O francês Hércules Florence foi o pioneiro da fotografia no Brasil

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Conheça nesse foto-áudio reportagem transmídia realizado por Fernanda Baddini e Juliana Nobrega, estudantes do 2º semestre do Curso de Jornalismo da ESPM-SP para a disciplina Fotojornalismo, sobre Hércules Florence, o pioneiro da fotografia no Brasil.
A fotografia é a composição de várias observações e inventos, ocorridos em momentos distintos de agitação cultural. A primeira descoberta importante para a gravação da imagem foi a câmera obscura, princípio básico da máquina fotográfica. O orifício da câmera obscura, quando diante de um objeto, deixa passar para o interior dela alguns raios que irão se projetar na parede branca
Nos séculos seguintes, a câmera obscura se torna comum entre vários povos. Na Europa, era utilizada para as observações de eclipses solares sem prejudicar os olhos, e, a partir desse momento, vários estudiosos, pesquisadores e curiosos, contribuíram para o aperfeiçoamento da câmera obscura.
Na época do Renascimento, no século XVI Leonardo da Vinci e principalmente Giovanni Batista Della Porta, descreviam a câmera obscura como objeto auxiliar para o desenho.
Hercules Florence é um dos nomes que contribuiu para a invenção da fotografia.
Hércules nasceu no dia 29 de fevereiro de 1804, na cidade de Nice, no sul da França. Desembarcou no Rio de Janeiro, em maio de 1824. Sem conhecer o idioma local, trabalhou em uma loja de tecidos; em seguida, conseguiu emprego na livraria e tipografia de Pierre Plancher. Foi nessa livraria que soube, por meio de um anúncio, de uma expedição científica que precisava de desenhistas para fazer a documentação da viagem. Essa expedição ficou conhecida como Expedição Langsdorff.
Durante a sua viagem, fez algumas observações sobre os sons emitidos pelos animais. Procurou mostrar que cada espécie tem uma voz diferente e que mudam os sons à medida que seu habitat muda. Na volta dessa expedição, no mês de janeiro de 1830, Hércules Florence se casou com Maria Angélica e mudou para Campinas. As dificuldades encontradas por Hércules para publicação de seus estudos, fizeram com que, entre 1832 e 1836, pesquisasse uma forma alternativa e econômica de impressão pela luz do sol.
Com essa pesquisa, obteve uma série de exemplares de papel fotossensível, sensibilizado por sais de prata. Para isso, utilizou o princípio da câmera obscura, aplicado a um processo que chamou de “photographie”. Maria Angélica, primeira esposa de Florence, ajudou-o a compor a palavra fotografia e deu várias e preciosas informações sobre o uso do nitrato de prata em suas pesquisas.
Utilizava-se da técnica na qual desenhava ou escrevia no vidro para poder imprimir na prancha, usando de luz solar, cloreto de prata ou ouro como se fossem a tinta para impressão. O resultado aproximava-se muito do que chamamos de fotografia, principalmente quando fez uso da câmara obscura.
Florence, durante toda sua vida no Brasil, desenvolveu várias pesquisas e inventos. Entre eles, a criação do Papel Inimitável, que hoje conhecemos como marca d’água. Além disso, deixou várias outras descobertas que contribuíram para o enriquecimento das artes visuais no Brasil.
Florence tinha plena consciência de que suas pesquisas poderiam levá-lo ao reconhecimento como inventor. Fez a divulgação de seus estudos por meio do jornal O Pharol Paulistano e Jornal do Commércio do Rio de Janeiro, porem sem obter êxito e o reconhecimento esperado.
Por várias vezes Hércules registrou seu lamento por não ver seus inventos reconhecidos pelo mundo. Embora tenha pesquisado e trabalhado em vários projetos, ele jamais conseguiu sequer reconhecimento por um único enquanto estava vivo.
Posteriormente, suas pesquisas o tornaram um dos grandes inventores do século XVIII, juntamente com o “Padre Voador” Bartolomeu Lourenço Gusmão (Aerostação), Alberto Santos Dumont (Aviação) e Padre Roberto Landell de Moura (transmissão radiofônica), que antecederam a outros pesquisadores, não tendo seus inventos reconhecidos pelos meios científicos e culturais.
Hércules Florence permaneceu no Brasil por 55 anos, quase toda sua vida, ausentando-se pouquíssimas vezes da Vila de São Carlos
Faleceu no dia 27 de março de 1879 na cidade de Campinas. Seu corpo foi sepultado na quadra 14, do cemitério da Saudade.
A genialidade e a criatividade de Hércules Florence é inegável, suas experiências e seu interesse pelas artes são inquestionáveis. Mantinha vasta correspondência com eminentes personalidades brasileiras e estrangeiras, participou de uma das mais importantes expedições que percorreu o Brasil, tinha amigos ligados à imprensa, relacionava-se frequentemente com pesquisadores e cientistas mundialmente conhecidos.

Hercules Florence – pioneiro da fotografia no Brasil (Source) from ESPM on Vimeo.