais vem se traduzindo em resultados: longe de ser uma potência olímpica, o País enfrenta dificuldades para formar atletas competitivos. Os resultados acumulados nos Jogos Olímpicos são um bom indicador – em 2012, os brasileiros ficaram na vigésima segunda posição, com somente três medalhas de ouro. Os Estados Unidos ostentam tradição no esporte, e não é por acaso. São 38 medalhas de ouro só na última Olímpiada, mais do que as 23 que o Brasil conquistou em toda sua história. Uma das principais diferenças entre os países está em um importante espaço de formação de novos atletas: o esporte universitário.

No Brasil, a responsável por esse segmento é a Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU), que organiza, com dificuldade, a Universíada (Olímpiada Universitária Brasileira). As grandes bolsas esportivas são dadas por instituições como Universidade Presbiteriana Mackenzie e Universidade Anhembi Morumbi.

Segundo a estudante Isabella Quarterone, jogadora de vôlei da Mackenzie, a estrutura que a universidade propõe não é capaz de produzir atletas de nível profissional. “Muitos acabam jogando pela faculdade que fazem, mas é difícil alcançar nível profissional, que o diga olímpico. Para os que querem isso, o jeito é procurar treino em outros clubes”. A atleta criticou, ainda, o planejamento das faculdades: “Elas treinam para os campeonatos universitários, que nem sempre têm atletas de alto nível. Com isso, acabam se acomodando um pouco e não há tanta ‘exigência’. Para atingir nível profissional, os atletas treinam a semana toda. Nós treinamos apenas duas vezes por semana”, afirmou.

A ida de brasileiros ao exterior para se desenvolver e ter mais oportunidades no esporte é comum. É o que mostra a empresa “Daquiprafora”, maior programa de intercâmbio de jovens da América do Sul. Desde 2001, mais de 1,5 mil jovens foram orientados, totalizando aproximadamente US$ 65 milhões em bolsas obtidas. “A estrutura é fantástica. Chegando aqui, temos toda uma infraestrutura. Temos o acompanhamento de psicólogos e fisioterapeutas, fora todo o material esportivo que ganhamos’’, disse Giovani Monteiro, tenista de 20 anos do North Georgia College.

A responsável pela organização do esporte universitário estadunidense, NCAA (National College Athletic Association), investe alto. A transmissão de muitos de seus jogos é feita pelos canais ESPN, para o mundo todo. Atletas como Michael Jordan, Michael Phelps, Lebron James, Peyton Manning, entre outros, são oriundos desse tipo de política de incentivo.

Para Caio Poitena, 20 anos, tenista da Webber State University, a estrutura faz a diferença na formação do futuro atleta. “Aqui, as faculdades levam muito a sério os esportes dentro da faculdade. Há estrutura para treino, preparador físico, técnico, fisioterapeuta e massagista”, alega. “Convivemos com atletas do mundo inteiro. O investimento é alto.”

Nicholas Devezas (1º semestre)